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Nvidia não acalma Wall Street, e debate sobre bolha da IA volta a crescer

O entusiasmo durou pouco: questões sobre retorno do investimento e modelos de negócio reabriram a discussão sobre uma possível bolha

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Wall Street esperava que o balanço explosivo da Nvidia ajudasse a esfriar o medo de que há uma bolha se formando nas ações de inteligência artificial. Por algumas horas, pareceu que o alívio viria. Ledo engano.

O mercado segue dividido sobre o rumo do “trade de IA”. De um lado estão os céticos, que enxergam valuations esticados demais em poucas empresas, principalmente as que lideram a corrida da IA generativa. Eles veem o ritmo de gastos dessas companhias como insustentável, ainda mais agora que várias estão tomando dívida para não perder espaço. 

Há também o alerta sobre a “finança circular” típica do setor, quando uma empresa financia outra que depende de terceiros para comprar equipamentos — criando o risco de que a fragilidade de uma derrube toda a cadeia.

Do outro lado estão os otimistas, que tratam a correção recente como uma pausa saudável. Para eles, as big techs que puxam a demanda – Microsoft, Amazon, Meta e Alphabet – vão continuar gastando pesado, e o cenário regulatório segue amistoso. A visão desse grupo é que o ciclo de investimentos em IA ainda está nos “primeiros innings”, com muita coisa por vir.

A volatilidade aumentou depois do balanço da Nvidia. As ações chegaram a subir mais de 5% no início do pregão, puxando outras empresas do setor, mas inverteram o movimento e fecharam em queda de 3,2%. S&P 500 e Nasdaq 100 acompanharam o zigue-zague.

“Vimos um alívio inicial com a confirmação de que a demanda está forte, mas agora os investidores querem saber: e o consumo de energia? e as margens? e o retorno sobre investimento?”, disse Natalie Hwang, da Apeira Capital Advisors.

O ponto que mais pesa hoje é justamente o ROI, o retorno efetivo sobre todo esse investimento. A dúvida é quando (e se) o dinheiro colocado em chips, data centers e modelos gigantes vai virar aceleração de crescimento e lucratividade. Segundo analistas, o mercado só deve voltar a ganhar tração quando essa relação ficar mais clara.

A Nvidia até entregou números robustos – sem surpresa, dado que seus principais clientes já haviam sinalizado planos de capex bilionários. Microsoft, Amazon, Meta e Alphabet respondem juntas por mais de 40% das vendas da Nvidia e devem elevar seus investimentos combinados em 34% nos próximos 12 meses, para US$ 440 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Ainda assim, a maré virou contra outras fabricantes de chips. O índice de semicondutores cai 11% em novembro, no pior desempenho desde 2022. AMD e Arm mergulharam mais de 20% no mês. A recém-listada Sandisk, que chegou a acumular alta de 700% no ano, devolveu um terço desse ganho após um tombo brusco.

A fraqueza também se espalhou para empresas de IA com balanços mais frágeis. As ações da CoreWeave caem 46% no mês, enquanto Oracle afunda 24%, a caminho de seu pior desempenho mensal desde 2001.

“Talvez os que falavam em bolha estivessem certos sobre nomes como Oracle e CoreWeave — ambas precisam se alavancar muito só para continuar jogando esse jogo”, disse Kevin Cook, da Zacks Investment Research.

No fim das contas, investidores seguem divididos entre a visão do “copo meio cheio” ou “meio vazio”. Mas há consenso sobre uma coisa: a volatilidade vai continuar.

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“Temos dúvidas sobre a macroeconomia, divergências sobre o estágio em que estamos da revolução da IA e, de quebra, as criptomoedas derretendo”, resumiu Art Hogan, da B. Riley Wealth. “Tudo isso contribui para a turbulência que estamos vendo.”

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