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Creditas: modelo de negócio que já estava preparado para a pandemia
O CEO Sergio Furio falou como a fintech de empréstimo enfrentou o cenário da crise trazida pelo novo coronavírus.
No período mais crítico da pandemia do novo coronavírus, o risco de inadimplência fez a tomada de crédito ficar ainda mais difícil. Neste cenário, fintechs de empréstimo se tornaram uma alternativa. O CEO e fundador da Creditas, Sergio Furio, avalia que a fintech de empréstimo com garantia é um modelo de negócio que se adaptou, mas que já se mostrava preparado para a pandemia. “Somos totalmente digital, protegido pelo colateral do cliente e com uma taxa de juros baixa. Engatamos perfeitamente nessa oportunidade da pandemia”, explicou.
A empresa, que estava com um crescimento de três vezes ao ano, conseguiu manter suas atividades durante a pandemia, mesmo identificando dois riscos para o período: o de crédito e o de liquidez.
A Creditas continuou com a equipe, o plano de expansão, mas em um ritmo mais devagar para entender o que poderia estar acontecendo no mercado. “Depois do segundo trimestre, retomamos nosso crescimento, aceleramos nosso plano e voltamos a contratar novamente”, explicou Sergio. Segundo ele, somente no mês de outubro, mais de 85 pessoas passaram a trabalhar na Creditas.
Inadimplência e estratégias
Ao InvestNews Entrevista, Sergio contou que, mesmo com aumento de cerca de 40% a 50% da procura por crédito no mercado digital, a inadimplência não foi expressiva durante a pandemia. “O que vimos foi o aumento de uma inadimplência operacional, atrasos de 5, 10, 15, 20 dias em abril e maio, e rapidamente esse cenário deu a volta. Hoje, a inadimplência está abaixo do que tínhamos em março”, destacou.
Fundada no ano de 2012 tendo entre seus principais produtos o empréstimo com garantia de imóvel, empréstimo com garantia de veículo e empréstimo consignado privado, a Creditas, que já recebeu mais de 5 milhões de solicitações de empréstimos, usou como uma de suas estratégias de proteção durante o cenário de crise econômica do país a adequação do comportamento do cliente com a maior volatilidade. “Olhamos cliente por cliente. Criamos uma série de algoritmos que identificavam qual grau de impacto a pandemia poderia causar naquele setor, área e pessoa para criar plano de reestruturação do crédito e algo customizado aos clientes”, contou o CEO da Creditas.
Além disso, no final do mês de março, a Creditas eliminou as alternativa que os clientes ainda tinham para fazer processos de forma presencial. Tudo passou a ser por meio da plataforma virtual da fintech. Algo que Sergio Furio destaca que contribui para estimular o crescimento. “Estávamos com produtos totalmente digitalizados e automatizados. Os produtos começaram a ter aumento de demanda. Com isso, reduzimos as margens de marketing e ampliamos as margens dos negócios e, com os investimentos que tínhamos feito nos últimos anos, isso permitiu acelerarmos o crescimento”, disse.
Pix e open banking
Durante a entrevista, o fundador da Creditas falou ainda sobre a importância do open banking – sistema de compartilhamento de dados, informações e serviços financeiros pelos próprios clientes bancários em plataformas de tecnologia – para o setor. Segundo ele, o open banking vai causar um grande impacto, tanto por o cliente ser o dono do dado e ele entregar para quem ele quiser, quanto para as empresas conhecerem melhor o cliente.
Furio também avaliou como positiva a chegada do Pix, o serviço brasileiro de pagamentos instantâneos. Para ele, haverá a facilidade de entregar o dinheiro ao cliente 24h por dia, em 7 dias da semana, assim como também de o cliente poder pagar sua parcela do crédito sem ficar limitado a horários e dias da semana, correndo o risco de ter que pagar juros e multa. “Isso é relevante. O processo de cobrança dos clientes vai ser mais eficiente, a gente vai pagar menos para fazer um processo de cobrança e isso ajuda a reduzir a taxa de juros também”, destacou.
Desafios para fintechs
Entre os principais desafios para as fintechs de empréstimo no país, o CEO da Creditas apontou que as empresas precisam criar um diferencial competitivo e sustentável. “Não é fácil, mas tem espaço para muita gente. Tem muita coisa para fazer no Brasil e as fintechs vão ajudar a otimizar esse processo e a criar uma experiência mais bacana”, afirmou Furio.