Negócios
Privatização da Copel eleva eficiência e valoriza ações, veem analistas
Companhia elétrica paranaense foi privatizada por R$ 4,5 bilhões; ações subiram.
A Copel (COPL6) movimentou R$ 4,53 bilhões na oferta de ações para privatização da companhia elétrica paranaense, em uma das maiores operações do mercado de capitais brasileiro no ano. O valor não considera eventual exercício de lote suplementar. Analistas ouvidos pelo InvestNews veem boas perspectivas para a empresa e valorização das ações após a privatização.
Cada papel foi precificado por R$ 8,25 no “follow on” ou oferta pública subsequente de ações que dilui a participação do estado do Paraná no capital da companhia e a transformou em uma corporação. A oferta negociou um lote de 549 milhões de ações primárias e secundárias.
Também foi oferecido um lote suplementar equivalente a até 15% das ações ofertadas, que poderá ser exercido pelos agentes até 7 de setembro. Se exercido, o valor total da operação pode chegar a R$ 5,2 bilhões.
O início das negociações das ações na B3 está marcado para esta quinta-feira (10). A oferta foi conduzida pelos bancos BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e UBS BB.
Às 16h30, as ações subiam alta de 0,69%, negociadas a R$ 8,70 cada. A máxima do dia foi de R$ 8,81.
“Isso vai gerar alguns benefícios para o governo. Provavelmente, vamos observar uma recuperação da capacidade de investimento da Copel pelos entes privados que vão entrar na empresa. Isso aumenta a eficiência operacional e eficiência da estrutura de capital e projetos. O resultado disso é uma rentabilidade maior e margem Ebitda maior.”
Hugo Queiroz, sócio da l4 capital.
Segundo o analista, a melhora na rentabilidade e margem operacional deve gerar mais fluxo de caixa e dividendos, podendo levar a uma reprecificação da ação, que deve atingir o mesmo patamar da Equatorial (EQTL3) e CPFL (CPFE3), que são negociadas em cerca de 2,5 vezes o valor patrimonial, ou mesmo da Engie (EGIE3), que possui o patrimônio 4 vezes superior.
André Fernandes, head de Renda Variável e sócio da A7 Capital, também acredita que as perspectivas para a empresa são boas.
“Com a empresa privatizada, isso melhora a imagem e consequentemente haverá uma melhora na governança corporativa, uma tendência nas empresas privadas. A demanda de grandes fundos nessa oferta também é um ponto positivo, visto que visam o longo prazo, e já vem sendo refletido positivamente nas ações da empresa.”
Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital
Fernandes destaca que a Copel aproveitou para emitir mais ações para reforçar seu caixa frente aos investimentos nos projetos futuros da empresa, que também é “um bom sinal”.
O professor da FIA Business School Celso Grisi acrescenta que, embora o governo paranaense mantenha 15,6% do capital social, a privatização atraiu investidores nacionais e estrangeiros.
“As perspectivas para o valor dessas ações são muito positivas, pois embora não se tenha um controlador definido é de se esperar uma efetividade maior de sua gestão sobre o ponto de vista operacional e estratégico, com aumento de margens, e a garantia de novos aportes para o aumento da qualidade dos serviços prestados.”
Celso Grisi, professor da FIA Business School.
“As empresas públicas, de âmbito nacional, valem mais, tem um porte maior, isso explica. Mas, de qualquer maneira, é um marco para o estado do Paraná em termos de gestão na parte energética”, afirmou Hugo Queiroz, da L4 Capital.
A Copel é uma das maiores energéticas do país e a transação envolveu a renovação das concessões hidrelétricas com o governo federal.
Ranking de privatizações
Apesar do valor bilionário, a privatização da Copel não é tão relevante quanto as que foram realizadas nos últimos 20 anos, como de empresas federais, que possuem porte superior. Veja quais foram:
- Em 2022, Eletrobras foi privatizada por R$ 33 bilhões
- Em 2021, Petrobras vendeu por R$ 11,5 bilhões sua participação na BR Distribuidora
- De 2012 a 2020, R$ 50 bilhões foram levantados com a privatização de aeroportos
- Em 2021, a Cedae foi privatizada por R$ 22,7 bilhões
- Em 2000, o Banco Banespa por R$ 7 bilhões
- Em 1998, a Telebrás foi vendida por R$ 22 bilhões
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