Exclusivo: Casino e Coelho Diniz podem barrar aumento de capital de R$ 500 milhões no GPA

Principais acionistas, donos de 47,1% do GPA, demonstram ceticismo com proposta e exibem rara sintonia na varejista

A proposta de um aumento de capital privado de R$ 500 milhões no GPA ainda não encontrou apoio entre os principais acionistas do grupo dono das redes Pão de Açúcar e Extra. A família Coelho Diniz e o varejista francês Casino, que juntos detêm 47,1% do capital da companhia, se mostram céticos em relação ao plano, apurou o InvestNews.

A ideia de capitalização partiu do bloco de conselheiros independentes, liderado por Rafael Ferri e Edison Ticle, que defende o aporte como forma de reforçar o caixa e dar fôlego à varejista.

Entretanto, para Casino e Coelho Diniz, hoje detentores da maior parte das ações do GPA, esse caminho não é interessante porque, caso a capitalização aconteça, eles seriam obrigados a também injetar recursos. Caso contrário, seriam diluídos. Por isso, o sócio francês, dono de 22,5% do GPA, está disposto, inclusive, a barrar qualquer proposta nesse sentido.

Embora com objetivos distintos — o Casino busca se desfazer gradualmente da operação brasileira, enquanto os Coelho Diniz ampliam sua influência —, a dupla agora age como aliados. Trata-se da primeira demonstração concreta de alinhamento entre os dois maiores acionistas do GPA.

Na semana passada, Philippe Palazzi, CEO do Casino, esteve no Brasil e se reuniu com a família Coelho Diniz no Itaú BBA, em São Paulo, conforme revelou o InvestNews. O encontro, descrito como respeitoso e produtivo, marcou a primeira aproximação formal entre franceses e mineiros desde que os Coelho Diniz assumiram a condição de maior acionista individual do GPA.

Alívio financeiro

Entre os defensores da capitalização, o argumento é que os recursos poderiam ajudar a reduzir a alavancagem da companhia, que encerrou o segundo trimestre em 3,0 vezes a relação dívida líquida/Ebitda, acima do observado um ano antes. Ao fim de junho, o GPA carregava R$ 4,39 bilhões em dívida bruta e R$ 2,62 bilhões em dívida líquida, após caixa de R$ 1,77 bilhão.

O perfil de vencimentos também pressiona: R$ 923 milhões vencem em até 12 meses, consumindo praticamente metade do caixa disponível. E o custo médio da dívida, em torno de CDI + 2,4% ao ano, expõe a companhia ao peso dos juros básicos ainda elevados no Brasil.

“Com juros a 15%, qualquer entrada de recurso para o pagamento de dívida seria bem-vinda”, diz uma fonte próxima ao dia a dia do GPA. “O problema é que essas discussões sobre capitalização não estão passando pelo Conselho.”

Novo acionista

Paralelamente, o grupo atacadista Roldão tornou-se acionista do GPA, segundo fontes. A fatia estaria entre 1,6% e 2,4% das ações. Procurado, o CEO do grupo, Ricardo Roldão, disse que não iria comentar a informação.

A chegada do Roldão adiciona uma terceira força varejista ao bloco acionário, em meio às discussões sobre a formação de um novo conselho de administração. A assembleia para a eleição do board está marcada para o início de outubro.

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