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Fusão com Vibra seria benéfica para Eneva, aponta Fitch Ratings

Segundo a agência de risco, fusão entre as companhias melhoraria perfil de crédito da Eneva.

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A Vibra (VBBR3) jogou “água no chop” da Eneva (ENEV3) ao recusar a proposta de fusão das empresas, justificando que os termos propostos não eram atrativos para seus acionistas. Isso porque o valor de mercado das companhias não é o mesmo e a proposta avaliava ambas de forma igual em uma troca de ações. Não se descarta, agora, aprofundar as negociações, em especial sobre o modelo de governança com a nova estrutura, caso se concretize.

A questão é que, segundo a agência de classificação de risco Fitch Ratings, uma fusão entre as companhias melhoraria o perfil de crédito da Eneva, uma vez que a alavancagem líquida (nível de endividamento) atual da empresa é de 4,8 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, amortização e depreciação), mas passaria para 3,6 vezes.

Crédito: Adobe Stock

A agência também apontou que uma eventual nova empresa traria mais robustez à avaliação da Eneva, uma vez que teria uma base de negócios significativamente maior e mais diversificada, além de contar com a incorporação do balanço da Vibra.

Ainda segundo a Fitch, uma eventual combinação de negócios entre Vibra e Eneva formaria uma companhia com Ebitda de R$ 7,6 bilhões, com margem de 4,4%. 

Grupo Ultra seria ‘bom candidato’

A constatação da agência foi levantada antes mesmo pelos acionistas da Vibra e, por isso, as tratativas recuaram. Mas analistas não descartam a possibilidade de que as negociações entre as companhias continuem, mas sob novos moldes. Caso contrário, um novo ativo pode ocupar o lugar da discussão. E o Grupo Ultra (UGPA3) pode ser um bom candidato, na avaliação da L4 Capital. 

“Se não vier Vibra, de repente o grupo Ultra pode ser alvo de uma junção com a Eneva, uma vez que o portfólio faz sentido, o grupo tem muito gás, gostaria de ter fornecimento e crescer em energia. Há sinergias interessantes e um valuation parecido com o da Vibra”.

Hugo Queiroz, da l4 capital.

Nesta quarta-feira (29), o valor de mercado do Grupo Ultra é de R$ 27,5 bilhões, enquanto a Vibra é avaliada em R$ 26,2 bilhões, contra R$ 19,6 bilhões da Eneva.

No entanto, Queiroz avalia que devem ocorrer novas rodadas de conversa sobre a possível fusão de Vibra com Eneva e que parâmetros como geração de caixa, endividamento em relação a margens e crescimento vão ser incorporados na discussão. Ele acredita que a avaliação dos ativos de forma igual “não vai existir”.

Ruy Hungria, da Empiricus Research, corrobora com a tese. Ele aponta que a relação de troca parecia desajustada pelo fato da Eneva valer cerca de 20% menos que a Vibra.

“Isso não quer dizer que as chances de uma fusão acabaram, mas além de tentar convencer a Vibra sobre as vantagens da fusão, tudo indica que a Eneva terá de propor uma relação de troca na qual terminaria com uma fatia menor do que 50% da companhia resultante se quiser ter sua proposta aceita”. 

Ruy Hungria, da  Empiricus Research.

Para que o negócio dê certo, não é descartado um aporte adicional, provavelmente da Eneva, e como recurso pode ser utilizado inclusive as térmicas do BTG Pactual (BPAC11) – acionista de referência – como complemento, fazendo com que o banco de André Esteves cave um ganho de participação maior na nova companhia, segundo a L4 Capital.

Sobre este ponto, o CEO da Squadra, Guilherme Aché (que detém 4% do capital da Vibra), disse ao “Brazil Journal”, antes da recusa oficial da companhia, que não faz sentido para a empresa combinada absorver as quatro térmicas do BTG como o banco propôs. “Como acionista da Vibra, não quero comprar térmicas a valor de laudo, muito menos movidas a óleo”, afirmou ao site.

Adobe Stock

Aché apontou ainda que os ativos da Vibra eram os grandes viabilizadores da proposta, e por isso, brigaria contra o negócio, já que a empresa estava pagando um prêmio para ser comprada, o que era “genial”. Mas ele foi irônico, uma vez que a Eneva, segundo ele, estaria usando o balanço da Vibra para se desalavancar – como apontado hoje pela Fitch.

Leitura do mercado

Queiroz, da L4 Capital, reitera que ao olhar os ativos, “Vibra é melhor do que Eneva”. “Tem fatores de qualidade melhores, e os sócios sabendo disso, vão apertar mais em benefício deles, como a própria Squadra e Dínamo”.

Em fato relevante na noite de terça-feira (28), a Vibra disse que seu conselho está cumprindo com os deveres fiduciários e zelando pelo interesse dos acionistas, atenta a uma eventual nova manifestação da Eneva, “caso seja de seu interesse melhorar significativamente os termos apresentados”.

Apesar da queda dos papéis no pregão de segunda-feira (27), nesta quarta-feira (29) eles operavam em alta, com VBBR3 acumulando alta de 2,8% às 13h50, cotada a R$ 22,47, e ENEV3 operando 0,8% acima do fechamento do dia anterior, a R$ 12,45. Para o mercado, os números apontam que o recuo na oferta faz sentido. 

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