A Câmara dos Deputados realiza nesta quarta-feira (20) uma audiência pública para discutir a criação de uma reserva estratégica brasileira em bitcoin. A proposta prevê que o país possa manter até 5% de suas reservas internacionais em BTC, assim como hoje já faz com ouro, dólar e outras moedas fortes.
O projeto de lei, de autoria do deputado Eros Biondini (PL-MG), prevê que a gestão dos criptoativos fique a cargo do Banco Central e do Ministério da Fazenda.
A proposta surge em meio a uma onda global de debates sobre a inclusão do bitcoin nas reservas soberanas. Nos EUA, o presidente Donald Trump chegou a prometer uma reserva nacional de bitcoin, mas o plano acabou se restringindo aos ativos apreendidos pelo governo. “Com certeza a discussão nos EUA influenciou esse debate por aqui. Quando um país adota o bitcoin, ele passa uma mensagem de que o mercado é sério. Isso traz mais segurança e legitimação para o setor”, diz Sarah Uska, analista de criptoativos da Bitybank.
Segundo ela, se mais países, como Brasil e Estados Unidos, seguirem esse caminho, o impacto pode ser direto na valorização do ativo. A confiança institucional tende a crescer, e quando isso acontece, o investidor brasileiro também passa a ver o bitcoin de outra forma, com mais credibilidade.
Além do efeito de preço, a analista vê como positiva qualquer discussão regulatória, por mostrar que as autoridades estão se aproximando do tema e reconhecendo o papel dos criptoativos na economia.
A proposta ainda terá que passar por outras comissões na Câmara antes de avançar, mas já levanta discussões importantes sobre o papel do bitcoin nas finanças públicas. Para analistas, o movimento pode significar uma maior integração do mercado cripto à economia tradicional, ainda que os riscos de volatilidade e as preocupações com segurança sigam no radar das autoridades.
Desempenho das principais criptomoedas do mercado
O Bitcoin (BTC) opera em queda nesta quarta-feira (20), recuando 2,02% e cotado a US$ 113.188,40 (R$ 622.706,01). Na noite anterior, a criptomoeda chegou a tocar os US$ 112,6 mil, o menor nível desde 2 de agosto. A pressão de venda continua no radar dos investidores, refletindo um momento de cautela no mercado cripto.
Às 8h35, as principais criptomoedas operavam em queda; veja as cotações:
Bitcoin (BTC): – 2,01%, US$ 113.302,82
Ethereum (ETH): – 2,86%, US$ 4.188,06
XRP (XRP): – 4,54%, US$ 2,88
BNB (BNB): – 1,86, US$ 830,69
Solana (SOL): – 1,55%, US$ 179,58
Outros destaques do dia:
TRON (TRX): -0,40%, US$ 0,3497
Principais notícias do mercado cripto
Tether contrata ex-diretor de cripto da Casa Branca. A Tether, maior emissora de stablecoins do mundo, nomeou Bo Hines como novo consultor estratégico para o mercado americano. Ex-diretor do Conselho de Cripto da Casa Branca durante o governo Trump, Hines foi uma das principais vozes na formulação de diretrizes para ativos digitais e stablecoins nos EUA. Sua entrada sinaliza uma ofensiva da Tether para ampliar investimentos e lançar uma nova stablecoin “doméstica” no país. Segundo a empresa, Hines atuará diretamente na articulação com formuladores de políticas, reforçando o foco em infraestrutura e inclusão financeira — áreas que já vêm recebendo aportes bilionários da Tether. A contratação ocorre poucos dias após Hines deixar o cargo na Casa Branca, onde defendia medidas como a conversão de parte das reservas de ouro dos EUA em bitcoin.
Strategy muda estratégia e ações desabam. As ações da Strategy, que detém a maior reserva de bitcoin entre as companhias listadas em bolsa no mundo, caíram mais de 7% na terça-feira (19), ficando no menor patamar desde abril. O motivo foi a decisão da empresa de facilitar a emissão de novas ações, mesmo quando estiverem com preço mais baixo. A intenção é usar o dinheiro para comprar mais bitcoin, pagar juros de dívidas e distribuir dividendos. A mudança desagradou parte dos investidores, já que a empresa havia dito recentemente que não emitiria ações nessas condições. A decisão veio em um momento delicado para o mercado, com o bitcoin sendo negociado abaixo de US$ 115 mil e sem sinais de que vai retomar a alta registrada em julho.