Negócios
American Airlines é o novo alvo de movimento especulativo em Wall Street
Fenômeno trouxe volatilidade às bolsas de Nova York e é monitorado por autoridades regulatórias nos Estados Unidos.
Após divulgar resultados corporativos melhores que o esperado pelo mercado, a American Airlines (AALL34) se tornou o novo alvo da ofensiva especulativa de investidores de varejo reunidos em fóruns online. Nos últimos dias, o movimento imprime volatilidade às bolsas de Nova York e é monitorado por autoridades regulatórias nos Estados Unidos.
Em publicações em diversas comunidades na internet, como o Reddit, os operadores organizam ondas de compras de ações em que identificam grandes volumes de posições vendidas de fundos hedge. O objetivo é impulsionar os papéis dessas companhias e impor prejuízos às instituições, que, por meio de contratos de opções, apostam na desvalorização dessas ações.
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Na quarta-feira, o fundo Melvin Capital precisou de uma injeção de US$ 2,75 bilhões em capital para cobrir as perdas causadas por posições na GameStop, cuja ação se valorizou mais de 1.700% em 2021 e, na sexta-feira pela manhã, valia cerca de US$ 488,71 no pré-mercado da Bolsa de Nova York. No Reddit, participantes da campanha afirmam que a intenção é levar a companhia a ultrapassar a marca de US$ 1 mil.
Projeto de ‘vingança’
Nas mensagens, os investidores exortam os internautas a não desmontarem posições e se descrevem em um projeto de “vingança” contra traders institucionais. Muitos deles apontam para o fato de que os responsáveis pela crise de 2008 nunca foram responsabilizados.
Segundo dados da agência Bloomberg, em meio ao movimento, Wall Street teve na terça recorde no volume de negócios, ultrapassando o nível verificado no auge da crise financeira de 2008. Mais de 23 bilhões de papéis mudaram de mãos no pregão da quarta-feira. Diversas corretoras especializadas no investimento varejista registraram problemas em suas plataformas.
Nas redes sociais, traders da Robinhood, a principal delas, relataram que o aplicativo passou a bloquear negócios com a GameStop e outras empresas envolvidas no episódio, entre elas Nokia, AMC e Blackberry.
Na manhã de quinta-feira, após a divulgação do balanço da American Airlines, surgiram indícios de que a companhia aérea também entrou na mira desses operadores. A ação da empresa chegou a disparar mais de 80% no pré-mercado da Nasdaq e, por volta das 11h (horário de Brasília), saltava 25,85%. Os ganhos, contudo, começaram a perder ritmo.
O economista-chefe da Pantheon Macroeconomics, Ian Shepherdson, alegou que a gigante do setor de aviação está tendo o mesmo tratamento da Gamestop. “Estou curioso para ver até onde essa maluquice vai”, escreveu, no Twitter.
A Securities and Exchange Comission (SEC), a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) americana, já revelou estar monitorando a situação, assim como a Casa Branca. Para o analista Albert Edwards, da da Sociéte Generále, a responsabilidade pelo caso é do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), com sua política monetária relaxada.
Edwards adverte que um dos principais sinais de uma bolha é o envolvimento ativo de operadores varejistas. “E se essa multidão de guerreiros millenials do varejo está com raiva agora, espere até que eles percam a calma em qualquer colapso do mercado. Mas é claro que eles e praticamente todos os investidores profissionais acreditam que uma queda de 50%-60% no mercado de ações, como vimos nos mercados em baixa de 2001 e 2008, é impossível”, ironiza.