As ações da Nvidia chegaram a cair mais de 5% logo no início do “after market” no mercado americano, mas pouco tempo depois passaram a negociar com oscilando entre quedas de 2% e 3%. Isso pode ser um mau sinal para os mercados na quinta-feira.
Isso porque havia uma gigantesca expectativa sobre o balanço da fabricante de chips e GPUs, componentes essenciais para o processamento dos modelos de inteligência artificial generativa.
Muitos analistas do mercado apontavam para a existência de um “risco Nvidia”, se os números esfriassem a euforia em torno da inteligência artificial. Isso porque a corrida da IA tem sido o pilar da impressionante valorização das big techs nos últimos anos.
O tamanho da Nvidia — hoje a empresa de maior peso do S&P 500, com quase 8% — e sua posição central no desenvolvimento de IA a transformaram em um termômetro para o mercado como um todo.
Seus chips estão em todo lugar: 40% de sua receita vêm da Meta, Microsoft, Alphabet e Amazon — todas também entre as 10 maiores posições do S&P 500. Em anos recentes, apenas a Apple, em meados de 2023, chegou a ter um peso de 7,7%, percentual parecido com o da Nvida, no índice acionário americano.
Apesar da queda no after market, a Nvidia reportou resultados um pouco mais fortes do que o esperado, tanto em lucro quanto em receita. A fabricante de chips também sinalizou que espera manter o ritmo de crescimento no trimestre atual.
O lucro líquido atingiu US$ 25,78 bilhões, o que representa um lucro por ação ajustado de US$ 1,05, com alta de 59% frente ao mesmo período do ano anterior. Já a receita alcançou US$ 46,74 bilhões, com avanço anual de 56% e trimestral de 6%, ante uma previsão de US$ 46,06 bilhões.
A polêmica do veto às vendas para a China
Para o terceiro trimestre, a Nvidia projeta receita de US$ 54 bilhões, com margem de 2% para cima ou para baixo. A projeção não considera embarques do chip H20 para a China, que tinha sido vetado pelo governo americano.
A receita da Nvidia na China, na verdade, tem sido um problema desde que o governo Biden restringiu a venda de chips de inteligência artificial avançada no país em 2022.
Mas os negócios se complicaram ainda mais com o presidente Donald Trump, que interrompeu as vendas de chips para a China em abril e reverteu a ordem no início de agosto, com a condição de que o governo dos EUA recebesse 15% dos lucros.
E agora o governo chinês está supostamente incentivando empresas locais a evitarem o uso dos processadores H20 menos avançados da Nvidia.
Após um encontro com Trump, no entanto, a Nvidia indicou que deve conseguir licenças para exportar o chip H20 à China. O veto anterior levou a empresa a fazer uma baixa contábil de US$ 4,5 bilhões. Segundo a companhia, se estivessem liberadas, as vendas poderiam ter acrescentado até US$ 8 bilhões à receita trimestral.
Data centers seguem no topo
O balanço mostrou que a divisão de data centers segue como motor da companhia, o que é condizente com a percepção de um avanço sem precedentes da infraestrutura para inteligência artificial. Somente essa divisão faturou US$ 41,1 bilhões, com alta de 56% comparado ao mesmo período do ano passado e subida de 25,6% ante o trimestre anterior.
Segundo a empresa, grandes provedoras de nuvem respondem por cerca de metade das vendas da unidade. Esses clientes estão comprando em massa os chips Blackwell, nova geração da companhia. As vendas do componente cresceram 17% sobre o trimestre anterior e já respondem por cerca de 70% da receita de data centers.