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Fleury aposta em expansão do mercado de genoma após parceria com Einstein

Gênesis, joint venture especializada em genoma, começa a operar no segundo semestre deste ano.

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O Grupo Fleury (FLRY3) finalizou a criação da joint venture em parceria com o Hospital Albert Einstein na área de genômica e vê grande potencial de crescimento deste segmento no mercado brasileiro. Hoje, a área genômica representa 3% dos negócios do Fleury, mas a expectativa é chegar ao mesmo patamar do que ocorre em mercados de países desenvolvidos, ao redor de 10%.

É o que afirma o médico Edgar Gil Rizzatti, presidente de Unidades de Negócios Médico, Técnico, de Hospitais e Novos Elos do Grupo Fleury. Ele aponta que o índice de 3% da empresa está acima da média nacional, que é de 1% nos laboratórios de análises clínicas. Mas os olhares estão voltados à realidade do mercado externo.

“Os dados que a gente tem pelo mundo, tanto Europa quanto Estados Unidos, é que o mercado de genômica a grosso modo representa ao redor de 10% desses países desenvolvidos. A gente entende que tem um mercado para crescer e a gente deve atingir muito rapidamente um patamar mais parecidos com esses mercados, algo na ordem de 10%, sabendo que nos grandes laboratórios clínicos, especialmente nos EUA, esse percentual hoje é até maior, na ordem de 15% a 20%.”

Edgar Gil Rizzatti, presidente de Unidades de Negócios Médico, Técnico, de Hospitais e Novos Elos do Grupo Fleury

Foto: Divulgação

A Gênesis Análises Genômicas nasce sob o controle do Fleury, que possui participação majoritária da empresa. E as operações começam a funcionar no segundo semestre deste ano.

Os investimentos em genômica estão cada vez mais fortes, principalmente nos países desenvolvidos. No Brasil, podemos ver avanços significativos, apesar de serem menos volumosos financeiramente.

No Fleury, o setor de genômica apresentou um crescimento de 48,7% da receita bruta no primeiro trimestre de 2023 quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Neste ano, a receita foi de R$ 36,8 milhões, contra R$ 24,8 milhões no primeiro trimestre de 2022.

Com a crise econômica, o mercado brasileiro sofreu com a saída de alguns players estrangeiros que atuavam no país.

Novo sequenciador genético da Gênesis, joinv venture do Fleury e Einstein (Foto: Divulgação)

Pioneirismo genômico no país

O Fleury foi o pioneiro de investimentos em genoma e genética no país. A genômica nasceu com a criação de aparelhos de sequenciamento de DNA de nova geração no início da década de 2010, já que o projeto genoma demorou 13 anos para ser finalizado.

Atualmente a genômica conta com testes com maior demanda na áreas de doenças hereditárias e de doenças adquiridas, como o câncer, com o sequenciamento das células tumorais, para direcionar tratamentos, por exemplo. Além disso, a medicina fetal e exames de fertilidade também têm grande procura.

Rizzatti afirma que o Fleury vai usar sua expertise na realização de exames ambulatoriais enquanto o Einstein irá utilizar seu corpo clínico, incluindo os médicos altamente renomados, para realizar pesquisas.

“O que estamos nos propondo é pegar o melhor que o Fleury faz dentro do sequenciamento de nova geração. Fizemos uma combinação de negócios onde utilizaremos todos os nossos recurso em termos de equipamentos, pessoas e competências e vamos aportar para essa nova companhia”, diz.

Atualmente, o Fleury tem 520 unidades espalhadas pelo país após a compra da Hermes Pardini.

“Nós temos um ampla capilaridade em termos de laboratórios parceiros e uma logística muito significativa. Então, hoje a gente pode trazer amostras de qualquer lugar do país para realizar os exames de gênesis”, diz Rizzatti.

“Quando a gente junta essas complementariedades com o Einstein, tem a criação de uma empresa com capacidade de fazer uma prestação de serviços a nível nacional, com amplo portfólio de exames e capacidade de resolver os problemas de pacientes e médicos.”

Edgar Gil Rizzatti, presidente de Unidades de Negócios Médico, Técnico, de Hospitais e Novos Elos do Grupo Fleury (Foto: Divulgação)

Empresas de genoma na B3

O Fleury (FLRY3) é uma das poucas empresas listadas na bolsa de valores brasileira que investem em genoma. A Hypera Pharma (HYPE3) a Blau Farmacêutica (BLAU3) têm uma participação menor neste segmento.

“Hypera e Blau por restrições de regras, leis, patentes e obviamente investimentos maciços e pesados que muitas vezes não se materializam em fármacos e tratamentos assertivos, eles são desincentivados a fazer isso [investir em genoma] no Brasil porque acaba reduzindo bastante essa atuação em P&D de desenvolvimento e pesquisa, elas acabam sendo muito mais distribuidores de remédios de marcas tradicionais ou desenvolvem moléculas adicionais quando quebram a patente.”

Hugo Queiroz, sócio-diretor da L4 Capital.

Nesse cenário, analistas da Genial Investimentos analisam como positiva a parceria do Fleury com o Einstein para a criação da Gênesis.

“O Fleury busca estabelecer-se como uma referência na oferta de serviços de genômica, análise molecular e genética. Além disso, o objetivo é direcionar-se ao mercado de medicina personalizada e de precisão, proporcionando soluções avançadas e adaptadas às necessidades individuais dos pacientes”, escreveu Eduardo Nishio, head de research, em relatório.

De acordo com levantamento com 9 casas feito pela ferramenta Valor Pro, 5 recomendam compra da ação FLRY3 – Mirae, Terra Investimentos, Guide, Safra e Itaú BBA. Já BTG, Santander e XP Investimentos têm recomendação neutra para o papel.

Criação da Gênesis

O Grupo Fleury possui 55% de participação da Gênesis, enquanto o Hospital Albert Einstein tem 45%. A empresa já foi concebida com essa configuração, já que o Fleury é uma companhia de capital aberto e os resultados financeiros podem impactar os resultados do grupo.

O valor investido não foi divulgado. A criação da joinv venture foi anunciada em dezembro de 2021, mas o processo foi finalizado somente em junho deste ano. As operações começam no segundo semestre deste mês, mas o mês não foi anunciado.

A Gênesis representa em torno de 3% do faturamento do Fleury, enquanto no mercado geral de análises clínicas no Brasil, a área genômica não responde a mais de 1% do resultado financeiro.

A operação terá mais de 300 testes oferecidos. A empresa planeja lançar nos primeiros anos de atuação novidades em diversas áreas médicas; de doenças raras para facilitar e acelerar o diagnóstico; da medicina reprodutiva e de fertilidade; de farmacogenômica para facilitar e guiar o uso de medicamentos comuns à população geral; e de genética preventiva, que faz testes genéticos em pessoas saudáveis com intuito de prevenção.

Além disso, será utilizada a expertise em bioinformática da Varsomics, plataforma de análise genética humana do Einstein, incorporada à Gênesis. O projeto prevê, ainda, a disponibilização de serviços de aconselhamento genético presencial e por telemedicina.

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