Negócios

NFL passa a jogar em ‘outra liga’: a dos fundos de investimento

Decisão de permitir que private equity entre na propriedade, com potencial para mudar a gestão dos times

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 5 min

Os proprietários da NFL autorizaram na última terça-feira (27) que fundos de private equity adquiram participações em suas franquias, uma medida que deve atrair bilhões em novo capital e aumentar ainda mais as avaliações de mercado (“valuation”) das equipes, que já vinham crescendo.

O grupo de donos de times flexibilizou algumas das regras de propriedade mais rigorosas nos esportes profissionais, permitindo que fundos de private equity possuam até 10% de uma equipe, segundo a NFL.

Espera-se que as transações ocorram rapidamente, uma vez que os proprietários já aprovaram as empresas que podem buscar investimentos. Essas empresas incluem Arctos Partners, Ares Management e Sixth Street Partners, além de um consórcio liderado pelo ex-astro da NFL Curtis Martin e composto por Dynasty Equity, Blackstone, Carlyle e CVC Capital Partners.

LEIA MAIS: A NFL vai abrir suas estatísticas para os fãs — desde que eles paguem por isso

Existem também equipes que já estão em busca de investidores, incluindo o Los Angeles Chargers e o Buffalo Bills, conforme relatado pela Bloomberg. O proprietário do Philadelphia Eagles, Jeffery Lurie, também está considerando vender parte de sua franquia.

“Isso certamente vai mudar o jogo”, disse Mark Patricof, fundador da Patricof, uma plataforma de investimentos e consultoria para atletas. “Qual indivíduo quer colocar um cheque de US$ 700 milhões em um negócio onde você não tem controle e nenhum caminho para a propriedade? A entrada de propriedade institucional era inevitável.”

A votação foi 31-1 a favor de permitir o private equity, sendo o único opositor Mike Brown, filho do cofundador do Cincinnati Bengals, Paul Brown, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto.

A decisão de permitir que private equity entre na propriedade tem o potencial de mudar a forma como as equipes são administradas. Os parceiros de propriedade limitada tradicionalmente têm sido amigos, ex-jogadores e celebridades locais.

Os investidores de private equity estarão mais focados em obter retorno sobre seu investimento, pressionando por melhores resultados financeiros. Os fundos terão que manter qualquer investimento por seis anos, com um mínimo de 3% de participação em uma equipe.

Para conseguir uma participação, os fundos de private equity terão que disputar fatias em uma liga onde as avaliações das equipes variam de cerca de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões, segundo a Sportico. Isso significa que participações de 10% em equipes da NFL podem ser vendidas na faixa de aproximadamente US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão.

Ao contrário dos proprietários controladores, que só podem investir em uma equipe por vez, os investidores de private equity poderão comprar participações em até seis equipes de uma vez. A NBA tem uma regra semelhante.

Um objetivo importante era “dar aos proprietários diferentes opções de fontes de capital, mas ao mesmo tempo manter a forma como operamos”, disse Clark Hunt, proprietário do Kansas City Chiefs. A liga ainda será “32 proprietários ao redor da mesa, tomando decisões e deliberando. Isso não vai mudar com essa etapa de hoje.”

A Bloomberg informou em maio que os proprietários estavam considerando permitir que investidores institucionais comprassem 10% dos clubes, enquanto alguns proprietários gostariam que o limite fosse de 5%. A NFL contratou a PJT Partners, um banco de investimento, para avaliar o interesse dos fundos de private equity.

Outras ligas esportivas, incluindo a NBA e a MLB, já expandiram as regras de propriedade para incluir private equity e outros investidores.

Um proprietário principal da NFL deve ser capaz de pagar pelo menos 30% de uma equipe e um grupo de proprietários não pode ultrapassar 25 pessoas. Essa configuração tornou a venda de equipes mais difícil do que em outros esportes, dado o montante de capital necessário antecipadamente.

LEIA MAIS: Gênios ou burros? A estratégia pouco convencional dos donos do Chelsea

Isso ficou evidente no ano passado, quando um grande grupo de investidores, liderado pelo bilionário do private equity Josh Harris, completou o que foi descrito como um acordo complicado para comprar o Washington Commanders por US$ 6 bilhões. O processo de venda também não atraiu muitos interessados, levantando preocupações de que as regras conservadoras da liga eram muito limitantes e poderiam deprimir vendas futuras.

Após o acordo dos Commanders, o comissário da NFL, Roger Goodell, criou um comitê de proprietários para avaliar mudanças nas regras de propriedade.

A NFL também está considerando propor uma política em que apenas os proprietários controladores e seus familiares que são parceiros limitados possam vender participações, de acordo com pessoas familiarizadas com a situação que pediram para não serem identificadas discutindo conversas privadas.

Por exemplo, o Atlanta Falcons adicionou quatro novos parceiros limitados à propriedade do clube em maio, mas nenhum poderia vender para investidores institucionais porque não são proprietários controladores ou não são membros da família do proprietário principal, Arthur Blank.

Hunt, o proprietário dos Chiefs, apoiou a entrada de private equity na liga porque pode ser uma fonte útil de capital, inclusive para financiar a renovação ou construção de estádios, investimentos que estão se tornando cada vez mais difíceis de serem obtidos por meio de subsídios do governo local.

As crescentes avaliações das equipes da NFL também criaram o potencial de grandes contas de impostos quando a propriedade é passada para a próxima geração. Um proprietário poderia compensar isso vendendo uma participação para private equity.

© 2024 Bloomberg L.P.

Mais Vistos