Finanças
Tesouro Selic sai do vermelho e fundos imobiliários caem em outubro; veja lista
Ibovespa e FIIs aparecem com os piores retornos no mês, enquanto fundos de ações livre valorizaram mais de 4%.
Os fundos imobiliários dividiram com o principal índice de ações da B3, Ibovespa, o pior desempenho entre as principais categorias de investimentos no mês de outubro. O índice IFIX, que reúne os FIIs mais negociados na bolsa brasileira, acumulou desvalorização de 0,63%, enquanto o indicador acionário recuou 0,67%, revertendo forte ganhos das semanas anteriores diante do avanço da pandemia na Europa e às vésperas das eleições norte-americanas (veja abaixo a lista completa).
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Apesar do desempenho negativo do Ibovespa (que entrou no terceiro mês seguido de queda), os fundos de ações na categoria livre aparecem outra ponta, liderando a lista de melhores investimentos do mês, com retorno de 4,21%, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Já os fundos de ações focados em investimentos do exterior também aparecem entre as melhores performances, com retorno positivo de 3,06%.
O índice que reúne as ações conhecidas por pagar dividendos (IDIV) acumulou retorno de 2,80% em outubro, enquanto o que agrega papéis do setor de varejo subiu 0,82%, e o do setor imobiliário (IMOB), 0,78%. Já o SMLL, composto pelas small caps, ações com menor volume de negociação e potencial de valorização, subiu menos no período, 0,37%.
Os papéis do Tesouro Direto, por sua vez, conseguiram sair do desempenho negativo de setembro. O IMA-S, índice da Anbima que mede o retorno do Tesouro Selic, acumulou rentabilidade de 0,14% no mês, superando a caderneta de poupança, que rende hoje 0,12% mensais, mas abaixo por exemplo da inflação medida pelo IPCA prevista para outubro, de 0,75%.
Já o dólar avançou mais de 2% frente ao real, após ter batido R$ 5,80 nesta sexta-feira (30), o maior nível da cotação em mais de cinco meses. O Banco Central precisou intervir para conter o avanço, oferecendo leilões da moeda americana à vista, o que ajudou a segurar a cotação. O fato de o real ter tido um dos piores desempenhos entre as moedas do mundo nos últimos tempos ajudou a fortalecer a moeda americana, que sobe ao redor de 40% desde o começo de 2020.
O que esperar para novembro
Os investidores terão pela frente mais incertezas e a volatilidade dos mercados deve continuar, segundo economistas. A primeira incerteza é o resultado das eleições norte-americanas, marcadas para a próxima terça-feira (3). O principal ponto de tensão não é apenas quem sairá vencedor da disputa, mas principalmente se uma possível derrota do presidente americano, Donald Trump, não será contestada na justiça e se haverá uma transição pacífica de poder.
O mercado também vai ter que esperar o desfecho das urnas para saber se sai ou não o pacote de estímulos econômicos nos EUA, que terminou outubro sem acordo entre democratas e a Casa Branca. “como o mercado não recebeu o estímulo necessário, se instalou uma crise de abstinência que trouxe à tona o problema pandêmico, alimentado em diversas ocasiões por governos buscando soluções já notadamente ineficazes para um problema ainda considerado novo”, afirmou em relatório o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
No Brasil, incertezas ficais também devem ajudar a pressionar o câmbio no começo de novembro. Uma mudança de cenário só é esperada se o governo conseguir mostrar como pretende financiar o programa Renda Cidadã, substituto do Bolsa Família em 2021, sem estourar o teto de gastos.
Veja abaixo a lista dos melhores e piores investimentos de outubro de 2020:
ATIVO/ÍNDICE | CATEGORIA | OUTUBRO |
Fundos de ações (livre)** | Renda variável | 4,21% |
IGP-M (índice do aluguel) | Inflação | 3,23% |
Fundos de ações investimento no exterior** | Renda variável | 3,06% |
Índice de dividendos (IDIV)* | Renda variável | 2,80% |
Euro/mercado* | Renda variável | 2,20% |
Dólar/real | Renda variável | 2,13% |
Ouro B3 | Renda variável | 2,08% |
Ações de varejo (ICON)* | Renda variável | 0,82% |
Setor imobiliário (IMOB)* | Renda variável | 0,78% |
Fundos multimercados (livre)** | Renda variável | 0,76% |
IPCA (estimativa) | Inflação | 0,75% |
CDBs *** | Renda fixa | 0,58% |
Fundos de renda fixa investimento no exterior** | Renda fixa | 0,54% |
Small Caps (SMLL)* | Renda variável | 0,37% |
Tesouro IPCA+ (IMA-B)* | Renda fixa | 0,37% |
Títulos públicos (IMA–Geral)* | Renda fixa | 0,16% |
Tesouro Selic (IMA-S)* | Renda fixa | 0,14% |
Fundos de renda fixa indexados** | Renda fixa | 0,14% |
Poupança | Renda fixa | 0,12% |
Fundos de renda fixa simples** | Renda fixa | 0,08% |
Fundos imobiliários (IFIX) | Renda variável | -0,63% |
Ibovespa | Renda variável | -0,67% |
*Até 29/10
**Até 27/10, último dado disponibilizado pela Anbima
***Retorno bruto no primeiro dia útil do mês
Fontes: B3, Anbima e Banco Central