Finanças
Fundos brasileiros apostam contra o peso colombiano
Moeda desvalorizou 10% apenas nos últimos 30 dias.
Nenhuma moeda foi mais atingida do que o peso colombiano no último mês, e os fundos multimercado brasileiros têm parte da culpa.
Do Rio de Janeiro a São Paulo, gestores têm apostado em posições vendidas no peso colombiano, que ganham com a depreciação da moeda. Traders apontam para problemas crescentes no país vizinho e projetam que os déficits fiscais e em conta corrente deixarão a Colômbia ainda mais vulnerável a uma desaceleração global.
“A Colômbia tem fundamentos fracos”, disse Guilherme Lemos, gestor responsável por América Latina dos multimercados da XP Asset Management, que montou uma posição vendida em peso colombiano frente ao dólar há cerca de dois meses. “A moeda deve continuar a se enfraquecer nos próximos meses.”
O peso se desvalorizou 10% apenas nos últimos 30 dias, o pior desempenho entre as principais moedas, e Lemos ampliou sua posição recentemente. O gestor está atento aos recentes “sinais dovish” das autoridades monetárias no país, mesmo com a surpreendente persistência da inflação.
A Kapitalo Investimentos, que tem mais de R$ 26 bilhões sob gestão, disse a clientes no início do mês que seu principal fundo aumentou a posição vendida na moeda colombiana. E a JGP Asset Management destacou que as posições compradas em dólar contra uma cesta de moedas, incluindo o peso colombiano, ajudaram a elevar os retornos em setembro.
Fundos locais também têm embarcado em trades relativos, como posições compradas em real contra pares regionais como o peso.
“Dessa forma, você fica ‘risk neutral’ e consegue equilibrar o portfólio com histórias idiossincráticas interessantes”, disse Sergio Zanini, sócio da Galapagos Capital.
Investidores têm punido os ativos da Colômbia desde a eleição do presidente de esquerda Gustavo Petro, que prometeu suspender novos projetos de exploração de petróleo e cogitou medidas como emitir dívida para comprar terras para pessoas de baixa renda.
Os rendimentos dos títulos de referência estão no nível mais alto em quase duas décadas, e as notas colombianas perderam quase 24% em dólares desde que Petro foi eleito em junho, quatro vezes a média dos mercados emergentes no período. O peso colombiano acumula queda de 20% desde então.
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