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Fora do Ibovespa, ação de IRB subiu quase 40% nos primeiros pregões de 2023

Apesar da alta, especialistas não vislumbram uma recuperação total no curto prazo.

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Apesar do tombo entre a cotação de mais de R$ 40 em janeiro de 2020 e o valor de pouco mais de R$ 1 agora, a ação da resseguradora IRB Brasil (IRBR3) vem disparando neste começo de 2023. Até o fechamento desta quarta-feira (11), o papel já acumula alta de 39,53% no ano, negociada a R$ 1,20.

A alta de IRB na bolsa de valores vem após a ação ter saído da lista de ativos do Ibovespa no início do mês. Para especialistas, a expectativa de um balanço com resultados mais positivos do que o esperado por agentes do mercado e o recente grupamento de ações são as principais razões da elevação do papel neste ano até agora. 

O analista Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, comenta que após a empresa divulgar lucro líquido de R$ 6,4 milhões em outubro, revertendo prejuízo de R$ 84,8 milhões um ano antes, foi um fator impulsionador para a ação.

“A empresa teve lucro, então deixou os investidores mais animados. E a especulação de resultado bom fez subir antes e fez subir depois [da divulgação] também”

Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos.

Mas, apesar do lucro de outubro, no acumulado de 2022, até o 3º trimestre, a resseguradora ainda exibia prejuízo líquido de R$ 585,2 milhões, maior do que o prejuízo de R$ 396,6 milhões registrado no mesmo período de 2021.

Em outra linha, Daniel Amaro, head de alocação da matriz da InvestSmart XP, comenta que a aprovação da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), em dezembro, para deliberar o grupamento de ações da empresa na proporção de 30 para 1, sem alteração de capital, é um fator positivo.

Trata-se da redução da quantidade de ações em circulação e um aumento no preço das mesmas. Portanto, “esse fato é positivo porque reduz a especulação e a volatilidade dos papéis que hoje estão sendo negociados a R$1,20″. 

Ele ainda acrescenta que “o que foi visto nesses primeiros pregões do ano foi uma intensa volatilidade pelas questões políticas na primeira semana, que foram apaziguadas nos últimos dias”.

IRBR3 vale a pena?

Cohen, da Escola de Investimentos, diz que o IRB Brasil está em um momento de mudança de CEO e ainda sofre com uma grande sinistralidade que precisa desembolsar. “É difícil pensar num percentual de alta para o IRB”. 

Além disso, ele acrescenta que não recomendaria a ação de IRB por não se adequar ao seu perfil de investidor. Segundo Cohen, no valor que o ativo está, ele se torna uma “penny stock“, que é mais interessante para investidores “mais arrojados, que têm mais tempo para acompanhar”.

Para Amaro, da InvestSmart XP, “IRBR3 ainda se encontra em um momento bastante delicado e não é possível afirmar uma recuperação de curto prazo“. Ele adiciona que “mesmo com esse movimento altista na primeira quinzena do ano, o papel possui preço alvo de R$ 1,40 pela casa de Research Eleven, cerca de 15% sobre o preço atual de fechamento”. 

Por último, Amaro menciona que os próximos balanços financeiros a serem divulgados pela empresa vão ser essenciais para os investidores tomarem decisões.

A partir dos resultados completos de 2022, “conseguiremos ver se de fato as mudanças estruturais na empresa e na recuperação pós-2020 [ano de escândalo contábil] estão surtindo efeitos… Com cenário econômico bem turbulento, a empresa ainda pode sofrer em 2023″, conclui. 

IRB Brasil: a pior do Ibovespa em 2022

A resseguradora IRB Brasil negocia sua ações na bolsa com o código IRBR3

No ano passado, a ação do IRBR3 registrou o pior desempenho entre os ativos que fizeram parte do Ibovespa, com desvalorização de 78,61%.

Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research, afirma que, antes da crise que abalou a confiança dos investidores e fez a ação despencar, a empresa parecia muito boa.

Até que, em 2020, a gestora de recursos Squadra apontou irregularidades contábeis no IRB Brasil, o que, combinado com outros eventos, levou a uma reestruturação na administração.

Amaro, da InvestSmart XP, menciona que o escândalo contábil do IRB Brasil e a falsa notícia de que Warren Buffett e a gigantesca Berkshire Hathaway teriam comprado parte foram dois fatores que levaram à descrença dos investidores nos papéis. 

“A empresa, em 2019, era considerada por muitos analistas como uma das queridinhas da bolsa de valores, com precificação bem acima dos seus pares nacionais e internacionais em uma ótica de preço e lucro”, pontua. 

*Com informações da Reuters. 

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