A Braskem está em busca de um sócio para sua unidade de polietileno verde, localizada em Triunfo (RS), como parte de uma estratégia mais ampla de desinvestimentos para reduzir seu endividamento de US$ 6,8 bilhões, apurou a Bloomberg.
A petroquímica contratou Banco Santander e Nomura como assessores financeiros para a possível venda de participação na operação, que produz 275 mil toneladas anuais de eteno verde — matéria-prima considerada sustentável por capturar cerca de duas toneladas de CO2 para cada tonelada produzida. A unidade de eteno verde, inaugurada em setembro de 2010, representa um dos poucos ativos da Braskem com apelo sustentável.
A Braskem tem como meta ampliar sua produção anual de polietileno verde para 1 milhões de toneladas até o início da próxima década. Esse tipo de resina costuma ter um prêmio maior, garantindo assim margens mais atrativas para a empresa.
A iniciativa ocorre simultaneamente às negociações preliminares com a Unipar para venda das plantas de polipropileno nos Estados Unidos, avaliadas em US$ 1 bilhão. A Unipar confirmou ter assinado acordo de confidencialidade em 25 de julho, mas destacou que “não há definição sobre os ativos que farão parte da transação”.
A dívida líquida da Braskem cresceu US$ 235 milhões apenas no segundo trimestre, alcançando US$ 6,8 bilhões — equivalente a 10,6 vezes o lucro operacional (Ebitda) da companhia. O patamar elevado de endividamento tem pressionado a controlada da Novonor a acelerar a venda de ativos não estratégicos.
Controle em disputa
O processo de venda ocorre em meio a um cenário corporativo complexo. O empresário Nelson Tanure negocia com a Novonor a aquisição de sua participação de 38,3% na Braskem, oferecendo uma potencial saída após o fracasso de outras tentativas de negociação.
A Novonor, no entanto, tem ações da Braskem como garantia de dívidas não pagas, o que significa que qualquer operação de venda deve ser previamente aprovada por credores da holding.
Adicionalmente, a petroquímica ainda lida com as consequências financeiras e reputacionais do desastre ambiental em Alagoas, onde atividades de mineração causaram rachaduras no solo urbano e forçaram a realocação de milhares de famílias.
Em nota, a Braskem confirmou “discussões com a Unipar sobre potenciais oportunidades envolvendo ativos ou participações societárias”, mas ressaltou que “nenhum acordo vinculativo foi firmado entre as partes”. Santander e Nomura não comentaram.