Finanças

Rali ‘insano’ do iene arrisca desmoronar se BC do Japão decepcionar

A moeda apreciou cerca de 5% em relação ao dólar desde meados de julho; expectativa do mercado é que o BOJ aumentará a taxa de juros, mas se isso não acontecer, o iene pode desabar

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Os investidores globais correram para assumir posições compradas em iene nas últimas semanas, na expectativa de que a política monetária do Japão está prestes a finalmente começar a favorecer o câmbio. Eles enfrentarão a hora da verdade na próxima quarta-feira (31).

A moeda mantém sua rápida apreciação de cerca de 5% em relação ao dólar desde meados de julho, em um rali impulsionado pela suspeita de intervenção no mercado. Mas alguns investidores alertam para o risco de uma nova virada de tendência se o Banco do Japão não demonstrar determinação em apertar as condições financeiras.  

O mercado de juros futuros do Japão precifica uma chance de cerca de 50% de que o BOJ — como é conhecida a autoridade monetária do país na sigla em inglês — aumentará a taxa básica em 15 pontos-base em sua reunião de 31 de julho. Apenas 30% dos analistas sondados pela Bloomberg preveem um aumento como cenário principal, embora mais de 90% acreditem que uma alta seja possível.

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Isso deixa quem apostou na força do iene vulnerável, principalmente se o BOJ também frustrar as expectativas de um corte considerável em suas compras de títulos, que tendem a puxar para baixo os juros no mercado de dívida. Outro risco é se o Federal Reserve, que decide juros no mesmo dia, fizer algo para diminuir as esperanças de flexibilização monetária nos EUA nos próximos meses.

O Japão provavelmente se absteve de intervir no mercado de câmbio para sustentar o iene no início desta semana, de acordo com uma análise das contas do banco central.

“Esse rali do iene é insano”, disse Nick Twidale, da ATFX Global Markets, que negocia a moeda japonesa há mais de duas décadas. “O BOJ pode ser um estraga-prazeres e não fazer sua parte no aperto monetário.”

Twidale acrescentou que se o BOJ decepcionar, o carry trade “pode voltar com tudo”.

O carry trade, que consiste em tomar emprestado em moeda de um país com juros baixos para comprar ativos de rendimento mais alto em outra divisa, é um dos principais fatores externos para o câmbio em países como o Brasil. 

Para a estratégia dar bons retornos, o ideal é que a moeda em que o investidor está comprado, como o real, esteja em uma trajetória de valorização, e a em que está vendido, como o iene, esteja em tendência de queda.

Fazer apostas de carry trade na América Latina financiadas em iene foi por muito tempo uma das estratégias favoritas no mercado de câmbio global. Mas as recentes incertezas políticas e fiscais na região azedaram o entusiasmo, e o fortalecimento do iene gerou um desmonte generalizado de posições.

A BlackRock está entre as casas que prevê que o BOJ manterá os juros inalterados por mais tempo.

“Se o BOJ não fizer nada”, o câmbio pode voltar a se enfraquecer no Japão, disse Amir Anvarzadeh, estrategista da Asymmetric Advisors que acompanha os mercados japoneses há mais de três décadas.

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