Finanças

Taxas de juros futuros avançam após ata do Copom e falas de Galípolo

Secretário defendeu o corte de juros, mas ponderou que esta é uma vontade de ‘todo mundo’.

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As taxas dos contratos futuros de juros fecharam em alta nesta terça-feira (9), reagindo à divulgação da ata do Copom e com uma parcela dos investidores ajustando posições tendo no horizonte a queda da Selic apenas no segundo semestre deste ano.

Divulgada pela manhã, a ata reafirmou o conteúdo do comunicado da semana passada, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a taxa básica Selic em 13,75% ao ano.

Para alguns economistas do mercado financeiro, a ata deixou claro que não houve mudanças relevantes nas expectativas de inflação, que ainda se mantêm elevadas, o que reforça a perspectiva de que o BC não iniciará o processo de cortes da Selic no curto prazo.

Neste contexto, alguns investidores se movimentaram no sentido de ajustar posições, afirmou o economista Rafael Pacheco, da Guide Investimentos.

“O mercado está mais precificado que o corte de juros será apenas no segundo semestre. Antes, havia uma parcela que acreditava que poderia ter uma queda no primeiro semestre”, comentou.

Durante a tarde, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, falou a jornalistas em Brasília sobre sua indicação para a diretoria de Política Monetária do BC.

Na segunda-feira, a oficialização do nome de Galípolo, que já circulava no mercado, provocou forte alta do dólar à vista ante o real e avanço das taxas futuras de juros de longo prazo.

Nesta terça-feira, a fala de Galípolo deu novo impulso a alguns vértices da curva a termo, ainda que em movimento menos intenso que na véspera. O secretário defendeu o corte de juros, mas ponderou que esta é uma vontade de “todo mundo”.

“Acho que todo mundo quer baixar os juros. Tenho convicção que toda a diretoria do Banco Central não tem nenhum tipo de satisfação, nem profissional nem pessoal, de ter um juro mais alto”, disse.

A visão de que Galípolo vai para o BC com a intenção de baixar os juros gerou novamente certa tensão no mercado, o que impactou os juros futuros. Por trás do movimento está o receio de que a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, caia antes da hora, o que forçaria novos aumentos no futuro.

Em outra entrevista durante a tarde, desta vez à CNN, Galípolo afirmou que é “natural” a reação do mercado, como a vista na véspera. Ao mesmo tempo, afirmou que seria “estranho” se a indicação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o BC não fosse de alguém com quem eles tenham afinidade.

Sobre a possibilidade de o Conselho Monetário Nacional (CMN) mexer nas metas de inflação, Galípolo afirmou que este debate nunca foi colocado de “maneira casuística” pelo governo, mirando um objetivo específico. No entanto, ele evitou comentar diretamente se a meta ou se o prazo para a cumprir poderão ser alterados.

Perto do fechamento, a curva a termo ainda precificava 21% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de junho e 79% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries oscilaram entre altas e baixas durante a sessão, mas registravam ganhos no fim da tarde.

Às 17:07 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 0,90 ponto-base, a 3,5281%.

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