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Stablecoins de ouro: criptos lastreadas no metal já movimentam US$ 4 bi

Tether Gold (XAUt), PAX Gold (PAXG), Kinesis Gold (KAU), Matrixdock Gold (XAUM) e VeraOne (VRO) são os principais tokens ligados ao metal

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O ouro voltou a brilhar em 2025, na contramão do bitcoin (BTC), que tem enfrentado semanas de turbulência em meio à aversão ao risco global. Mas há um segmento do mercado cripto que surfou a maré do metal precioso: o das stablecoins lastreadas no metal precioso.

Stablecoins são criptomoedas pareadas a outros ativos na proporção de 1 para 1. As mais conhecidas – como USDC e USDT – seguem o dólar. Já no caso das stablecoins lastreadas em ouro, cada token pode representar uma onça-troy do metal (31,1035 gramas) ou um grama, dependendo do emissor, com o lastro armazenado em cofres de instituições parceiras.

Atualmente, existem 17 ativos digitais atrelados ao ouro. Juntos, eles somam quase US$ 4 bilhões em valor de mercado – praticamente o triplo de um ano atrás. Entre eles, as cinco principais são Tether Gold (XAUt), PAX Gold (PAXG), Kinesis Gold (KAU), Matrixdock Gold (XAUM) e VeraOne (VRO). As duas primeiras lideram de longe, respondendo por 72% desse mercado.

No Brasil, a PAXG é a mais negociada: no primeiro semestre, movimentou R$ 18 milhões, segundo dados da Receita Federal. Já o XAUt e as outras não aparecem nas estatísticas, o que indica baixa adoção local.

Por que o mercado de stablecoins de ouro cresce?

O crescimento dessas stablecoins acompanhou a subida do ouro. Em outubro, o metal chegou a bater os US$ 4.355 pela primeira vez na história, impulsionado por incertezas econômicas e geopolíticas. A commodity recuou um pouco, mas se mantém acima dos US$ 4 mil nesta segunda-feira (24), com 55,82% de alta – é um dos melhores ativos do ano.

Em oposição, o bitcoin, que costuma ser chamado de “ouro digital” por seus apoiadores, acumula queda de 7% entre janeiro e novembro deste ano. O deslize foi ocasionado por realizações de lucros, saídas intensas de ETFs (fundos negociados em bolsa) e dúvidas sobre o cenário macro.

Parte desse interesse pelo ouro é explicado pela perda (mesmo que pequena) de espaço do dólar no mercado e nos cofres das instituições globais. A fatia da moeda americana nas reservas de bancos centrais, por exemplo, caiu 23% desde 2015, enquanto a fatia do ouro no mesmo período dobrou.

Mas também há um dedinho das stablecoins nessa alta. O banco de investimentos Jefferies disse em nota publicada neste mês que a Tether, emissora da XAUt, acumulou 116 toneladas de ouro no final do terceiro trimestre. Desse total, 12 toneladas servem de lastro para o token XAUt e outras 104 toneladas fazem parte das reservas do USDT, a stablecoin de dólar da empresa.

Com isso, a Tether se tornou uma das maiores detentoras soberanas do planeta, segundo o banco.

Como investir em stablecoins de ouro?

Comprar stablecoin de ouro é bem parecido com investir em qualquer outra cripto. Basicamente, o investidor precisa entrar em uma exchange ou banco digital que ofereça o ativo, transferir reais e adquirir a criptomoeda.

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Uma unidade da XAUt e da PAXG, por exemplo, vale US$ 4 mil hoje (cerca de R$ 22 mil no Brasil), equivalente ao preço da onça-troy. Já a KAU, pareada a um grama do metal precioso, é negociada a US$ 132,20 (R$ 665).

“Durante décadas, investir em ouro significou enfrentar barreiras: contas especializadas, altos custos de custódia e processos lentos. Com a tokenização (processo de transformar ativos, como o ouro, em tokens na blockchain), esse paradigma foi quebrado”, disse Pablo Monti, spokeperson na Latinamerica da BingX.

Quais as vantagens?

A primeira é a possibilidade de adquirir a stablecoin de ouro 24 horas por dia, 7 dias por semana, já que a blockchain não fecha.

Assim como outros ativos digitais, é possível comprar frações dessas criptomoedas, em vez de adquirir um token inteiro.

Guardar ouro físico dá trabalho. No caso da cripto, o investidor não arca com custos de armazenagem física, transporte ou seguros. A custódia fica com o emissor, o que reduz despesas de manutenção.

Quais os riscos?

Apesar dos benefícios, essas stablecoins também oferecem riscos. Um deles é o de contraparte. Você não é o dono direto do ouro, mas de um token emitido por uma empresa privada. Se essa firma quebrar, o valor do token pode ser drasticamente afetado ou mesmo se perder.

Segundo a equipe de research do Deutsch, alguns tokens lastreados em ouro não permitem resgate físico, “limitando o investidor apenas à negociação digital e criando dependência total da empresa emissora”.

Por fim, segundo o banco alemão, a negociação na blockchain também pode “gerar descolamentos temporários de preço quando esses ativos interagem com os mercados tradicionais, que operam em horários específicos e têm processos mais rígidos de liquidação”.

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