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Ex-CEO da Pimco alerta o Fed após payroll surpreendente: ‘A inflação não está morta’

Números do payroll divulgados nesta sexta-feira superaram em muito as estimativas

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Mohamed El-Erian, conselheiro econômico, durante programa da FOX Business Network em 2016. Foto: Rob Kim/Getty Images

O Federal Reserve precisa renovar seu foco na luta contra a alta de preços nos EUA, depois de dados do mercado de trabalho surpreendentemente fortes que serviram de lembrete de que “a inflação não está morta”, disse o renomado economista e investidor Mohamed El-Erian.

Ex-CEO da gigante de investimentos Pimco, El-Erian é presidente do renomado Queen’s College, da Universidade de Cambridge. É também o conselheiro econômico chefe da Allianz.

O especialista fez os comentários após a divulgação do relatório sobre geração de emprego conhecido como “payroll”, em alusão às folhas de pagamento das empresas. Os números divulgados nesta sexta-feira superaram em muito as estimativas, e fizeram disparar os rendimentos que os investidores exigem para deter títulos do Tesouro americano. Foram 254.000 novos postos de trabalho em setembro, o maior número em seis meses.

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“Este não é apenas um mercado de trabalho sólido, mas se você apenas levar em consideração os números, é um mercado de trabalho forte no final do ciclo”, disse El-Erian, em entrevista à TV Bloomberg.

“Para o Fed, isso significa resistir muito mais fortemente à pressão dos mercados para enquadrá-lo em um mandato único”, acrescentou, em referência ao mandato duplo do banco central americano de conter a inflação, mas também manter o mercado de trabalho saudável. “Chega dessa conversa de que o Fed só deve se preocupar com o pleno emprego.”

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Os investidores no mercado de juros futuros americano rapidamente cortaram suas apostas de uma flexibilização mais acentuada da política monetária do Fed em novembro e dezembro após o relatório. Os dados também mostraram que a taxa de desemprego caiu inesperadamente para 4,1%, enquanto o crescimento anual dos salários subiu para 4%.

O mercado agora precifica pouco mais de 50 pontos-base de cortes de juros até o fim do ano, ante mais de 60 na quinta-feira. A taxa sobre o treasury de dois anos chegou a saltar quase 17 pontos-base, para 3,87%.

“Para os mercados, isso está empurrando para trás expectativas excessivamente agressivas de cortes de juros pelo Fed”, disse El-Erian, que também é colunista da Bloomberg Opinion. “Isso deixará o mercado mais próximo do que é provável” que aconteça.

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