Finanças
Plano de recuperação da Americanas tem objeção de empresas do Grupo UOL
a Universo Online tem pelo menos R$ 481,9 mil em créditos incluídos no processo e a Compass UOL tem R$ 23,69 milhões.
A recuperação judicial da Americanas (AMER3) vem sofrendo um novo revés. Pagseguro, Universo Online, Ciatech Tecnologia Educacional, Web Jump Design em Informática, Compass UOL e Digital Services se manifestaram ao plano apresentado pela varejista. As cinco empresas pertencem ao Grupo UOL.
Pela relação oficial da lista de credores da Americanas, a Universo Online tem pelo menos R$ 481,9 mil em créditos incluídos no processo e a Compass UOL, R$ 23,69 milhões. Segundo matéria publicada na quarta-feira (5) pelo jornal “Valor Econômico”, ao todo, os créditos das seis empresas contra a varejista somam pouco mais de R$ 25,5 milhões.
O InvestNews aguarda comentário do Grupo Uol sobre o motivo da manifestação contrária ao plano da varejista.
Corrida contra o tempo
A Americanas está correndo para finalizar seu balanço do quarto trimestre, enquanto redobra os esforços para obter apoio dos credores ao plano de recuperação judicial, segundo fontes próximas ao assunto.
A companhia, que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro após descobrir um rombo contábil de R$ 20 bilhões, está preparando os demonstrativos financeiros auditados a fim de tranquilizar os credores de que as dimensões do escândalo contábil foram plenamente divulgadas.
Essas etapas são consideradas essenciais para que a empresa possa cumprir com os prazos e evitar o adiamento da aprovação do plano de recuperação judicial.
Embora a apresentação de um demonstrativo contábil auditado não seja obrigatória para a realização de uma assembleia geral, é essencial “convencer” os credores a aprovar o plano de recuperação, disse a fonte, uma vez que eles terão uma participação maior na empresa como parte de uma proposta de conversão de R$ 10 bilhões de dívida em ações.
A proposta original da empresa de converter dívidas em ações também vai contra os mandatos de muitos detentores de bonds que estão impedidos de possuir ações, e estão em andamento negociações para encontrar uma alternativa.
A maioria das dívidas não pode ser convertida em ações – para fundos de pensão ou de crédito, já que existem restrições legais, disse Adriano Casarotto, gestor de crédito da Western Asset, que detém R$ 300 milhões em dívida da Americanas.
O plano deve ser discutido em tribunal até o final de julho, e uma assembleia geral poderá ser convocada para votação. Contudo, se não houver acordo, o processo para a aprovação do plano de recuperação judicial poderá ser reiniciado.
Em comunicado, a Americanas disse que segue “comprometida com seus credores” para a construção de um consenso sobre seu plano de recuperação judicial e que ele ainda está sujeito a revisões e ajustes.
A Americanas anunciou que espera divulgar suas demonstrações financeiras passadas até 31 de agosto, acrescentando que essa é a “melhor estimativa” da empresa.
Neste mês, a alta administração da Americanas criticou ex-executivos, bancos e auditorias após um relatório de assessores jurídicos da empresa alegar o envolvimento desses em uma “fraude” nas demonstrações financeiras.
- Confira a as ações da Via Varejo (VIIA3)
O atual presidente da Americanas, Leonardo Coelho, afirmou em audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que investiga o caso que os membros do conselho da Americanas não estão entre os pelo menos 30 funcionários que, segundo ele, colaboraram para ocultar os problemas no balanço da empresa, acrescentando que os envolvidos estão sendo demitidos.
Ex-diretores da Americanas venderam ações antes de fraude vir à público
Os ex-diretores da Americanas venderam o montante de R$ 244 milhões em ações da varejista antes de a fraude contábil ser revelada pelo então CEO, Sergio Rial, de acordo com informações de coluna do jornal “O Globo” assinada por Lauro Jardim. Após o fato ser revelado, os papeis AMER3 despencaram na B3.
Segundo o colunista, com o avanço das investigações, os valores vendidos em ações dos executivos à época passaram a ser revelados. Veja abaixo:
- Miguel Gutierrez, o ex-CEO: R$ 156 milhões.
- Anna Saicali: R$ 59 milhões
- Thimoteo Barros: R$ 20 milhões
- Marcio Cruz: R$ 5,6 milhões
(* Com informações da Reuters)
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