Negócios
Salários de traders dobram em nicho de combustível ecológico
Profissão mais quente do momento nos EUA pode ser a do trader de gorduras.
No mercado de trabalho americano mais aquecido em décadas, a profissão mais quente do momento pode ser trader de gorduras. Isso mesmo – gorduras animais. E graxas também.
Esses são ingredientes essenciais na produção de diesel ecológico, um negócio que cresceu repentinamente à medida que gigantes de combustíveis fósseis como Exxon e Chevron correm para reduzir suas emissões e aproveitar incentivos como os estabelecidos pela Califórnia e Canadá.
Os preços dos óleos vegetais, óleo de cozinha usado e gorduras dispararam e, com eles, também os salários dos traders que conseguem obter as quantidades maciças necessárias para produção de biocombustível.
É um trabalho que exige muitos relacionamentos com fazendeiros, donos de restaurantes e gerentes de plantas de processamento em todo o país.
Até US$ 800 mil por ano
Poucos operadores têm listas de contatos grandes o suficiente, e aqueles que têm agora chegam a ganhar US$ 800.000 por ano. Isso pode não se comparar, é claro, ao dinheiro que um operador de títulos de Wall Street pode ganhar, mas para um especialista em óleo vegetal, isso é o dobro ou até o triplo do salário normal.
Durante décadas, negociar gorduras era um nicho, uma parte obscura do negócio de commodities que não chamava a atenção.
“Eles eram apenas os caras dos resíduos”, disse Patrick Bowe, executivo-chefe da The Andersons, uma empresa de comercialização de safras de 75 anos com sede em Maumee, Ohio. Agora, diz, “eles têm os melhores empregos”.
O próprio Bowe recentemente montou uma mesa apenas para comercializar esses ingredientes.
Corrida por emissão zero
Além de as grandes petrolíferas embarcarem na onda do diesel verde, mais empresas fazem planos para atingir emissões líquidas zero até a metade do século, e o uso crescente de biocombustíveis é fundamental.
A tendência aumenta a demanda por óleos vegetais, e os preços de óleo de cozinha usado e gorduras animais atingiram níveis sem precedentes no ano passado, segundo David Elsenbast, presidente da AgriBio Consulting, especializada em ajudar os clientes a navegar nessas cadeias de suprimentos.
O mercado de óleo de cozinha usado nos EUA saltou de cerca de US$ 700 milhões há uma década para US$ 2,5 bilhões este ano, estima Elsenbast.
A disputa por essas matérias-primas usadas na fabricação de biocombustíveis provavelmente se intensificará à medida que a guerra na Ucrânia afeta o comércio mundial.
Embora o setor agrícola e alimentar tenha muitos compradores e vendedores de óleos vegetais, óleo de cozinha usado e gorduras animais, apenas alguns poucos operadores nos EUA são hábeis em todos eles.
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