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Resultados operacionais da Via superam previsões, mas analistas apontam desafios

Cenário macro e eficiência nos resultados do canal físico são sinais de alerta.

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Os resultados operacionais do quarto trimestre de 2021 divulgado pela Via (ex-Via Varejo) (VIIA3) ficaram acima do esperado pelo mercado, mas desafios internos e externos, como o próprio cenário macroeconômico e a necessidade de maior eficiência nos resultados do canal físico, são pontos de atenção destacado por casas de análise em seus relatórios.

Via reportou lucro líquido operacional de R$ 125 milhões no quarto trimestre de 2021, uma queda de 73,4% ante o mesmo período de 2020. O balanço foi divulgado na noite de quarta-feira (10), e no dia seguinte a ação da empresa recuou mais de 4%, após chegar a cair mais de 7% na mínima do dia.

Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, analistas da XP Investimentos, afirmam que a “dinâmica de crescimento de receita continua sendo impactada pelo cenário macroeconômico desafiador, forte base de comparação e restrições relacionadas à covid-19”. A receita líquida da varejista encolheu 14,2% no quarto trimestre ante o mesmo intervalo de 2020, para R$ 8,13 bilhões.

A equipe menciona ainda a queda do GMV (Volume Bruto de Mercadoria) Total de 7% no comparativo anual, devido à queda de 24% do GMV das lojas físicas. Enquanto isso, o canal online apresentou crescimento de 20%, com alta de 68% ante o mesmo intervalor de 2020.

A equipe do Inter Research, por sua vez, escreveu que a Via fez uma série de alterações importantes nos últimos meses – como a evolução do canal online, o avanço logístico e o aumento do sortimento através da captação de novos vendedores no canal digital – mas que ainda não foi capaz de escalonar receitas e margens.

“Destacamos também que a competição entre os peers (pares) está longe do fim. Nesse caso, a Via precisa demonstrar eficiência com mais intensidade nos próximos resultados, sobretudo no canal físico, onde tem mais representatividade”, disse em relatório.

A casa ponderou que, apesar do desempenho positivo da receita online, que apresentou crescimento de 20,6% em 2021 ante 2020, representando 43% da receita bruta total, o fluxo nas lojas físicas foi aquém do esperado, impactando negativamente em 26,1% as vendas das lojas no quarto trimestre.

Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis, do BTG Pactual, pontuaram que os números operacionais vieram melhores do que o esperado para o quarto trimestre, ao mesmo tempo em que enxergam um “cenário difícil pela frente”. A casa afirmou que continua cautelosa com o e-commerce brasileiro no curto prazo.

“Além do debate (global) em torno da espiral inflacionária e do aumento das taxas de juros, com impacto no custo do capital próprio, três preocupações principais pesaram sobre as ações de tecnologia no Brasil recentemente, e devem persistirem nos próximos meses: desaceleração do e-commerce local [..] concorrência de players nacionais e internacionais, e preocupações com níveis sustentáveis de margens para os players de e-commerce, dadas as perspectivas competitivas à frente”, disseram os analistas.

Os especialistas do BTG Pactual, que mantiveram recomendação neutra para as ações da Via, disseram ainda que uma potencial reclassificação do papel VIIA3 dependerá não apenas da monetização dos créditos tributários, que estão de acordo com as estimativas da empresa, mas também de uma recuperação sustentável do tráfego de pessoas nas lojas, do desempenho de seu negócio de comércio eletrônico (especialmente sólido progresso em novas categorias na sua divisão de marketplace) e a monetização da GMV nos próximos trimestres.

O BTG Pactual manteve preço-alvo para VIIA4 (expectativa de valor para uma ação) em R$ 8 no período de 12 meses, mais do que o dobro do preço da cotação de R$ 3,27 registrada no encerramento do pregão na véspera.

A XP também manteve recomendação neutra e preço-alvo de R$ 7, enquanto o Inter colocou o preço em revisão, após “todas as mudanças ocorridas ao longo de 2021”, enquanto revisita o modelo, incluindo os números e premissas atualizadas.

Os números de Via

Além do lucro líquido operacional de R$ 125 milhões no quarto trimestre de 2021, a Via reportou que a receita bruta consolidada apresentou recuo de 15,1% frente ao quarto trimestre de 2020, somando cerca de R$ 9,6 bilhões.

Vale lembrar que dona da bandeira Casas Bahia e do banco digital banQi identificou no balanço do terceiro trimestre um aumento de 82% no número de processos trabalhistas. Com isso, as provisões (despesas ainda não pagas) que somavam R$ 1,2 bilhão em junho do ano passado subiram para R$ 2,5 bilhões em setembro.

Diante daquele cenário, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 638 milhões no terceiro trimestre, ante lucro líquido de R$ 590 milhões contabilizados no mesmo intervalo do ano anterior, surpreendendo negativamente o mercado.

Desta vez, os números operacionais vieram acima do previsto. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda na sigla em inglês) de R$ 641 milhões no quarto trimestre de 2021 superou em 26,1% as previsões da XP Investimentos. Quando se leva em conta o Ebitda ajustado de R$ 734 milhões no período, a quantia ficou 7,4% acima do estimado pelo BTG Pactual.

Analistas da XP escreveram que a Via reportou um Ebitda forte. Em relação à rentabilidade, os especialistas destacaram a margem Ebitda, que subiu 2,1 pontos percentuais “devido à redução de despesas gerais e administrativas, acompanhando menores subsídios para as compras online, e menores investimentos em marketing e em comissões de vendas”.

A equipe do BTG reiterou que o lucro líquido ajustado (excluindo provisões trabalhistas) que atingiu R$ 125 milhões e ficou acima da quantia de R$ 1 milhão estimada pelo banco de investimentos.

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