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Com nova expectativa sobre juros nos EUA, ações de varejo disparam na B3
A turbulência no mercado levou investidores a especular que o Fed não aumentará mais os juros em 0,50 ponto percentual neste mês.
As ações das empresas de varejo, construção e tecnologia sobem nesta segunda-feira (13) na B3, depois que economistas do Goldman Sachs disseram que não esperam mais que o banco central dos Estados Unidos (Fed) eleve juros em 0,50% na próxima semana.
A nova expectativa ocorre após a crise do banco americano SVB, que foi fechado na sexta-feira (10) em meio a um aumento de capital fracassado.
Na semana passada, o presidente do Fed Reserve, Jerome Powell, afirmou que provavelmente precisaria elevar os juros mais do que o esperado – ou seja, em 0,50 ponto percentual, acima do aumento de 0,25 p.p da reunião de fevereiro.
Agora, segundo informações da Reuters, a aposta dos operadores estão divididas igualmente entre uma pausa ou uma alta de 25 pontos-base nos juros na próxima reunião de política monetária do Fed, nos dias 21 e 22.
Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital, explica que a alta de juros nos Estados Unidos prejudicaram a atividade operacional do banco e impactou a liquidez do mercado norte-americano, o que pode levar o Fed a observar um pouco melhor a elevação da taxa por lá.
“Uma vez que os Estados Unidos têm um histórico recente, dada a grande da crise de 2008 que aconteceu dentro do setor financeiro, com certeza o Fed vai passar a analisar com ainda mais cuidado um possível e eventual aumento dos juros”, diz.
Juros futuros em queda
Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, explica que a nova expectativa fez com que os juros futuros registrassem forte queda nesta segunda-feira.
“Com isso, se abre espaço para que a Selic (taxa básica de juros do Brasil) caia em breve e isso beneficia empresas de crescimento, que possuem maior endividamento e também para empresas inseridas em segmentos que dependem do maior poder de compra dos consumidores, com destaque para varejo e construção civil”.
Neste sentido, Ricardo veles, CIO da Futurum, explica que o valor de uma ação é precificado como o valor presente de um fluxo futuro de geração de caixa para seus acionistas, que é descontado pela taxa de juros local. “Portanto, o movimento que explica a alta de hoje no setor de varejo é a expectativa de juros menores em um horizonte próximo”.
Por volta das 16h30, os papéis de Via (VIIA3) e Magalu (MGLU3) subiam mais de 10%, à frente do maiores avanços do principal indicador da B3, o Ibovespa.
Entenda a falência do banco
Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital, explica que a situação do Silicon Valley Bank (SVb) foi um descasamento entre os ativos (o que banco tem efetivamente para honrar com os pagamentos) e os passivos (depósitos feitos pelos clientes).
O banco, acrescentou Martins, é focado em startups e, em geral, as garantias eram as ações dessas empresas. “Quando começa um ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, como o que aconteceu, esses títulos têm uma depreciação alta. E, a partir do momento que os clientes começam a precisar dos recursos, por falta de dinheiro e acesso ao crédito, o banco fica numa situação difícil de honrar com os depósitos”, explica.
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