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Exclusivo: Ronaldo Iabrudi, Ferri e Pátria estão na disputa pela fatia do Casino no GPA

Grupos se organizam para disputar a fatia de 22,5% do Casino na rede varejista brasileira, dizem fontes

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O Casino, agora controlado pelo bilionário tcheco Daniel Kretinsky, nem anunciou oficialmente que sua fatia na rede de supermercados Pão de Açúcar (GPA) está à venda. Mas já é intensa a movimentação de interessados. Segundo fontes ouvidas pelo InvestNews,  a gestora de recursos Pátria, o ex-CEO do GPA Ronaldo Iabrudi, a rede de supermercado Savegnago e um fundo liderado pelo investidor Rafael Ferri, ex-TC, já manifestaram disposição em negociar.  A rede francesa detém  atualmente 22,5% do GPA, participação avaliada em cerca de R$ 280 milhões.

Ferri, sócio fundador do GTF Capital, confirmou ao InvestNews que está no páreo e que criou um fundo em parceria com investidores de alta renda com o objetivo de adquirir a participação do Casino no GPA. Ele não revelou os nomes desses investidores, mas uma fonte próxima às conversas afirma que um potencial interessado seria Jodimar Luis Zaffari, um dos sócios da rede de supermercados Zaffari, de Porto Alegre.

Não há nomes internacionais nessa lista e, para interlocutores, dificilmente haverá. Isso porque o GPA tem hoje uma dívida importante: um passivo fiscal estimado em R$ 16 bilhões, segundo uma fonte com acesso a informações da companhia. A dívida, segundo esse executivo, é passível de renegociação com o governo e, portanto, deve ser bastante reduzida. Mas representa um risco difícil de ser absorvido por um player que não conheça bem as regras brasileiras.

Bye, bye, Brasil

O Casino perdeu a posição de controlador do GPA quando a varejista brasileira realizou seu follow-on há cerca de um mês. Na operação, que levantou R$ 704 milhões, sua participação caiu de 40,9% para 22,5% das ações. A venda dessa fatia é um movimento esperado: afundado em dívidas, o grupo já anunciou a intenção de sair das operações em mercados emergentes, diante da crise financeira que enfrenta há quase dez anos. Foi nesse contexto que o grupo vendeu sua participação no Assai e no Éxito, da Colômbia.

A movimentação para a venda da fatia do GPA já estava quente, mas sofreu uma pausa temporária no mês passado, quando o controle do grupo francês Casino trocou de mãos. Um consórcio que reúne os bilionários tchecos Daniel Kretinsky e Marc Ladreit de Lacharrière, além do fundo de investimentos Attestor, assumiu o lugar do empresário Jean-Charles Naouri, controlador e CEO do Casino por quase 30 anos. Segundo fontes, o novo comando ainda não estabeleceu contato com instituições que poderiam estruturar a operação no Brasil.

Nova fase

Naouri ficou conhecido por adotar práticas controversas nos negócios. Uma delas é o método de entrar aos poucos no capital de empresas familiares em apuros, com opção de compra futura – como ocorreu com o Pão de Açúcar em 2012. A aquisição do controle foi questionada judicialmente pelo antigo dono da empresa, Abílio Diniz, que acabou perdendo a disputa.

A conclusão do divórcio entre Casino e GPA tem potencial para colocar a empresa em uma nova fase. Embora saia desse processo bem menor do que já foi – no último ano, a varejista brasileira perdeu mais de R$ 3 bilhões em valor de mercado –, a marca é forte e tem um público cativo. Está passando por um processo de ajuste financeiro e de estratégia que já se reflete em seus resultados.

Procurado pelo InvestNews, Rafael Ferri afirmou que essa transação “não só representa seu interesse numa entrada estratégica no capital do GPA”, mas também o posiciona “para impulsionar o crescimento e criar valor a longo prazo.”

A gestora Pátria e Ronaldo Iabrudi disseram que não vão comentar o assunto. Iabrudi já detém 5,4% do GPA – no follow-on do mês passado, investiu R$ 85 milhões. A rede de supermercado Savegnago e representantes da família Zaffari não responderam ao contato.

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