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Lucro do Bradesco cai 22,8% no 3º trimestre, para R$ 5,22 bilhões

Presidente diz que banco está em momento de aumento de provisões, tendência que deve se manter até parte de 2023.

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O Bradesco (BBDC4 e BBDC3) teve uma queda surpreendente no lucro do terceiro trimestre, uma vez que a rápida piora na qualidade da carteira de crédito o levou a ampliar as provisões para perdas esperadas com calotes, cenário que deve durar até 2023.

O segundo maior banco privado do país anunciou nesta terça-feira (8) que seu lucro recorrente de julho a setembro somou R$ 5,22 bilhões, uma queda de 22,8% ante mesma etapa de 2021. O número veio abaixo da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de R$ 6,76 bilhões.

A rentabilidade sobre o patrimônio, que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, desabou 5,1 pontos percentuais no comparativo anual, para 13%.

Com uma visão mais pessimista para as operações de crédito, o Bradesco fez uma provisão extraordinária para perdas (PDD) de cerca de R$ 1 bilhão no terceiro trimestre. De julho a setembro, essa provisão do banco deu um salto de 116,4% ano a ano, para R$ 7,27 bilhões.

Além disso, elevou a estimativa dessas provisões para o acumulado de 2022, da faixa de R$ 17 bilhões a R$ 21 bilhões, para R$ 25,5 bilhões a R$ 27,5 bilhões.

“Entramos agora em um momento de aumento de provisões, tendência que deve se manter até parte de 2023″, afirmou em comunicado separado o presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, citando piora nos segmentos de pessoas físicas e micro e pequenas empresas.

O índice de atrasos acima de 90 dias subiu na base sequencial pelo quinto trimestre consecutivo, chegando a 3,9%, voltando ao maior nível em quatro anos.

O Bradesco ainda fez cessões de carteiras ativas e baixadas no período e seguiu renegociando com clientes em atraso.

O banco, no entanto, notou que o índice 15 a 90 dias manteve-se estável pelo terceiro trimestre seguido, “o que pode indicar o pico da inadimplência nos próximos trimestres”.

O desempenho do trimestre ainda foi pressionado por uma perda de R$ 1,2 bilhão nas operações de tesouraria, após ter tido resultado positivo de R$ 1,6 bilhão um ano antes.

Por fim, o braço de seguros também teve queda no lucro, diante de resultados financeiros mais fracos.

No fim de setembro, a carteira de empréstimos do Bradesco somava R$ 878,57 bilhões, um aumento de 13,6% em 12 meses, com destaque para cartão de crédito (+38,8%).

Os números do Bradesco sublinham como grandes bancos no Brasil estão sendo atingidos pelo efeito combinado de inflação e juros altos, que têm comprimido a renda disponível das famílias.

Há duas semanas, o Santander Brasil havia divulgado queda de 28% no lucro do terceiro trimestre, também na esteira de maiores provisões para perdas e fraca expansão do crédito.

Executivos do Bradesco discutem na quarta-feira em teleconferência com analistas os resultados do terceiro trimestre e comentários prospectivos.

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