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Proposta de compra da Braskem pela Unipar é mais favorável, dizem analistas

No fim de maio, a gestora americana Apollo também fez uma proposta para a aquisição da empresa, mas que foi recusada.

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As ações da Braskem (BRKM5) disparavam mais de 8% na tarde desta segunda-feira (12) após a Unipar (UNIP3), controlada pela família Geyer, ter apresentado no sábado (10) uma nova proposta não vinculante para compra indireta do controle acionário da companhia, que pertence à Novonor, antiga Odebrecht.

A oferta da Unipar, que é a segunda em menos de um mês, é considerada mais favorável por analistas. No fim de maio, a gestora americana Apollo, em conjunto com a estatal árabe Adnoc, também fez uma proposta, mas que foi recusada pela Novonor.

A Levante Investimentos reiterou em relatório que a Unipar já opera ativos petroquímicos tanto no Sudeste quanto na Argentina e tem muita experiência no setor de atuação onde a Braskem é a líder na América do Sul.

“As administrações das empresas também são mais próximas quando comparadas com
investidores internacionais – como é o caso da Apollo – o que pode facilitar a
conclusão do acordo. O fato da Novonor permanecer com uma participação minoritária
e os controladores seguirem sendo brasileiros pode facilitar a conclusão do negócio”.

De acordo com a Levante, a oferta da Unipar é colocada em um momento que a empresa está “com uma forte geração de caixa e um baixo endividamento”, mesmo considerando o ponto atual de baixa no ciclo dos produtos petroquímicos.

“Isso se deve à operação diversificada da companhia, que também conta com produtos de cloro e soda que vem mantendo uma boa rentabilidade para empresa”.

Em contrapartida, a Levante reiterou que mesmo com o bom momento da Unipar, as operações da Braskem são cerca de quatro vezes maiores, neste sentido a Unipar precisaria realizar uma grande captação via ações no mercado ou então elevar o endividamento das empresas para fazer frente à oferta pelo controle da líder do setor.

BTG Pactual

Na análise de Pedro Soares e Thiago Duarte, do BTG Pactual, a percepção sobre a venda da companhia para um player privado melhorou e a Unipar “está buscando alinhar o máximo de interesses possível para uma operação bem-sucedida”.

Ao mesmo tempo, eles recomendam cautela aos investidores que desejam capturar vantagens da venda da empresa, já que as propostas anteriores “falharam em alinhar os interesses de todas as partes”.

“Ainda implica um grande corte de dívida. A Unipar também disse que sua oferta depende de um acordo final do passivo geológico em Alagoas”, afirmou o equipe do banco.

Bom momento para investir?

Os analistas do BTG lembraram que a Petrobras  (PETR4) desempenha um papel significativo
nesta discussão já que a aquisição da petroquímica é estrategicamente uma boa opção para a petroleira (que recentemente enfatizou sua intenção de investir mais no setor petroquímico).

Por outro lado, se a Petrobras decidir comprar a participação da Novonor, os acionistas minoritários não irão capturar as vantagens dos direitos de tag-along uma vez que não envolve mudança de controle da Braskem (isso porque a Petrobras já tem fatia de 36% na petroquímica).

“Dito isso, ainda recomendamos aos investidores que monitorem a situação, pois um cenário menos favorável para os minoritários (compra pela Petrobras) ainda é altamente provável”

Para o BTG, a compra da ação da Braskem deve estar mais relacionada aos fundamentos petroquímicos, que o banco espera começar a melhorar a partir do segundo semestre de 2023, deixando a aquisição como um “risco de upside”.

“Essa melhora ocorrerá à medida que a demanda de resina se recuperar e as entradas de capacidade desacelerarem, levando a revisões positivas de lucros nos próximos trimestres e uma desalavancagem mais rápida”.

Já na análise da Levante, o momento é um bom ponto de entrada para os
alocadores em Braskem e com isso a casa recomenda a compra do papel da companhia.

Segundo a Levante, as ações BRKM5 negociam bastante distantes das máximas neste momento, por conta do ciclo de baixa vivido pelo spread petroquímico, que é de onde vem a fonte de rentabilidade da companhia.

“Dessa forma, analisando o ciclo dos produtos petroquímicos é esperado que as margens da Braskem retornem a uma média histórica e com isso tanto a rentabilidade quanto os dividendos da petroquímica voltem a crescer”.

Sobre as ofertas

A proposta da Unipar é a segunda em menos de um mês pela Braskem. No fim de maio, a gestora americana Apollo, em conjunto com a estatal árabe Adnoc, fez uma proposta de R$ 37,5 bilhões pelas ações da petroquímica. Mas a Novonor recusou. De acordo com a oferta, cada ação seria vendida por até R$ 47. Além disso, a própria Unipar já tinha feito uma oferta em julho do ano passado.

Desta vez, a operação prevê o pagamento parcial dos bancos credores e uma renegociação para o saldo da dívida remanescente. Além disso, há a possibilidade de a Novonor continuar com uma participação minoritária indireta na Braskem.

De acordo com a nova proposta, a Unipar fará uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para acionistas minoritários da Braskem detentores de ações ordinárias e das ações preferenciais classe A e classe B, bem como uma oferta para a aquisição de até a totalidade das ações preferenciais classe A representadas por ADRs e listadas na New York Stock Exchange (NYSE).

Ambas as ofertas seguirão as mesmas condições fechadas com a Novonor. Segundo fato relevante divulgado, a Unipar vai negociar a participação da Petrobras na operação em outro momento, “buscando um formato satisfatório para todas as partes envolvidas”.

Agora, de acordo com a nova proposta, a Unipar fará uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para acionistas minoritários da Braskem detentores de ações ordinárias e das ações preferenciais classe A e classe B, bem como uma oferta para a aquisição de até a totalidade das ações preferenciais classe A representadas por ADRs e listadas na New York Stock Exchange (NYSE).

Ambas as ofertas seguirão as mesmas condições fechadas com a Novonor. Segundo fato relevante divulgado, a Unipar vai negociar a participação da Petrobras na operação em outro momento, “buscando um formato satisfatório para todas as partes envolvidas”.

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