Investidores de COEs da Ambipar e da Braskem têm prejuízos de até 93%

A XP começou a enviar comunicados para informar os clientes sobre os prejuízos dos certificados

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As perdas com certificados de operações estruturadas (COE) lastreadas por títulos em dólar da Ambipar e da Braskem já são realidade. A XP começou a enviar comunicados aos assessores de investimentos de sua rede nos quais pede para informar os clientes sobre os prejuízos dos certificados após o acionamento de cláusulas de vencimento antecipado. Há casos nos quais o cliente vai receber apenas 7% do valor originalmente aplicado, ou seja, uma perda de 93%.

Conforme revelado com exclusividade pela reportagem do InvestNews, há, pelo menos, 41 emissões de COEs da Ambipar no mercado e 78 da Braskem, ligados a seus bonds – títulos de dívida emitidos no mercado internacional. São produtos emitidos por várias casas e potencialmente sob risco.

Nos comunicados enviados aos assessores, a XP informa que os investidores vão receber menos de 7% do valor investido originalmente, no caso dos COEs de Ambipar que tiveram a cláusula de vencimento antecipado acionada. São certificados emitidos até 18 de março do ano passado. Em relação aos COEs de Braskem, o percentual recuperado é maior, entre 26% e 37%, para títulos emitidos até 24 de março de 2024.

Na plataforma Reclame Aqui, há vários relatos de supostos clientes que tiveram prejuízos significativos com os COEs emitidos pela XP. Há cerca de 20 depoimentos até o momento relacionados a perdas com os COEs.

Em uma reclamação postada na segunda-feira (6), o investidor afirma ter perdido R$ 270 mil em um certificado com lastro em bonds da Ambipar e vencimento em 2031. “Por causa da crise na empresa, a XP liquidou o título e os meus R$ 289 mil viraram R$ 19 mil.”

Em outro depoimento postado no mesmo dia, o suposto cliente alega ter perdido R$ 22 mil com um COE semelhante. “O valor aparece zerado no meu aplicativo, e eu nem sequer fui informado.” Há ainda um caso divulgado na plataforma nesta terça-feira (7) no qual o aplicador reclama ter tido um prejuízo de 80% com o certificado. Dos R$ 25 mil originalmente alocados, poderá recuperar cerca de R$ 5 mil.

Vários COEs preveem que, se os títulos das companhias que servem como lastro caírem mais que um determinado nível no mercado secundário, por exemplo, serem negociados abaixo de 50% do preço de emissão, os vencimentos desses certificados são antecipados. Nesse caso, os investidores pagam a conta, ou seja, amargam os prejuízos, porque o COE é desfeito, o bond é vendido ao preço que o mercado está pagando e o aplicador só recebe o que for possível obter.

O problema é que com os temores sobre potenciais pedidos de recuperação judicial tanto da Braskem quanto da Ambipar, os títulos passaram a ser negociados por uma fração do preço de face. No caso da Ambipar, o efeito foi ainda maior porque a companhia obteve na Justiça um pedido de tutela cautelar para se proteger contra credores por 30 dias, renováveis por mais 30. Esse tipo de sollicitação costuma anteceder processo de RJ.

As preocupações têm levado os títulos emitidos pelas companhias no mercado internacional a serem negociados nos preços mínimos históricos. Os bonds de Ambipar têm sido negociados a 13% do valor de face, enquanto os da Braskem a até 20% do preço original na emissão.

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