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Bonds: como os brasileiros podem investir nesses títulos?

Confira como funciona a principal forma de investir em renda fixa nos EUA.

sala da bolsa de valores com diversos homens segurando tablets, ilustrando o tema “bonds“

Bond significa “obrigação” ou “vínculo”, em tradução literal, além de outros termos, e representa, de maneira genérica, os títulos estrangeiros.

Essa é uma forma comum de investimentos em renda fixa nos Estados Unidos. Investidores também utilizam esses ativos como um item de diversificação da carteira e uma forma de se expor a investimentos no exterior, que geralmente são negociados em dólar.

Quer saber o que é bond, como os bonds americanos funcionam e ainda conferir algumas dicas para investir? Veja neste texto.

O que são bonds e como funcionam?

Imagem de vwalakte/Freepik

Bonds são títulos de dívida pública ou privada que são negociados no exterior. Ou seja, é um termo geral para os títulos de dívida, independentemente de serem emitidos pelo governo ou por empresas privadas.

Bonds são títulos de renda fixa emitidos por empresas em moeda estrangeira e negociados no mercado externo, como nos EUA e Europa. São utilizados para captar recursos para projetos ou operações. São ativos adquiridos por investidores que remuneram o emissor e também possuem data de vencimento”, esclarece Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners.

O funcionamento desses ativos é similar ao que o investidor brasileiro já está acostumado. Quando determinada empresa ou o próprio governo precisa de recursos financeiros, são emitidos papéis para financiar esses projetos com base no dinheiro que será emprestado quando o investidor comprar o título.

Quando o investidor compra um título, ele está emprestando ao emissor, que pode ser um governo, município ou corporação, segundo a SEC (Securities and Exchange Commission, em português Comissão de Segurança e Câmbio), instituição dos EUA equivalente à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). 

Em troca, o emissor promete pagar ao investidor uma taxa de juros (chamados de cupons) específica durante a vida do título e reembolsar o principal, também conhecido como valor de face ou valor nominal do título, quando ele “vencer” ou após um determinado período de tempo.

Há mais de um tipo de bond, com diferentes vencimentos, taxas e pagamento dos cupons (os juros), e os brasileiros também podem se expor ao investimento nesses títulos de diferentes formas.

Além disso, empresas brasileiras também podem emitir bonds. Elas podem ter títulos de renda fixa negociados no mercado exterior.

Diferença de Bonds e debêntures

Logotipo do Nasdaq exibido na Times Square em Nova York, EUA 03/12/2021 REUTERS/Jeenah Moon/File Photo

Segundo Bravo, apesar de serem similares, uma das principais diferenças entre Bonds e debêntures é que os bonds são em dólar (uma moeda forte) e as debêntures são em real. 

Além disso, bonds representam os títulos de forma geral, enquanto as debêntures são para aplicações específicas.

Ou seja, enquanto todos os bonds são debêntures nos EUA, já que é um termo mais geral que também inclui títulos públicos, isso não ocorre no Brasil, visto que debênture é um termo utilizado somente para títulos emitidos por empresas privadas. 

Tipos de bonds

Segundo a SEC, os bonds podem ser classificados quanto ao seu vencimento, que é a data em que a empresa deve pagar os investidores. 

Os vencimentos podem ser de curto prazo (inferior a três anos), médio prazo (quatro a 10 anos) ou longo prazo (mais de 10 anos). 

Os títulos de longo prazo geralmente oferecem taxas de juros mais altas, mas podem acarretar riscos adicionais.

Confira abaixo os tipos de bonds disponíveis no mercado:

1. Treasuries

Os U.S Treasury bonds (título do tesouro dos EUA, em português) são emitidos pelo governo dos EUA, mais especificamente pelo Departamento do Tesouro dos EUA em nome do governo federal. 

Segundo a SEC, “Eles carregam toda a fé e crédito do governo dos EUA, o que os torna um investimento seguro e popular”.

Ainda dentro dos treasuries, temos subcategorias, confira algumas definições da SEC:

Treasury bills

Treasury bills (bilhetes do Tesouro, em português) são títulos de curto prazo com vencimento de alguns dias a 52 semanas (1 ano).

Treasury notes 

Treasury notes (notas do Tesouro, em português) são títulos de longo prazo com vencimento em 10 anos.

Treasury bonds

Treasury bonds (títulos do Tesouro, em português) são títulos de longo prazo que normalmente vencem em 30 anos e pagam juros semestralmente.

TIPS

TIPS (Treasury Inflation-Protected Securities, em português, títulos do Tesouro protegidos contra a inflação) são notas e títulos cujo valor base é ajustado com base nas variações do Índice de Preços ao Consumidor. 

As TIPS pagam juros semestralmente e são emitidas com prazos de 5, 10 e 30 anos.

2. Corporate bonds

Bravo explica que os corporate bonds (títulos corporativos) são títulos de dívida emitidos por empresas privadas para financiar suas atividades.

Segundo a SEC, investidores que comprarem títulos corporativos estarão emprestando dinheiro para a empresa emissora do título. Em troca, a empresa faz um acordo legal de compromisso de pagamento de juros sobre ele e, na maioria dos casos, para devolver o principal quando o título vier a vencer.

Quando o investidor compra um título corporativo, ele não possui patrimônio na empresa, como no caso das ações, mas recebe apenas o valor que foi “emprestado”, juntamente com os juros.

3. Municipal bonds

Segundo a SEC, Municipal bonds (títulos municipais), também chamados de “munis”, são títulos de dívida emitidos por governos locais, como estados, cidades, condados e outras entidades governamentais.

Eles são subategorizados em General obligation bonds (títulos de obrigação geral), Revenue bonds (títulos de receita) e Conduit bonds (títulos de conduíte/ ligação)

4. Emerging market bonds

Emerging market bonds (títulos de mercado emergente) são títulos emitidos por países ou empresas localizadas em locais de economia em desenvolvimento, os mercados emergentes, como Brasil e Índia.

5. High-yield bonds

Os High-yield bonds (títulos de alto rendimento), ou junk bonds, são títulos de dívida emitidos por empresas com baixa classificação de crédito.

Esses títulos possuem uma classificação de crédito inferior, ou seja, que têm maior risco de inadimplência, implicando em taxas de juros mais altas devido ao risco aumentado.

6. Convertible bonds

Além dos tipos de bonds citados, também existe uma classificação com relação aos juros (cupons) pagos.

O coupon é o bond que paga juros semestralmente ou anualmente. Zero-coupon é o termo para o bond que remunera o titular apenas em seu vencimento

Já o Convertible bond (título conversível) é um título que pode ser convertido em um título diferente, normalmente em ações ordinárias da empresa. 

Segundo a SEC, na maioria dos casos, o titular dele determina se e quando converter. Em outros casos, a empresa tem o direito de determinar quando ocorre a conversão.

Ainda de acordo com a instituição, as empresas que não conseguem recorrer a fontes convencionais de financiamento, como ofertas públicas, oferecem títulos convertíveis como forma de captar dinheiro mais rapidamente.

Vantagens e desvantagens

Vantagens

Bonds podem fornecer um meio de preservar o capital e obter um retorno previsível, segundo a SEC, além de fluxos constantes de renda, uma fonte de renda estável e segura.

Geralmente, os bonds pagam juros (os chamados cupons) duas vezes por ano, e fornecem renda em dólar.

Eles também podem ajudar a compensar a exposição a ações mais voláteis. Ou seja, podem auxiliar na diversificação da carteira.

Treasuries, por exemplo, bonds emitidos pelo governo, por exemplo, possuem retorno garantido e quase nenhum risco. Outros tipos de bonds podem oferecer retornos mais altos, mas também há riscos maiores.

As vantagens e riscos variam de acordo com o tipo de bond, no entanto, confira alguns dos riscos gerais levantados pela SEC:

Desvantagens

  • Risco de crédito: possível inadimplência do emissor do título. No caso dos bonds emitidos pelo governo, esse risco é quase nulo.
  • Risco de taxa de juros: os títulos podem ser afetados por mudanças na taxa de juros. 
  • Quando a taxa aumenta, os títulos emitidos recentemente se tornam mais atraentes, enquanto os antigos terão uma taxa de juros mais baixa e pode ser necessário vendê-los com desconto quando não carregados até o vencimento.
  • Risco de inflação: a inflação diminui o poder de compra e representa risco para os investidores que recebem uma taxa de juros fixa.
  • Risco de liquidez: o titular pode não encontrar mercado para o título no momento que quiserem comprar ou vender.
  • Risco de chamada: possibilidade de um emissor rescindir o bond antes de seu vencimento.

Além disso, também há o risco da taxa de câmbio para os brasileiros, já que, ao comprar um título de moeda estrangeira, suas variações podem afetar o valor do investimento.

Lembrando que seu perfil de investidor deve ser levado em conta antes de qualquer investimento.

Como investir em bonds?

Freepik

Segundo Bravo, os brasileiros podem investir em bonds por meio de corretora de valores e bancos que oferecem opções de investimentos direto no exterior.

Essas instituições podem auxiliar o investidor a aplicar seus recursos diretamente em bonds no exterior.

Não existe um padrão de valor mínimo para investir em bonds, já que é um tipo de investimento amplo e possui mais de um tipo.

No Brasil, instituições financeiras como a Avenue oferecem opção de bonds. Também há outras opções para se expor aos bonds sem, necessariamente, comprar diretamente um desses títulos no exterior. Confira:

  • Fundos de renda fixa internacional: Assim como outros fundos de investimento, nos fundos de bonds, investidores (cotistas) compram suas cotas no fundo, juntando os recursos de todos para fazer os investimentos (que são administrados por um gerente de portfólio), neste caso, em renda fixa internacional.
  • ETFs (Exchange Traded Funds, em português, fazer undos de índices negociados em bolsa): são fundos que têm como objetivo reproduzir o desempenho do índice da Bolsa ao qual estão atrelados.

Na B3, existem dois ETFs listados que investem em bonds: o BNDX11, que inclui investimento em títulos de emissores de diversos países, em mercados desenvolvidos (não incluindo EUA) e emergentes, e o USDB11, que aplica exclusivamente em títulos dos EUA.

Bonds e Imposto de Renda

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Bravo aponta que os bonds não são isentos de impostos e, por isso, os investidores brasileiros precisam recolher o Imposto de Renda.

A Receita Federal estabelece que os rendimentos gerados por aplicações em títulos fora do Brasil são considerados ganhos de capital, por isso os cupons adquiridos sobre os bonds também devem ser tributados como ganho de capital.

“Na alienação ou resgate dos bonds, considera-se ganho de capital a diferença positiva, em reais, entre o valor de liquidação ou resgate e o valor original da aplicação financeira, observadas as conversões previstas nos §§ 1º e 2º do art. 2º da Instrução Normativa SRF nº 118, de 28 de dezembro de 2000”, diz a Solução de Consulta Cosit nº 124, de 26 de junho de 2023, publicada no Diário Oficial da União pela Fazenda.

“O contribuinte não estará sujeito ao imposto sobre a renda se o valor total das liquidações ou resgates dos bonds for igual ou inferior a R$ 35 mil no mês em que se tornar disponível para saque”, diz o arquivo.

Isso porque as vendas de ativos financeiros de uma mesma natureza no exterior que não ultrapassam o valor mencionado, de R$ 35 mil, são isentas de ganho de capital.

Acima dos R$ 35 mil, a alíquota vai variar de acordo com o valor dos recursos ganhos, que são calculados pela diferença entre o valor pago na compra e o valor obtido com as vendas.

Confira a tabela abaixo com os valores, segundo Art. 21 da Lei 8981/95:

Base de cálculo mensal (ganhos por mês)Alíquota
Até R$ 5 milhões15%
De R$ 5 milhões até R$ 10 milhões17,5%
De R$ 10 milhões até R$ 30 milhões20%
Acima de R$ 30 milhões22,5%

Os rendimentos dos juros dos bonds (cupons) também são tributados de forma progressiva, dependendo do valor dos ganhos, no entanto, não há faixa de isenção. Portanto, todos são tributados, independentemente do valor.

O imposto é recolhido via DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) e deve ser pago até o último dia útil do mês subsequente ao das vendas.

Este conteúdo é de cunho informativo e não representa qualquer tipo de recomendação de investimento. Antes de investir, procure um profissional qualificado.

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