Finanças

Temor por segunda onda da Covid-19 fez Ibovespa recuar 2%, dólar sobe

No mês de junho, a bolsa de valores ainda acumula alta de 6,17%

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Após várias altas consecutivas, o Ibovespa, principal índice da B3, voltou a recuar e fechou a sexta-feira (12) em queda de 2% aos 92.795 pontos. Na semana, o índice teve baixa de 1,95%, enquanto no mês o Ibovespa ainda sobe 6,17%.

O temor por uma segunda onda do coronavírus foi precificada pelos mercados. Contribuiu também com a queda o pessimismo de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve que ainda enxerga um cenário complexo para a economia americana.

Enquanto a bolsa cai, o dólar pega carona na incerteza e retoma o ritmo de alta. Nesta sexta-feira (12), o dólar comercial subiu 2,14%, cotado a R$ 5,045. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$5,108.

Todas as ações mais negociadas do dia fecharam em queda: as preferenciais da Petrobras (PETR4) caíram 3,74%. Enquanto as ações da Vale (VALE3) recuaram 1,48%. A companhia obteve uma liminar que suspende exigência para a mineradora de assegurar o pagamento de multas pelo desastre de Brumadinho (MG).

Em comunicado a Vale reforçou que o desembargador não encontrou elementos de risco de descumprimentos futuros na companhia.

Caíram também as ações do Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e Via Varejo (VVAR3), que recuaram 1,14%, 1,99% e 2,07%, respectivamente.

Segundo José Falcão, analista da Easynvest, já era esperado que a bolsa brasileira sofresse uma queda hoje, precificando a forte perda das ADRs brasileiras em Nova York no feriado do Corpus Christi. Contudo, destaca que a queda foi menor do que o mercado imaginava. “No dia 11 de junho o principal fundo de índice de ações brasileiras negociado em NY (EWZ), teve queda de 7,84%”, informou o analista em relatório.

Destaque da Bolsa

O destaque positivo da semana foi do Carrefour (CRFB3) que teve alta de 2,72%, com as ações cotadas a R$ 18,50.

Avançaram também os frigoríficos Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3), puxados pela alta do dólar, que subiram 2,35% e 2,22%, respectivamente.

O destaque negativo foi do IRB Brasil (IRBR3) que recuou 11,34%, com os papéis cotados a R$ 11,49. A companhia ainda sofre sérios problemas de governança, enquanto os investidores esperam o balanço no dia 18 de junho.

Saiba mais em: IRB Brasil: a empresa já chegou ao fundo do poço?

Caiu também a Braskem (BRKM5), que recuou 7,77%. A companhia teve forte queda após o banco UBS rebaixar a recomendação de compra do ativo para o equivalente a “neutro”. Assim como estão as empresas mais ameaçadas por um possível prolongamento da crise, aéreas e turismo.

Entre as maiores quedas do dia também estavam a CVC (CVCB3), que despencou 9,44%. E a Gol (GOLL4) que caiu 8,40%.

Bolsas americanas

Em um pregão volátil, as bolsas de Nova York conseguiram firmar uma recuperação, após a forte queda desta quinta, 11, e fecharam em alta. Na semana, porém, os principais índices acionários americanos acumularam perdas, em meio a temores de uma segunda onda de infecções por covid-19 e declarações cautelosas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sobre a retomada econômica nos Estados Unidos.

Depois de ter registrado ontem o maior recuo porcentual desde 16 de março, o índice Dow Jones subiu 1,90%, a 25.605,54 pontos. O S&P 500 registrou alta de 1,31%, a 3.041,31 pontos, e o Nasdaq avançou 1,01%, a 9.588,31 pontos. Durante a sessão, no entanto, os três índices acionários chegaram a operar em baixa. Na comparação semanal, as perdas foram de 5,52%, 4,77% e 2,30%, respectivamente

As preocupações com uma possível segunda onda do coronavírus permanecem no radar. “Novos casos nos EUA continuam a subir em partes da economia, como o Texas, que foram reabertas”, afirma o estrategista global do Rabobank Michael Every.

Para analistas do Brown Brothers Harriman (BBH), enquanto o Fed e outros bancos centrais continuarem a injetar grandes quantidades de liquidez no sistema financeiro, os ativos de risco devem se recuperar. Hoje, a autoridade monetária americana publicou um relatório em que se comprometeu com “taxas de juros de longo prazo moderadas”. Presidente da distrital de Richmond do Fed, Thomas Barkin alertou para as consequências do endividamento que resultará da crise.

No S&P 500, os setores mais beneficiados hoje pela recuperação foram o imobiliário (+3,16%), o financeiro (+3,01%) e o de energia (+2,71%). As ações da Boeing estiveram em destaque e subiram 11,48%. Entre os bancos, os papéis do Citigroup avançaram 7,98%, os do Wells Fargo registraram alta de 4,40% e os do Morgan Stanley ganharam 3,84%.

Radar político

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou na sua transmissão ao vivo semanal que vetará a prorrogação do auxílio emergencial a informais por mais duas parcelas mensais se a Câmara dos Deputados aumentar o valor para além dos R$ 300 que o Ministério da Economia defende ser possível pagar.

“Na Câmara, vamos supor que chegue uma proposta de duas (novas parcelas) de R$ 300. Se a Câmara quiser passar para R$ 400, R$ 500, R$ 600, qual vai ser a decisão minha para que o Brasil não quebre? (…) É o veto”, disse o presidente na quinta-feira, 11, à noite. “Se pagar mais duas (parcelas) de R$ 600, vamos ter uma dívida cada vez mais impagável.”

No vídeo transmitido ao vivo, o mandatário sustentou que o gasto do governo federal com as três parcelas do auxílio emergencial previstas atualmente “deve chegar a R$ 150 bilhões”.

*Com Estadão Conteúdo

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