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‘Saldo’ de quem tem IPCA+2040 sobe 3% em uma semana. Inflação mansa reforça a tendência positiva

Taxa recuou de IPCA+7,31% para IPCA+7,11%. Cai o juro, sobe o preço, e melhora as perspectivas de quem pretende vender antes do vencimento

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As taxas dos títulos do Tesouro Direto que pagam a variação da inflação mais um rendimento extra, os IPCA+, recuam nesta terça-feira (11) depois de passarem duas semanas com juro real, ou seja, a parcela acima do IPCA, perto de 8% ao ano.

O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2040 que há uma semana estava pagando a inflação mais 7,31% agora está em 7,11%. Já o IPCA+ 2029 pagava 7,98% ao ano. Na segunda-feira, o retorno caiu para 7,89% e nesta terça-feira já está em 7,83% anuais.

Cai a taxa, sobe o preço. E o “saldo” de quem tem IPCA+ na carteira cresce. No caso do IPCA+2029, a alta foi de 0,8%. No do IPCA+2040, 3% – quanto mais longo o título, maior é o efeito das quedas nas taxas. Claro que as variações sazonais não importam para quem pretende manter esse tipo de título até o vencimento. Para quem pretende vender antes, porém, é essencial acompanhar a variação do preço de mercado.

O movimento de recuo dos IPCA+ já vinha pegando tração nos últimos dias, e ganhou força com a divulgação do IPCA de outubro abaixo do esperado, nesta terça. O índice fechou o mês passado em alta de 0,09% ante um consenso de 0,16%. Trata-se da menor leitura para um mês de outubro do IPCA desde 1998.

O recuo nas taxas dos títulos reflete o aumento da expectativa de que os cortes na Selic estão mais próximos. Além disso, essa percepção foi reforçada pela divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC que adotou um tom mais suave comparado ao documento do encontro anterior. Ainda que o momento do corte ainda não tenha ficado claro, o posicionamento mostra que o colegiado enxerga condições cada vez mais favoráveis para iniciar as diminuições.

Daí a queda das taxas na plataforma do Tesouro Direto. Quando o BC começar a sinalizar que o ciclo de reduções da Selic finalmente já está visível no seu horizonte, os juros longos tendem a recuar porque mais recursos passam a migrar para a renda fixa longa e, com isso, o juro real passa a cair.

Mesmo com a queda recente das taxas, o nível atual de retorno perto de 7% ao ano para os títulos IPCA+ se mantém muito atrativo. O papéis atrelados à inflação ainda permanecem com os maiores rendimentos desde 2016.

Um juro real – aquele que supera a variação da inflação – em torno de 7% ao ano traz uma oportunidade para o investidor travar uma remuneração elevada. O efeito dos juros compostos no longo prazo nesses patamares faz o capital triplicar e até quintuplicar. 

Com a inflação atualmente em queda, os prefixados também se mostram bem vantajosos. O Tesouro Prefixado 2032, por exemplo, está pagando uma taxa prefixada de 13,41% ao ano. Esse retorno equivaleria a um rendimento de IPCA+ 8,85%, se for considerada a projeção para o IPCA no fim de 2025 de 4,55%, segundo o boletim Focus.

Já o Tesouro Selic, no atual patamar da taxa básica de 15% ao ano, teria um retorno equivalente a IPCA + 10,45% ao ano, considerando a projeção do IPCA do boletim Focus para 2025.

Para o curto prazo, o Tesouro Selic, continua sendo uma excelente opção. Mas, se considerarmos o longo prazo, as oportunidades trazidas pelos títulos prefixados ou IPCA+ tendem a ser mais vantajosas, pois a tendência é que mais hora menos hora o juro real saia da casa dos dois dígitos.

Nos próximos anos, se a Selic cair para a casa de 9% ao ano e a inflação estiver em torno de 3%, que é a meta do BC, o retorno vai equivaler a IPCA+ 6%. A vantagem do Tesouro Selic é que você pode vender o papel com riscos muito menores, porque o papel vai trazer o retorno do juro pós-fixado acumulado até o dia do resgate.

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O que explica esse juro ainda tão alto dos títulos públicos é que a última ata do Copom mostrou que o BC vai continuar cauteloso para começar a reduzir os juros. E mesmo quando fizer isso, vai demorar muito tempo para que a Selic volte para um nível de um dígito – condição considerada fundamental para que a renda fixa de fato deixe de ser competitiva em relação à bolsa.

Além disso, a perspectiva de aumento de gastos públicos em 2026, com a aprovação da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, e diante de um ano de eleições, tem mantido as taxas pressionadas. Isso porque um crescimento nos desembolsos vai exigir que o governo aumente o endividamento público para custear as despesas extras.

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