Finanças
Morning Call: Integrantes do Fed voltam impactar expectativas do mercado
O tom dos discursos se manteve no controle da inflação mesmo que isso custe juros mais altos e por mais tempo, porém com a expectativa de um pouso suave.
Após um início do pregão na quarta-feira (01) com empolgação nas bolsas globais pelos indicadores econômicos da China sugerirem um crescimento do país, os índices dos EUA começaram a devolver parte dos ganhos após uma série de falas de integrantes do Fed.
Raphael Bostic, do Fed de Atlanta, disse que serão necessários juros entre 5% e 5,25% até o começo de 2024 reforçando que a oferta e demanda por trabalho nos EUA seguem desalinhadas. Já Kashkari, do Fed de Minneapolis, disse que em dezembro havia projetado juros em 5,4% por um bom tempo e revelou estar aberto a novas altas de 0,25 p.p. ou 0,50 p.p. para ancorar as expectativas.
As falas impactaram os mercados e fizeram o índice Nasdaq recuar 0,66% e o S&P500 cair 0,47% enquanto o Dow Jones conseguiu encerrar o dia com leve alta de 0,02%.
No cenário interno, o Ibovespa e o dólar fecharam em queda na quarta-feira (1º), primeiro pregão de março. A valorização do real foi limitada pela permanência de algum desconforto de investidores com o cenário doméstico, mesmo depois que o governo anunciou na véspera uma reoneração de gasolina e etanol. Segundo agentes financeiros, Haddad também impactou o sentimento local ao dizer que o Banco Central deveria reagir às últimas medidas fiscais com cortes de juros, reforçando as críticas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
Mercados hoje
- Ásia: As bolsas asiáticas fecharam o dia em queda repercutindo os receios dos investidores com juros mais altos nos EUA. As quedas foram de 0,05% no Nikkei, 0,92% em Hang Seng, 0,05% em Shanghai, enquanto o único índice a registrar ganho foi o KOSPI com alta de 0,62%.
- Europa: Dados econômicos da Europa dificultam o avanço das bolsas já que o resultado preliminar do Índice de Preços ao Consumidor da zona do Euro teve uma alta de 0,8% em fevereiro desacelerando a alta em 12 meses de 8,6% para 8,5%, porém as expectativas de mercado apontavam para uma desaceleração mais forte aos 5,3%. O núcleo do índice, que exclui itens voláteis, contrariou as expectativas de uma manutenção na alta em 12 meses de 5,3% e registrou um avanço de 5,6%. Além disso, a taxa de desemprego se manteve estável em 6,7%, levemente acima dos 6,6% esperados pelo mercado e reforçando que a tarefa do Banco Central Europeu ainda está longe de acabar e pode levar a maiores altas nos juros. As quedas nos índices eram de 0,34% no DAX, 0,16% no FTSE, 0,07% no CAC, 0,16% no Euro Stoxx enquanto o IBEX era o único a subir com ganhos de 0,06%.
- EUA: Os pré-mercados norte-americanos seguem afetados pelas falas dos integrantes do Fed e têm desempenhos mistos com a alta de 0,23% do Dow Jones enquanto o S&P500 registra queda de 0,33% e o Nasdaq recua 0,51%. Entre os indicadores de destaque no dia, os pedidos semanais por seguro desemprego têm a capacidade de influenciar os mercados que esperam uma leve alta dos 192 mil pedidos da divulgação anterior para 195 mil na divulgação de hoje. Além disso, novos discursos de Kashkari e Waller, membros do Fed, estão na agenda do dia.
Tributação e resultados influenciam o ânimo dos investidores brasileiros
No destaque corporativo, a Petrobras (PETR4 PETR3) registrou lucro líquido de R$ 43,3 bilhões no quarto trimestre de 2022, um avanço de 37,6% ante o mesmo intervalo de 2021, de acordo com balanço financeiro divulgado no fim da noite da quarta-feira (01).
No acumulado do ano, foi contabilizado um ganho de R$ 188,3 bilhões, uma alta de 76,6% em comparação ao ano de 2021. Segundo cálculos do Trademap é o maior lucro já registrado por uma empresa de capital aberto. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação ajustado chegou a R$ 73 bilhões no quarto trimestre, um aumento de 16,1% no comparativo com o mesmo intervalo de 2021.
A Marfrig (MRFG3), maior produtora global de hambúrgueres, registrou prejuízo líquido de R$ 628 milhões no quarto trimestre de 2022, contra lucro de R$ 650 milhões um ano antes, pressionado pelo desempenho negativo na operação América do Norte da empresa, conforme balanço também divulgado na quarta-feira (01).
E as ações da Hapvida (HAPV3) despencaram mais de 30% ontem após a empresa registrar um balanço financeiro abaixo das expectativas do mercado. A queda de 56,1% no lucro líquido ajustado no quarto trimestre de 2022 ante mesmo período do ano anterior, em meio a maiores despesas e taxa de sinistralidade foi reportado pela empresa.
A companhia teve lucro líquido ajustado de R$ 161,4 milhões. Sem ajustes por amortização de marcas e patentes e carteiras de clientes, bem como relacionados a incentivos de longo prazo a executivos, a empresa teve prejuízo de R$ 316,7 milhões, revertendo lucro de R$ 200,2 milhões um ano antes. Analistas projetavam, em média, prejuízo de R$ 235,5 milhões. Não estava imediatamente claro se os dados eram comparáveis com as projeções.
E entre os indicadores econômicos brasileiros, o destaque fica para a divulgação do PIB referente ao quarto trimestre e do ano fechado de 2022. As expectativas indicam uma queda trimestral de 0,2% enquanto o resultado anual esperado é de um crescimento de 2,2%.
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