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Finanças

Veja as 10 melhores e piores ações do Ibovespa em 2022

Cielo teve o melhor desempenho do ano, disparando 140,2%, enquanto IRB derreteu 78,61%, registrando a pior desvalorização.

A ação da Cielo  (CIEL3) fechou 2022 com o melhor desempenho do Ibovespa. O papel disparou 140,20% no ano, contra 4,69% do principal indicador da B3. Por outro lado, a ação do IRB Brasil (IRBR3) registrou o pior desempenho neste ano entre os ativos que fazem parte do índice, com desvalorização de 78,61%.

Confira a seguir as ações que compõem o Ibovespa que mais subiram e as que mais caíram neste ano.

Maiores valorizações

Cielo

A ação da companhia mais do que dobrou de valor e registrou o melhor desempenho do Ibovespa em 2022, ano que foi marcado por uma transformação na maior empresa de meios de pagamentos no país.

No começo de dezembro, o banco UBS BB elevou a recomendação para os ativos da Cielo de neutra para compra, com o preço-alvo em doze meses passando de R$ 4,50 para R$ 7.  

Também em dezembro, o BTG Pactual reiterou a compra da ação da Cielo, com preço-alvo de R$ 7. De acordo com o banco, este ano foi marcado por uma reviravolta para a empresa, com o lucro por ação subindo mais de 50% no decorrer de 2022 com relação às expectatiavas do mercado. 

O banco alertou, no entanto, que a empresa está avançando na nova fase de transformação digital e operacional, o que pode causar um aumento de despesas.

No terceiro trimestre, a Cielo reportou lucro líquido recorrente de R$ 421,7 milhões, 99,9% maior do que a reportado no mesmo período de 2021.

Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos, avalia que a Cielo teve um bom desempenho no ano de 2022, mesmo desacelerando, por causa da produção de caixa e desinvestimentos em ativos de risco.

“O mercado entendeu que a empresa está desalavancando o risco e mantendo um padrão de caixa. E como a Cielo estava descontada por causa da covid, a compra do papel foi mais neste sentido”, explica Lage.

Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research, também avalia que a empresa teve um desempenho operacional bom neste ano, com boa melhora em seu resultado. O especialista lembra que, apesar de a companhia, que no passado operava com pouca competição e passou a ter margem amassada com a chegada da Stone (STCO31) e PagSeguro (PAGS34), ter sofrido bastante, começou a se recuperar, e as ações também. 

“A Cielo passou pelo seu momento, digamos, de mega crise e agora conseguiu contra-atacar”, destaca o sócio-fundador da Nord Research.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura, destaca como os principais pontos positivos da companhia em 2022 que geraram forte recuperação para os preços do papel: demonstração algumas mudanças importantes no início do ano, como a aposta e expansão de produtos com maior potencial de rentabilidade; foco em contenção de custos e em seu negócio principal, que é o de pagamentos e priorização de clientes mais rentáveis.

PRIO

O papel da PRIO (PRIO3) teve a segunda maior valorização do Ibovespa em 2022. O ativo fechou o ano com ganho de 80,02%.

Barbosa explica que a empresa já vem com um crescimento de volume de produção muito forte há bastante tempo e que neste ano não foi diferente. Ele destaca que entrou um aumento de  produção no Campo de Frade de 45% nos resultados do terceiro trimestre e, assim, o resultado da companhia melhorou, e as ações seguiram os bons números. 

 Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos, aponta que os principais destaques da empresa neste ano, que colaboraram para o bom desempenho das ações, foram: aumento do preço do barril de petróleo do tipo brent no spot e nos contratos futuros; redução do custo de extração de US$ 11,8/barril para US$ 9,5/barril, devido ao aumento de produção e racionalização de custos e aprovação da aquisição de 90% do Campo de Albacora Leste, com potencial de 354 milhões de barris de petróleo de acordo com o certificado de reserva 2P de primeiro de janeiro de 2022, representando um aumento de 123% em reservas de petróleo da companhia.

No terceiro trimestre deste ano, a PRIO lucrou US$ 153,7, alta de 542 % em relação ao reportado no mesmo período de 2021.

BB Seguridade

A ação da BB Seguridade (BBSE3) fechou o ano de 2022 como o terceiro papel que mais valorizou entre os ativos que compõem o Ibovespa, com ganho de 74,88%.

Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos, aponta que a ação da empresa apresentou bom desempenho em  2022 por ter tido receitas elevadas (causada em parte pela taxa de juros alta), boa gestão da sinistralidade nos segmentos de seguros e crescimento nas contribuições para a previdência.

Barbosa explica que a sinistralidade da companhia estava bem alta, por causa da pandemia de covid-19, além do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) elevado, que descasou as tarifas da empresa, mas, segundo o sócio da Nord Research, com o resultado financeiro crescendo bem, e sinistralidade melhorando um pouco, o resultado da companhia foi bom, e as ações ganharam força. 

No terceiro trimestre, a seguradora lucrou R$ 1,652 bilhão, um crescimento de 69,3% na comparação com o mesmo período de 2021.

Em meio a este cenário, Lage destaca que pelo fato de a empresa ter ficado com os patamares muito baixos, prejudicada pelos reflexos da pandemia de covid-19, as ações da empresa acabaram ficando baratas e, com isso, o mercado precificou que valeria a pena comprar os papéis.

Maiores quedas

IRB Brasil

Diferentemente da Cielo, a ação do IRB Brasil foi em sentido oposto, sendo o papel com o pior desempenho do Ibovespa neste ano. A ação da resseguradora caiu 78,61%.

Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Research, explica que a empresa parecia ser muito boa, mas a crise que abalou a confiança na companhia fez as ações da empresas despencarem. Em 2020, a gestora de recursos Squadra apontou irregularidades contábeis no IRB, o que, combinado com outros eventos, levou a uma reestruturação na administração.

“Recentemente, a companhia estava tentando arrumar o balanço, mas descobriram um ‘buraco’, precisavam emitir mais capital, pois tiveram sinistros maiores, por quebra de safra no sul. Ações foram emitidas e elas despencaram. Já estavam caindo e caíram mais ainda, começando a ser negociadas abaixo de R$ 1. A empresa ainda está se recuperando da fraude”, diz Barbosa.

Na mesma linha, Gabriel Gracia, analista da Guide Investimentos, destaca que prejuízos sucessivos nos últimos trimestres, insuficiência das provisões técnicas e alta sinistralidade por um longo período acabaram prejudicando os papéis da empresa em 2022.

Neste ano, acionistas da companhia aprovaram o grupamento de ações na proporção de 30 para 1, que será efetivado em 25 de janeiro. Em setembro, a fim de atender a requisitos regulatórios, o IRB realizou uma oferta de ações a R$ 1 por papel, levantando R$ 1,2 bilhão. O follow-on saiu com um desconto de 28,5% sobre a cotação de fechamento do dia da operação.

O IRB anunciou ainda planos para concluir a venda de sua sede no Rio de Janeiro, por R$ 85 milhões, e um acordo extrajudicial com a Casashopping envolvendo o recebimento de R$ 100 milhões.

Em meio à sinistralidade maior do que as expectativas no segmento rural devido por causa dos efeitos climáticos no país, o prejuízo do IRB BRasil no terceiro trimestre dobrou em relação ao mesmo período de 2021. No segundo trimestre, a empresa também havia reportado uma alta na perda líquida. Assim, receios com o risco de a empresa precisar de mais capital voltaram a ganhar força.

Americanas

O papel da varejista registrou neste ano o segundo pior desempenho do Ibovespa. A ação da Americanas (AMER3) encerrou 2022 com desvalorização de 68,76%.

Este ano foi marcado pela elevação da taxa básica de juros no país, que teve o ciclo de alta encerrado somente na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, mantendo o patamar dos 13,75% ao ano até a última reunião do ano.

Barbosa explica que os juros subindo bastante tira o poder de compra do consumidor e, consequentemente, impacta, por exemplo, o varejo e as ações de empresas do setor listada em bolsa de valores, como foi o caso da Americanas.

Já Rodrigo Fraga, analista da Guide Investimentos, destaca que, em virtude dos resultados mais fracos no terceiro trimestre, a Americanas ficou bem para trás se comparada aos seu pares na B3, pois, de acordo com o analista, houve alguns erros de estratégia da empresa no terceiro trimestre, que acabaram fazendo com que a companhia perdesse vendas, principalmente, no segmento de varejo online, impactando negativamente no balanço da empresa. 

Fraga avalia que, para 2023, a empresa continua altamente endividada, está alavancada e que o novo CEO da companhia terá um trabalho bastante desafiador neste próximo ano, que é retomar a credibilidade da empresa junto aos investidores.

“A empresa também tem que acertar a estratégia, ajustar o mix de vendas e estratégia de precificação. Isso tudo terá que ser bem trabalhado, principalmente em um ambiente macroeconômico que vai ser bem pesado para as companhias do varejo online. Vai ser um ano bem difícil para o papel, para o setor como um todo, mas para a Americanas em especifico, pois tem muita questão ancorada no viés de que os resultados estão vindo ruins com erro de estratégia”, diz o analista da Guide Investimentos.

BRF

A ação da BRF (BRFS3) teve o sexto pior desempenho do Ibovespa em 2022. O papel desvalorizou 63,23%.

Bruna Sene, da Nova Futura, explica que a companhia sofreu, principalmente, com a pressão nas margens este ano, devido à alta dos preços no mercado de grãos, o que eleva os custos da companhia.

“No primeiro trimestre do ano reportou um dos piores resultados da história da empresa, e teve dificuldade de recuperação nos trimestres seguintes. Alta da inflação global e alta nos custos potencializados pelo conflito ente Rússia e Ucrânia, além das vendas abaixo do esperado, sobrecarregaram estoques e toda a cadeia produtiva da companhia, com impactos negativos nos preços da ação ao longo do ano”, destaca Sene.

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