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Após investir no Brasil, General Atlantic aposta no futebol mexicano antes da Copa de 2026

Gestora americana compra participação no Club América e no Estádio Azteca e reforça estratégia regional

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A gestora americana General Atlantic está investindo centenas de milhões de dólares no futebol mexicano na corrida para a Copa do Mundo de 2026.

A empresa acertou a compra de 49% do Grupo Ollamani, controlador do América do México, um dos maiores times do país, e do Estádio Azteca, em Cidade do México, palco da abertura do Mundial de 2026. O acordo foi anunciado em comunicado conjunto pelas companhias na terça-feira (23).

A nova holding formada para abrigar os ativos se chamará Grupo Águilas e foi avaliada em US$ 490 milhões, segundo as empresas. A fatia da General Atlantic equivale a cerca de US$ 240 milhões.

O Grupo Televisa, gigante de telecomunicações e mídia do México, criou a Ollamani em fevereiro de 2024 para separar ativos não relacionados à mídia — como o clube e o estádio — e concentrar esforços em seus negócios principais. A Ollamani manterá os 51% restantes do Grupo Águilas, e o presidente do conselho da Televisa, Emilio Azcárraga Jean, assumirá como presidente executivo da nova empresa.

“Essa aliança estratégica nos posiciona de forma sólida para a próxima etapa de liderança, à medida que ampliamos nosso alcance e entregamos experiências ainda mais marcantes para os torcedores no México e além”, afirmou Azcárraga Jean, em comunicado.

O movimento reforça a estratégia da General Atlantic de ampliar sua exposição ao futebol e a direitos esportivos na América Latina. No Brasil, a gestora é investidora da Liga Forte União (LFU) e também adquiriu participação minoritária na LiveMode, empresa responsável pela negociação dos direitos de transmissão dos clubes do bloco e dona da Cazé TV.

A General Atlantic e a Ollamani também firmaram parceria com a Kraft Analytics Group, braço de dados e consultoria do grupo do bilionário Robert Kraft, dono do New England Patriots, da NFL, e do Gillette Stadium, nos Estados Unidos.

“Estamos entusiasmados em aprofundar nosso compromisso com o dinâmico mercado mexicano e com seu potencial internacional”, disse Luis Cervantes, chefe do escritório da General Atlantic na Cidade do México.

O Club América, adquirido pela Televisa em 1959, é o time mais vitorioso do país, com mais de 40 títulos nacionais e internacionais, além de uma base de torcedores expressiva no México e nos Estados Unidos. O clube é listado na Bolsa mexicana, sendo um dos poucos times de futebol de capital aberto no mundo, ao lado de gigantes europeus como Manchester United e Juventus.

Torcedores do América do México, clube investido pela General Atlantic (Club América/Divulgação)

Já o Estádio Azteca — agora chamado de Estádio Banorte, após a venda dos naming rights — passa por uma reforma de US$ 106 milhões para a Copa do Mundo.

Além do futebol, a Ollamani também controla uma divisão de jogos, com 18 cassinos, e ativos editoriais, incluindo a revista semanal de entretenimento TVyNovelas.

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Liga MX

O futebol mexicano é visto como especialmente atraente para investidores estrangeiros após a liga nacional, a Liga MX, decidir que um mesmo grupo não pode controlar mais de um clube. Três conglomerados empresariais — incluindo um ligado ao bilionário Ricardo Salinas Pliego — ainda possuem múltiplos times e precisarão vender ativos para evitar sanções.

“Podemos avançar de forma decisiva no fim da multipropriedade com a entrada de capital estrangeiro”, disse Mikel Arriola, presidente da Liga MX, em entrevista em novembro. “Hoje, a liga mexicana é extremamente atraente para investidores americanos.”

Comprar clubes no México também é mais barato do que adquirir uma franquia da Major League Soccer (MLS). As entradas mais recentes na liga americana — Charlotte FC e San Diego FC — custaram US$ 325 milhões e US$ 500 milhões, respectivamente. Já o valor de clubes da elite europeia costuma superar US$ 1 bilhão.

Arriola afirmou ainda que o apetite por ativos mexicanos deve crescer à medida que o futebol ganha novos públicos nos EUA e o efeito da Copa de 2026 se prolonga além do torneio. Segundo ele, dez fundos americanos já buscam oportunidades no país.

Nos últimos anos, o futebol mexicano vem atraindo aportes relevantes. Em 2021, a atriz Eva Longoria e um grupo de investidores americanos adquiriram 50% do Club Necaxa. Em 2025, o Club Querétaro foi comprado integralmente por US$ 120 milhões pela Innovatio Capital, tornando-se o primeiro time da primeira divisão mexicana com controle estrangeiro total.

Outros clubes, como o Atlas FC, também devem ser vendidos a investidores americanos nos próximos meses.

“Quando você olha o cenário global, a pergunta é: onde ainda existe espaço para capturar valor que não foi totalmente explorado?”, disse Sam Porter, da Apollo Sports Capital, em entrevista à Bloomberg. “A Liga MX tem exatamente esse apelo.”

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