Finanças
Futuro tranquilo: 5 opções para investir na aposentadoria
Conheça os investimentos mais indicados por especialistas para obter uma renda sem depender apenas do INSS.
Julio tem 38 anos, trabalha como engenheiro de produção em Brasília e já escolhe seus investimentos pensando em fazer seu “pé de meia” para a aposentadoria. Ele quer acumular um patrimônio de R$ 4 milhões a R$ 6 milhões em até 15 anos. Ou até antes disso. Se conseguir, pretende ter um futuro mais tranquilo e receber uma renda mensal fruto desse valor.
“Depender só do INSS é uma irresponsabilidade. Para mim, aposentadoria significa mais do que parar de trabalhar. É realizar sonhos maiores que requerem maturação”, conta o candidato a aposentado.
Para alcançar seu sonho, Julio escolheu diversificar os investimentos. Colocou na carteira desde fundos de Previdência até ações e fundos imobiliários. Mas ele pretende continuar trabalhando mesmo após a aposentadoria. “Quero ter várias fontes de renda”.
Muitas perguntas, poucas respostas
Ainda são muitas as perguntas e poucas as respostas sobre o futuro da aposentadoria no Brasil. Mas ninguém duvida que a reforma da Previdência tornou mais difícil o acesso aos benefícios pagos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Neste cenário, investimentos de longo prazo começam a ser vistos como aliados para complementar a aposentadoria.
Pela reforma, quem quiser ter direito à aposentadoria integral precisará contribuir para a Previdência Social por, no mínimo, 40 anos, no caso dos homens, e 35 anos, no caso das mulheres. Se o trabalhador não puder esperar tanto tempo, terá que se contentar com um benefício menor: quanto menor o tempo de contribuição, maior será a redução do benefício.
O valor dos benefícios em 2020 varia de um salário mínimo, hoje em R$ 1.045, até o teto do INSS, em R$ 6.101,06. Mas a média das aposentadorias no Brasil está bem mais próxima do piso: em outubro de 2019, o valor médio pago aos beneficiários era de R$ 1,78 mil, para homens, e de R$ 1,4 mil, para mulheres.
Confira abaixo as opções mais citadas por especialistas quando se trata de investir pensando na aposentadoria:
Planos de Previdência Privada
Também chamados de previdência complementar, estes planos são voltados para quem investe no longo prazo com o objetivo de acumular um patrimônio ou uma renda extra para a aposentadoria. O maior cuidado ao contratar um plano de Previdência Privada é observar se as taxas cobradas (de carregamento e administração) não consomem boa parte dos rendimentos. O que mais diferencia o plano de previdência de outros investimentos é o regime de tributação:
- No modelo regressivo, a alíquota começa em 35% nos primeiros 2 anos, mas cai 5 pontos percentuais a cada 2 anos. Após 10 anos, a alíquota despenca para 10%, o menor do mercado — o que pode ser visto como uma vantagem tributária.
- No regime progressivo, as alíquotas de IR variam de zero a 27,5%, dependendo do valor recebido no resgate do dinheiro investido. No momento do resgate, incide 15% de IR na fonte e esse imposto pode ser compensado na declaração.
Para fazer o “bolo” crescer, o dinheiro do investidor é aplicado em fundos de previdência. Eles investem em ativos como papéis do Tesouro Direto, títulos de renda fixa ou até em ações. Vai depender do perfil de risco do fundo.
Para os que aceitam o pequeno investidor, o limite para investir em renda variável é de 70% da carteira. “É possível fazer um aporte único e deixar esse dinheiro render ou fazer aportes mensais”, explica o head de Previdência da Easynvest, Daniel Bellangero.
Entenda os dois tipos de Previdência Privada:
- PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre): é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda (IR), já que ele permite deduzir até 12% do imposto devido todos os anos. O IR sobre o plano só é cobrado no momento do resgate e ele incide sobre o valor total do investimento (patrimônio mais os rendimentos) Mas a vantagem do PGBL é que, ao economizar com imposto no período inicial, sobre mais dinheiro para fazer os aportes no plano.
- VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): é indicado para quem faz a declaração simplificada de IR ou é isento, já que não há imposto para deduzir da declaração. Neste modelo, o Imposto de Renda só incide sobre os rendimentos do valor investido.
Principais vantagens:
- Permite fazer a portabilidade para outro plano
- Não há o come-cotas (quando o imposto é cobrado de forma antecipada)
- Alíquota de IR pode ficar menor no longo prazo
Fundos imobiliários ou imóveis
Quem investe em fundos imobiliários (FIIs) compra uma pequena parte de um imóvel, as chamadas “cotas”. Funciona como um condomínio, no qual todos os participantes dividem os custos e os benefícios. Apesar dos riscos com a inadimplência dos aluguéis, um dos objetivos de quem investe neles é receber uma renda regular (os dividendos). Por isso, podem ser vistos como uma alternativa para complementar a renda da aposentadoria.
Estes fundos costumam oferecer ganhos acima da renda fixa, mas também pode oscilar como o mercado de ações. Por exemplo, o IFIX, índice que reúne os principais fundos imobiliários da Bolsa, rendeu 35,98% no ano passado, mas acumulava perda de mais de 5% desde o começo do ano.
Os FIIs podem investir em várias classes de ativos, como títulos de renda fixa atrelados a imóveis, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs). Também há os chamados “fundos de tijolos”, que investem em edifícios comerciais, shoppings, hospitais e galpões logísticos. Estes podem garantir a desejada renda mensal com o pagamento dos aluguéis.
“Os FIIs são interessantes porque imóveis têm uma certa perenidade. Sabemos que, aconteça o que acontecer no futuro, as empresas vão continuar ocupando algum espaço e as pessoas vão continuar morando em algum lugar”, diz o planejador financeiro André Massaro.
Para reduzir o risco do investimento, especialistas recomendam escolher fundos que diversificam a carteira, em vez de apostar em um único tipo de imóvel. Estes riscos implicam, principalmente, em inadimplência dos inquilinos e na possibilidade de vacância – quando um imóvel comercial não consegue ocupar todas as suas unidades. Nestes casos, a renda pode ficar comprometida.
Quem possui um patrimônio maior também pode preferir comprar imóveis para desfrutar da renda direta do aluguel, uma alternativa bem popular entre os brasileiros. Mas existem os mesmos riscos: de inadimplência e custos de manutenção do bem. Além disso, nem sempre o valor do aluguel é compatível com o valor do imóvel, a depender da localização e do momento do mercado imobiliário.
Ações que pagam dividendos
Investir em ações no longo prazo pode ser uma estratégia para obter ganhos mais robustos no futuro. Quando se quer formar um patrimônio, é preciso levar em conta não apenas a valorização do papel, que em geral acompanha o lucro das empresas. Pode-se montar uma carteira, por exemplo, com ações que costumam pagar dividendos regularmente (parte do lucro que as empresas distribuem para os acionistas).
Quem não tem familiaridade com o mercado de capitais pode começar por empresas com um perfil mais conservador. Estas ações costumam oscilar menos na Bolsa. Geralmente, são as maires, mais consolidadas em seu setor e com um longo histórico, como é o caso de Petrobras, Itaúsa e Bradesco.
Algumas empresas costumam pagar os dividendos mensalmente. Outras o fazem com uma regularidade maior, como a cada três ou seis meses.
“É uma notória estratégia para gerar renda no futuro, mas é preciso levar em conta que estudos já apontam a possível extinção de muitas empresas num horizonte de 20 ou 30 anos”, observa Massaro. Por isso, é importante conhecer os fundamentos da companhia na qual se vai investir.
ETFs de grandes índices
Os fundos de índices (ETFs, ou Exchange-Traded Funds) também aparecem entre os indicados para planejar a aposentadoria. Eles nada mais fazem do que “copiar” o desempenho de índices da bolsa, como o Ibovespa, que reúne as principais ações da B3.
Salvo raras exceções e num tempo limitado, os ETFs de grandes índices costumam valorizar ao longo do tempo. Outro benefício é a diversificação: eles apresentam um risco menor que o de comprar um ativo isolado, como uma ação, já que as perdas são diluídas com os ganhos de outros papéis. A vantagem é o balanceamento da carteira, segundo Massaro.
Papéis de longo prazo do Tesouro Nacional
Os papéis do Tesouro Direto atrelados à inflação (Tesouro IPCA+, as antigas NTN-Bs) também são apontados como alternativa de investimento com bons rendimentos para o longo prazo. Eles remuneram a variação da inflação no período, mais uma taxa de juros fixa, combinada no momento da compra dos papéis. Nesta quarta-feira (12), o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 pagava uma taxa de juros de 3,27%, mais a inflação do período.
“Conseguir uma taxa de 3% acima da inflação com um risco virtualmente zero, ainda é significativo, especialmente nos padrões mundiais”, diz Massaro, acrescentando que não há previsões de que a taxa Selic deve voltar a subir tão cedo. Hoje ela está em 4,5% ao ano..
A liquidez também é alta. Significa dizer que o dinheiro pode ser resgatado a qualquer momento. Mas existe um risco se o papel precisar ser resgatado antes do vencimento: o rendimento combinado só é garantido se o investidor permanecer com a aplicação até o prazo. “As NTN-Bs continuam interessantes, mesmo que muito menos atrativas do que já foram no passado”, diz o educador financeiro André Massaro.
Uma das vantagens do Tesouro IPCA+ com prazos longos é que eles não cobra taxa de administração, apesar de incidir o Imposto de Renda sobre os rendimentos (a cobrança é regressiva de acordo com o tempo do investimento).
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