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Boa condição hidrológica do país anula impacto de seca no AM para empresas

Avaliação é de analistas sobre companhias de energia listadas na B3.

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Com as condições hidrológicas consideradas favoráveis no Brasil, a seca extrema que afeta a região amazônica (uma das piores registradas nos últimos anos) não traz impactos para empresas do setor elétrico brasileiro listadas na B3 (B3SA3). É o que apontam analistas consultados pelo InvestNews.

Barcos e casas flutuantes ficam encalhados no Lago Tefé, afetado pela seca, em Tefé, Amazonas 03/10/2023 REUTERS/Bruno Kelly

Segundo o Grupo de Trabalho da Amazônia, no Amazonas, 59 dos 62 municípios enfrentam seca e 15 deles estão em situação de emergência. A distribuição de calor do oceano Atlântico Norte e o El Niño, fenômeno de aquecimento das águas do oceano Pacífico, têm sido apontados por especialistas como fatores responsáveis pelo momento climático atual que a região enfrenta, já que são inibidores da formação de nuvens. A escassez de chuvas piora a situação dos rios da região, que têm sofrido com volumes abaixo da média histórica.

Mas, embora a maior parte da energia elétrica no país é produzida em usinas hidrelétricas, que dependem da força das águas de rio, o analista independente Ricardo Schweitzer avalia que este cenário na região Norte do país não deve gerar impactos no abastecimento.

“Temos uma queda da capacidade de geração hidrelétrica oriunda de usinas na região, em função da necessidade de redução de vazão. Entretanto, vivemos um contexto de certa folga de capacidade de geração no país, de forma que não devemos ter repercussões em abastecimento”.

Ricardo Schweitzer, analista independente.

Na mesma linha, Vicente Koki, analista de investimentos da Mirae Asset, destaca que é pequeno o impacto dessa situação no setor elétrico, por causa da boa condição hidrológica. 

Redução dos impactos

Recentemente, a usina hidrelétrica Santo Antônio, localizada no Rio Madeira, em Porto Velho (RO) teve suas operações interrompidas em função dos baixos níveis de vazão no rio Madeira, que se encontram atualmente aproximadamente 50% abaixo da média histórica.

Em meio à grave seca, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicou a retomada da disponibilidade das usinas térmicas Termonorte I e II para atendimento do consumo de energia do Acre e Rondônia. No último dia 4, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu acionar as duas usinas para garantir o suprimento de energia em Rondônia e no Acre. 

Vista aérea do Rio Solimões, no Amazonas. REUTERS/Bruno Kelly

De acordo com o ONS, o CMSE também aprovou uma revisão do Plano de Substituição do Parque Gerador do Sistema Elétrico de Roraima, com o objetivo de acelerar a entrada em operação de usinas vencedoras de um leilão do governo e a integração de Boa Vista ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Empresas do setor

Bernardo Viero, analista da Suno Research, explica que, apesar do subsistema Norte ser o menos representativo na capacidade consolidada de armazenamento dos reservatórios, já é possível observar impactos nos preços dos novos contratos de energia, em que, após um fundo atingido em maio deste ano, acumulam uma retomada de 20%. 

“Os preços ainda estão muito baixos do ponto de vista histórico, dado o patamar saudável da maioria dos reservatórios do país, mas, caso esse cenário consolide uma reversão nesse fator sem extremos do ponto de vista contrário (uma crise hídrica, por exemplo), poderíamos ver impactos positivos [para as empresas], principalmente para as geradoras do país”, destaca Viero.

O analista da aponta que a maior parte das empresas geradoras de energia está com os seus projetos de crescimento pausados, esperando preços mais atrativos para justificar os altos investimentos necessários para a construção de novas usinas.

Hidrelétrica de Belo Monte 15/07/2021 REUTERS/Bruno Kelly

Schweitzer avalia que, tendo em vista que as usinas participam do mecanismo de realocação de energia, os riscos operacionais e financeiros são diluídos entre todos os participantes do sistema. Assim, segundo o analista, “os impactos individuais não devem ser significativos”.

O mesmo defende Kokim, que diz não ver reflexos dessa situação nas empresas do setor elétrico na bolsa de valores brasileira.

Sem impactos para o mercado

Koki, da Mirae, aponta que o momento atual climático vivido pela região Norte do país não gera efeitos maiores sobre o mercado financeiro brasileiro. 

“A bolsa de valores está pressionada como um todo, mas devido a outros fatores, como a taxa de juros ainda elevada no Brasil, entre outras questões. Não há o que se falar de impactos no mercado financeiro, exceto pela área de crédito, em conjuntura desfavorável”, afirma Koki.

(*Com informações da Reuters.)

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