Negócios
Mercado aprova ingresso de Vivo e Auren no segmento de energia renovável
Presença digital e capacidade de distribuição da telecom soma-se à expertise da geradora e comercializadora em negócio estratégico.
A geradora de energia Auren (AURE3) e a Telefônica Brasil, dona da empresa de telecomunicações Vivo (VIVT3), uniram forças, de olho na abertura do mercado de eletricidade no Brasil. Apesar de o anúncio não ter tido impacto relevante nas ações negociadas na B3 nesta terça-feira (19), o mercado deu boas-vindas à joint venture (JV).
Isso porque, com a parceria, ambas as empresas poderão ingressar no mercado livre de energia, atuando na comercialização de soluções personalizadas no segmento renovável. O objetivo é capturar potenciais novos clientes que poderão migrar para esse ambiente de negociação a partir de janeiro.
Até então, o mercado livre de energia é limitado a consumidores da rede de alta tensão que consomem mais de 500 quilowatts (kW) de eletricidade por mês, abrangendo 36 mil empresas. Em 2024, esse nicho estará disponível a clientes do setor empresarial com demanda inferior a 500 (kW), incluindo mais de 70 mil novas companhias (fábricas, escritórios e estabelecimentos comerciais).
Ao migrar do mercado regulado das distribuidoras para o mercado livre, as empresas conseguem economizar até 30% nas despesas com o consumo de energia. Já a liberação para o segmento de baixa tensão (casas, apartamentos e pequenos comércios) ainda deve demorar, mas a expectativa é de que haja uma abertura total do mercado de eletricidade brasileiro até 2030.
Sinergia digital
A joint venture entre Auren e Vivo será dividida em 50%, cada. Além da participação igualitária no projeto, as duas empresas também terão o co-controle da operação, mas o negócio será tocado de forma independente.
“A associação da expertise da Auren na geração e comercialização de energia renovável com a presença digital e capacidade de distribuição da Telefônica Brasil visa posicionar a joint venture de forma estratégica no mercado”.
Levante Investimentos, em relatório.
Trata-se, portanto, de uma sinergia de combinação da infraestrutura operacional de ambas as empresas. “Esta parceria combina a experiência da Auren em geração e comercialização de energia renovável com a escala da Telefônica Brasil, líder no mercado brasileiro de telecomunicações”, acrescenta a Levante.
Para se ter uma ideia, a Vivo tem uma participação de mais de 40% do mercado corporativo de telecomunicações do Brasil, totalizando mais de 110 milhões de acessos. Com isso, a empresa busca capitalizar sua penetração digital para explorar o mercado de energia, consolidando-se também como provedora de soluções em energia renovável.
Já a Auren terá condições de avançar de forma muito mais rápida que a concorrência na disputa pelos potenciais 70 mil novos clientes entre as diversas empresas de energia – incluindo grandes distribuidoras. Para a equipe de equity research do Safra, trata-se de um “movimento interessante” da companhia.
“A Auren firmou parceria com uma das líderes do segmento de telecom no Brasil, visando conquistar novos e, consequentemente, fechar novos contratos, alavancando a comercialização de energia”, afirma o time de análise do Safra, em comentário.
Parceria sustentável
Além disso, os analistas reforçram que a joint-venture realça o compromisso das empresas com os pilares de governança socioambiental (ESG, na sigla em inglês), buscando gerar valor para os acionistas e uma melhor experiência aos clientes, em meio à transição para uma economia mais sustentável.
Para a XP Investimentos, a parceria está alinhada ao ESG e reforça o compromisso com a sustentabilidade, além de fomentar o desenvolvimento do mercado livre de energia no Brasil, em especial o de fontes renováveis.
Esta não é a primeira parceria da Vivo fora do seu núcleo de negócios. Desde a criação da Vivo Ventures, em 2022, a companhia tem fortalecido a presença como um hub de serviços digitais, incluindo no segmento de saúde e bem-estar, serviços financeiros, educação e casa inteligente.
Veja também
- Safra compra comercializadora de energia e é mais um a apostar no mercado livre
- TCloud, da Telefônica Brasil, fecha compra da IPNET por R$ 230 milhões
- Semana será marcada por balanço de Petrobras; Oi realiza reunião com credores
- Auren e Vivo se unem para vender energia a pequenas empresas no mercado livre
- Telefônica Brasil recebe aprovação da Anatel para redução de capital social