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De painel solar a bateria: como a BYD quer criar ‘Vale do Silício brasileiro’

Stella Li, CEO da montadora nas Américas, disse em evento que Campinas (SP) e Camaçari (BA) serão polos de tecnologia no país.

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Engana-se quem pensa que a chinesa BYD almeja apenas ser a maior fabricante de carros elétricos do mundo – feito já alcançado, superando inclusive a americana Tesla, de Elon Musk.

Nesta sexta-feira (15), a montadora lançou um novo laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de painéis solares em Campinas, no interior paulista. É a primeira empreitada do tipo na América Latina, com investimento de R$ 65 milhões para estudar o ciclo de produção de módulos fotovoltaicos – o que envolve analisar sua principal matéria-prima, o minério de silício.

A empresa também anunciou que vai trazer em 2024 ao Brasil o “Battery Service Center“, braço que dará suporte para os produtos que utilizem baterias da BYD no país e na América Latina, assim como comercializar carregadores rápidos para carros elétricos. 

Instalada no Brasil desde 2014, a companhia tem também três fábricas: uma unidade de montagem de chassis de ônibus 100% elétricos (Campinas), outra para a produção de baterias veiculares (Manaus), além de um complexo industrial – que pertenceu à Ford – em Camaçari (BA).

“Campinas e Camaçari serão o Vale do Silício brasileiro”, apontou à imprensa nesta sexta-feira Stella Li, CEO da montadora nas Américas, acrescentando que além de empregos nas regiões, a companhia almeja gerar bolsas de estudos para universitários. Hoje, a BYD tem parcerias com universidades públicas, como Unicamp, UFSC e Unesp.

Stella Li, CEO da montadora nas Américas

A executiva disse em evento que a marca vai abrir mais de 100 concessionárias no Brasil em 2024, estratégia que visa aumentar ainda mais as vendas de carros elétricos no país, assim como de carregadores de bateria e kits de energia solar.

“Há pouco tempo, o mercado brasileiro tinha 0,8% de participação [venda de elétricos]. Agora, já está em 3,6% e o ritmo deve ser de maior crescimento, batendo os 10% em três anos”, apontou Li, que também vislumbra ser líder no mercado de energia solar no Brasil.

Mas a fabricante, que não produz mais veículos à combustão, está apostando fortemente em outras formas de ganhar presença em solo brasileiro. Foi anunciado o serviço de aluguel por assinatura, como o oferecido pelas principais montadoras do país. A empresa Arval, do BNP Paribas, será a responsável pela operação prevista para o primeiro trimestre de 2024.

Já uma outra ofensiva é a parceria com a Porto Seguro, que oferece um ano de cobertura grátis para os clientes que comprarem até o dia 20 deste mês os modelos 2023/2024 do Song Plus, Yuan Plus, Tan EV e Dolphin EV.

O primeiro e o último são os carros mais vendidos no Brasil, segundo a montadora. Porém, é o Dolphin (nome em alusão a um golfinho) o veículo mais barato da montadora (R$ 149.800). 100% elétrico, ele inclui de karaokê a game – uma porta de entrada diferente para o brasileiro que quer ter um elétrico para chamar de seu.

O Dolphin é o primeiro veículo da BYD Brasil a adotar o design da linha “Ocean” inspirada nos animais marinhos e oceano.

Com um conjunto acetinado em tom azul celeste e tênis brancos com detalhes em dourado, Stella Li disse entusiasmada para uma plateia de cerca de 300 pessoas que a BYD quer que os brasileiros se apaixonem pela marca em toda a sua cadeia: veículos elétricos, eletricidade limpa gerada via painéis solares e  baterias para a armazenagem.

Ao que parece, o objetivo da marca chinesa é transformar o Brasil em Shenzhen, local da sede da companhia. A metrópole, situada no sudeste da China, tem 100% do transporte público eletrificado, o que aponta para uma menor poluição sonora quando comparado a cidades com ônibus movidos a combustão. A companhia já produziu o primeiro trem elétrico da linha 17 de São Paulo (monotrilho), ainda sem previsão para ser colocado em uso.

Segundo o cônsul geral da China, presente no evento, o presidente Lula visitou recentemente o país asiático e fez acordos de cooperação construindo um novo futuro entre os países. 

Atualmente, a BYD tem mais de 600 mil funcionários em todo o mundo, sendo 90 mil PHDs. A companhia também detém 11 mil institutos de pesquisa, que fazem, juntos, uma média de 19 patentes – por dia. Cerca de 20% dos celulares do mundo têm algum componente feito pela BYD, segundo Marcelo Schneider, diretor da companhia. 

Atuando em tanta pontas, resta saber se a próxima tacada pode vir a ser alguma negociação com a Sigma Lithium, mineradora americana que extrai lítio verde no Vale do Jequitinhonha (MG). Questionado pelo InvestNews, Schneider disse que o assunto é confidencial.

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