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Títulos do Tesouro Direto caem, com mercado de olho em corte da Selic

O recuo acompanha o movimento dos juros futuros, após IPCA-15 abaixo do esperado.

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As taxas dos títulos do Tesouro direto têm dia de queda nesta quinta-feira (25), tanto os pré-fixados quanto os pós-fixados. O recuo acompanha o movimento dos juros futuros, com o mercado repercutindo dados mais baixos que o esperado da prévia da inflação

Pela manhã, o Tesouro Prefixado 2026 tinha rentabilidade de 10,95%, ante 11,29% no dia anterior. O papel com vencimento em 2029 tinha retorno de 11,42%, queda sobre os 11,69% um dia antes. No Tesouro Selic, o título com vencimento em 2026 tinha rentabilidade de 0,08%, ante 0,09% no dia anterior. Para 2029, a taxa estava em 0,18%, ante 0,19% antes. 

Dinheiro, Real Moeda brasileira. Crédito: © José Cruz/Agência Brasil,

Os papéis com retorno atrelado à inflação mais uma taxa extra (o chamado IPCA+) também têm dia de queda. O título com vencimento em 2029 tinha rentabilidade de inflação mais 5,38%, ante 5,58% no dia anterior. Para 2045, a taxa passou de 5,97% para 5,79%.

O movimento acompanha as quedas dos juros futuros. Perto das 11h30, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,195%, ante 13,265% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,140%, ante 11,255%.

Curva de juros na tarde desta quinta-feira. (Imagem: Reprodução/Valor Pro)

O mercado repercute a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15). O indicador, considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,51% em maio, sobre alta de 0,57% no mês anterior, segundo divulgou nesta quinta-feira (25) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice ficou abaixo pelo projetado pelo mercado de 0,64%

“A movimentação dos juros está bem ligada à divulgação do IPCA-15 de maio que, além de trazer uma leitura abaixo do que estava sendo esperado pelo mercado e configurar uma desaceleração com relação ao mês anterior, também trouxe uma composição bem melhor, com a inflação do mês principalmente puxada por alimentos – ou seja, bens duráveis e serviços apresentaram variação negativa na margem”, disse Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, aponta que “o dado já deve provocar revisões para baixo para o IPCA de maio e os juros futuros já reagem em queda, com maior precificação da possibilidade de corte da Selic na reunião do Copom em agosto”.

Da mesma forma, Beyruti diz que o resultado do IPCA-15 “corrobora a visão de que o juro deve cair em breve“. 

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, acrescenta que os reflexos não estão concentrados somente nos juros nesta quinta, mas também nas ações da bolsa de valores. “Na bolsa, os principais destaques são exatamente os setores mais sensíveis a taxas de juros, como construção e varejo. Os dois setores estão performando muito bem no dia”, pontua.

Arcabouço também pesa

Além dos dados de inflação, analistas da Levante Investimentos apontam que a queda recente dos juros futuros também refletem “a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara“.

“Mesmo bem precificada, a ampla margem de votos a favor do projeto contribuiu para tirar pressão das taxas, assim como a percepção de que o texto da regra ficou mais rígido do que o governo gostaria”, disseram em relatório pela manhã.

Na mesma linha, Jorge, da Quantzed, avalia que “entre erros e acertos, na média, a gente tem um arcabouço mais restritivo. É bem verdade que há um trabalho muito grande a ser feito pelo governo pelo lado da receita, mas o mais importante é que a gente vê que as coisas estão caminhando”. 

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