Finanças
Indicador de risco Brasil, CDS recua um dia após invasões em Brasília
Dia também é de alta do dólar, enquanto Ibovespa oscila.
O CDS (Credit Default Swap), título que funciona como uma espécie de seguro para operações de crédito no país e mensura o risco-Brasil, está em queda nesta segunda-feira (9), um dia depois de criminosos invadirem a sede dos Três Poderes em Brasília.
Por volta das 13h30, o CDS de 10 anos recuava 4%, aos 338 pontos. O de 4 anos caía 3,78%, aos 215 pontos e o de um ano, 3,22%, aos 90 pontos. Já o Ibovespa oscila, enquanto o dólar sobre sobre o real.
Luan Alves, analista chefe da VG Research, aponta que, além das invasões, o mercado repercute também a resposta das autoridades.
“Na avaliação do mercado, tivemos uma resposta institucional forte, com poderes unidos, em uma crise que não se espalhou pelo país”.
Luan Alves, analista chefe da VG Research
“E, somado ao ambiente de otimismo no mercado global com a reabertura chinesa e alta nas bolsas americanas, tivemos também um alívio na bolsa brasileira”, continua Alves.
De maneira semelhante, Rodrigo Correa, estrategista-chefe BRA BS/ Investimentos, diz que “depois do ocorrido, a resposta institucional foi rápida e o próprio evento foi prontamente debelado”. Ele avalia ainda que “foi muito mais um ato de baderna como uma tentativa de um golpe ou que a democracia brasileira está em risco”.
“Seria diferente se eles estivessem lá até agora, no Congresso, no STF”, complementa Leonardo Santana, analista da Top Gain Research. “Aí o buraco ia ser mais embaixo. A gente não ia ter Congresso, não saberia para onde isso poderia ser levado. Aí sim nós teríamos um risco muito grande, que seria precificado de uma maneira muito pior na abertura do dia de hoje. Mas os baderneiros foram tirados de lá e o Lula, no mesmo dia, decretou intervenção federal.”
Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos e especialista em renda variável, afirma que “cautela é o nome do jogo” no mercado após os incidentes de domingo, “mas vale ressaltar que não há pânico“.
“O ato em si pode ser visto como auto-contido, fruto de um movimento relativamente espontâneo, sem mais desdobramentos de curto prazo – motivo pelo qual talvez os CDS estejam operando em queda lá fora”, diz Boragini.
“O fato é que o CDS brasileiro já vem caindo ao longo dos últimos meses. E, diante do que aconteceu ontem, havia sim a expectativa de bolsa caindo mais forte e o CDS subindo. Porém, o que a gente vê hoje é o contrário, o que mostra que, de fato, o investidor ainda enxerga o Brasil como porto seguro em caso de investimentos em emergentes. Na verdade, nada mudou. Não houve nenhum golpe.”
Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos
Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, ressalta ainda que as invasões não tiveram e não devem ter nenhum impacto no cenário econômico – o que explica a ausência de impacto também no mercado financeiro.
“O que mudou dos fundamentos da economia brasileira que a gente tinha na sexta-feira (6) para esta segunda? Nada.”
Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos
Foto ou filme?
Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos, aponta que é preciso interpretar a sequência dos fatos para entender o foco do mercado, e não episódios isolados, já que “o CDS varia conforme juros, câmbio, uma série de outros fatores”.
“A pessoa física tem que olhar para esse evento como uma continuidade, como um filme que está sendo transmitido, e não como um fato, do tipo ‘então invadiram lá e é o caos’. Invadiram o Capitólio em 2021, e os mercados subiram por 6 meses, não só relacionados a eventos locais dos EUA, mas também globais”
Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos
“Não relativizando, colocando pouca importância no evento de ontem, mas trazendo aquele embate, aquela eleição apertada de 50 milhões de um lado e de outro, como uma continuidade de fatores. Se a gente falar do governo Bolsonaro, uma série de ruídos, quedas e aumentos de CDS, a gente tem mais dessa história sendo contada ontem”, finaliza o especialista.
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