Breaking: Tanure leva proposta pela Braskem ao Cade e avança pelo controle da petroquímica

Notificação marca novo passo nas negociações, mas empresário ainda depende de acordo com bancos e solução para impasse em Alagoas

O empresário Nelson Tanure acaba de notificar ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre sua intenção de adquirir o controle da Braskem, marcando mais um passo na negociação iniciada em meados de maio entre Tanure e a família Odebrecht, que hoje controla a petroquímica.

O envio da operação ao órgão antitruste ocorre mesmo sem um contrato definitivo entre as partes, mas é vista por fontes próximas como uma forma de dar tração às tratativas e sinalizar engajamento. Pessoas que acompanham o negócio disseram ao InvestNews que as diligências estão na reta final.

A proposta prevê que Tanure, por meio do fundo Petroquímica Verde, assuma o controle da NSP, veículo dos Odebrecht dono de 50,1% das ações com direito a voto da Braskem. Em troca, a Novonor, a holding da família Odebrecht, manteria uma participação minoritária e simbólica. Neste formato de aquisição, há o entendimento de que não será necessária uma oferta pública de aquisição (OPA) para os minoritários.

De acordo com fato relevante publicado na manhã desta segunda-feira (7), o fechamento da transação, no entanto, depende de três fatores: o aval do Cade; o apoio da Petrobras, que é a segunda maior acionista da Braskem; e o aval dos bancos credores, que detêm ações da petroquímica como garantia de dívidas da Novonor de cerca de R$ 15 bilhões.

Tanure já havia reconhecido publicamente que o apoio dos bancos é essencial, mas lembrou que eles “não têm controle efetivo” sobre a Braskem. “As ações são detidas pela Novonor e apenas estão em alienação fiduciária para garantir empréstimos”, disse o empresário à Reuters.

Petroquímica verde como tese

Nelson Tanure tem vendido ao mercado a ideia de transformar a Braskem em uma referência global em petroquímica verde. Um de seus planos é fazer do polo de Camaçari (BA) um centro de inovação em química sustentável. Também defende maior protagonismo da Petrobras na governança da empresa, o que pode ajudar a ganhar apoio político para a transação.

Na semana passada, o empresário fez uma manifestação pública sobre os investimentos industriais da Braskem. Em rede social, celebrou o plano de R$ 33 bilhões da Petrobras no estado do Rio de Janeiro, ao lado de um aporte de R$ 4,3 bilhões da Braskem para produção de polietileno, dizendo:

“Acredito profundamente no papel da indústria petroquímica para o futuro do país e, acima de tudo, no potencial do Brasil para assumir uma posição de protagonismo global na química verde”, escreveu Tanure no LinkedIn.

Maceió ainda é obstáculo

Outro fator crucial é a resolução definitiva do passivo ambiental em Alagoas, relacionada ao afundamento de solo em Maceió, causado por antigas operações da Braskem. A companhia já reservou cerca de R$ 18 bilhões para lidar com esse tema.

O Valor Econômico noticiou na última semana que Tanure contratou a firma americana Aecom, conhecida por ter atuado pela Samarco no caso do rompimento da barragem de Mariana (MG).

Exit mobile version