Na Braskem, venda de ativos não avança antes da escolha do novo controlador

Acordo com Unipar esfriou após gestão da Braskem tentar vender ativos sem alinhamento com a Petrobras.

A Braskem até quer vender algumas de suas fábricas para resolver sua crise financeira, mas a verdade é que ela mesma ainda é o primeiro ativo que está à venda nas mesas de negociações. Fontes ouvidas pelo InvestNews, consideram improvável que qualquer operação seja fechada antes que o principal problema da companhia seja resolvido: a definição do novo controlador da petroquímica.

Na semana passada, vieram a público informações – algumas desencontradas – sobre uma negociação para a venda das operações nos Estados Unidos para a concorrente Unipar, num negócio estimado em cerca de US$ 1 bilhão. As conversas, segundo apurou o InvestNews, teriam partido da própria Braskem, que enfrenta um pesado desafio de reduzir seu nível de alavancagem e melhorar seu fluxo de caixa.

De fato, depois de ter sido procurada pela Braskem, a Unipar fez um pedido formal para acessar as informações financeiras dos ativos da petroquímica em solo americano. Afinal, não é de hoje que a Unipar tem o desejo de ter uma unidade produtiva nos Estados Unidos. Mas não a qualquer preço.

Até agora, as conversas entre Braskem e Unipar não avançaram. E dificilmente isso vai acontecer, na visão desses interlocutores, antes da definição da solução do problema societário da companhia.

Hoje, existem dois candidatos a levar a Braskem: o empresário Nelson Tanure, candidato alinhado à Novonor (ex-Odebrecht) e à direção da Braskem; e a gestora IG4, preferido dos bancos credores da família Odebrecht.

Tecnicamente, Tanure está à frente no páreo porque fez uma proposta de compra que lhe garante exclusividade, até o próximo dia 21, na negociação e já está realizando a due dilligence e a análise geológica das áreas da companhia.

No entanto, o empresário já indicou, em entrevista à Reuters, que a resolução do caso do desastre ambiental em Alagoas é condição inegociável para o futuro de sua oferta. Também não está claro, até aqui, se o empresário tem, de fato, os recursos necessários para partir para uma oferta firme pela petroquímica.

IG4 ganha força

Diante desse cenário, a IG4, do empresário Paulo Mattos, é considerada hoje a candidata mais forte. A proposta, desenhada em conjunto com os bancos credores — ItaúBradescoBanco do BrasilSantander e BNDES — prevê não apenas a reestruturação da dívida e um aporte de capital, mas também a migração da Braskem para o Novo Mercado da B3, com reforço nos mecanismos de governança e maior influência da Petrobras na indicação de executivos.

@investnewsbr

A Braskem, maior petroquímica do Brasil, está perto de encontrar um novo controlador: o empresário baiano Nelson Tanure, bem conhecido no mercado financeiro. #braskem #tanure #novonor

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“A ideia não é só resolver a dívida, mas destravar valor com uma nova governança e reposicionar a companhia em áreas estratégicas”, diz ao InvestNews uma das fontes a par do assunto. Outro aspecto da proposta é que a Petrobras, que passaria a ser o acionista de referência da Braskem, passaria a ter uma participação mais direta na gestão da petroquímica.

O InvestNews apurou nos últimos dias que o comando da IG4 tem se reunido com os bancos credores. Na semana passada, diretores do BNDES receberam a gestora, que vem intensificando as conversas dado o vencimento da exclusividade de Tanure.

A venda antecipada de ativos da Braskem, na visão de especialistas que acompanham de perto o caso, é vista como uma tentativa da empresa agilizar o processo de venda, que vem se arrastando há anos e drenando muita energia e dinheiro da empresa. Além de injetar algum caixa agora, poderia aliviar o custo para o novo comprador. Mas a forma atabalhoada como a notícia veio a público – no mesmo dia em que foi divulgado o pior balanço trimestral da história da Braskem – acabou fazendo o tiro sair pela culatra.

Primeiro, o CEO da Braskem, Roberto Ramos, negou que tivesse colocado ativos à venda. No dia seguinte, a Braskem soltou um fato relevante confirmando as conversas com a Unipar para a venda de potenciais ativos. Dois dias depois, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, manifestou publicamente seu incômodo porque soube da negociação por meio de “rumores de mercado”.

Nos últimos 12 meses, a ação da Braskem acumula uma queda de 53,23%.

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