Júnior consolida controle da Hypera com apoio da Votorantim e ergue barreira contra a EMS

Novo acordo de acionistas formaliza bloco com 53% do capital e repete grupo que elegeu novo conselho de administração no fim de abril

A Hypera apresentou um novo acordo de acionistas entre o fundador João Alves de Queiroz Filho, conhecido como Júnior, a holding mexicana Maiorem, o empresário Álvaro Stainfeld Link e o grupo Votorantim. O pacto consolida um bloco de controle com 53% das ações votantes da companhia, encerrando de vez a janela para que a rival EMS volte a ensaiar uma oferta hostil pela compra da farmacêutica.

A entrada da Votorantim no bloco já era esperada desde abril, quando os quatro grupos atuaram juntos para eleger sete dos dez conselheiros da companhia. Mas agora o arranjo deixa de ser tático e pontual e passa a reger a governança da Hypera pelos próximos dez anos, com cláusulas de recomposição acionária, participação mínima obrigatória e uma futura reforma do estatuto social. O novo acordo ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para entrar plenamente em vigor.

A formação do novo bloco é uma reação direta à tentativa de aquisição feita pela EMS, do empresário Carlos Sanchez, no fim do ano passado. Após ter a proposta recusada, a concorrente comprou cerca de 6% das ações da Hypera e passou a articular apoio para conquistar cadeiras no conselho — movimento que foi barrado pelo Cade sob argumento de risco à concorrência.

A decisão da autarquia suspendeu os direitos políticos da EMS, esvaziando sua articulação para a assembleia. Um dos principais aliados na campanha, o investidor Lírio Parisotto, acabou retirando sua candidatura dias antes da votação.

A dúvida que paira no ar neste momento é se Parisotto e Sanchez irão manter suas posições na Hypera ou deverão se desfazer das ações no decorrer dos próximos meses.

‘Oportunidade estratégica’

A Votorantim vê na Hypera uma porta de entrada para o setor de saúde. O grupo da família Ermírio de Moraes dobrou sua posição na companhia no início do ano.

Em entrevista ao InvestNews em abril, o CEO da holding, João Schmidt, explicou o racional do investimento: “A Hypera é a única companhia de porte de capital aberto no setor de saúde, então foi onde havia uma porta de entrada para a gente”, disse. “O setor de saúde é algo que nos interessa do ponto de vista de investimento há bastante tempo.”

O novo acordo distribui os direitos e deveres entre os três núcleos: Júnior (27,3% do capital), Maiorem (14,7%) e Votorantim (11%). Atualmente, Schmidt e Cláudio Ermírio de Moraes representam a Votorantim no conselho da Hypera.

Além do controle coordenado, o pacto inclui regras para empréstimo e recompra de ações, limita transferências fora do bloco e determina que qualquer acionista que cair abaixo de 10% do capital deixe o grupo. Também há o compromisso de ajustar o estatuto da empresa às novas diretrizes em até 12 meses.

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