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Suzano reorganiza herdeiros e faz novo desenho do controle para o longo prazo

Acordo separa ramos da família Feffer, cria rota de saída para parte dos herdeiros e preserva a estabilidade da governança por até 20 anos

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Os herdeiros da Suzano formalizaram um acordo que reorganiza, no longo prazo, a relação entre os ramos familiares fundadores do grupo. A reorganização ocorre no âmbito da Suzano Holding, empresa criada para concentrar o controle da gigante da celulose.

O novo acordo de acionistas da empresa, anunciado na última sexta-feira (19), separa os herdeiros em dois blocos: o Grupo Max, referência ao ramo descendente de Max Feffer, responsável pela consolidação industrial da Suzano, e o Grupo Fanny, denominação usada para identificar outro braço da família fundadora, formado por herdeiros com sobrenomes como Guper, Terpins e Sander, que não integram o núcleo histórico de comando da companhia.

A partir de 2026, os membros ligados ao Grupo Fanny poderão sair gradualmente do núcleo de controle ao longo de até 20 anos, trocando sua participação na holding por ações da Suzano, listadas em bolsa. A mudança amplia a liberdade desse grupo para vender os papéis no mercado ao longo do tempo, ao mesmo tempo em que preserva a estabilidade do controle durante o período de transição.

Para evitar instabilidade durante o processo de transição, o acordo estabelece que as ações da Suzano detidas tanto pela Suzano Holding quanto pelo Grupo Fanny ficarão vinculadas a um mecanismo de voto em bloco, com decisões tomadas de forma conjunta e uniforme em assembleias. A regra busca preservar a previsibilidade da governança enquanto a reorganização societária avança.

Quarta geração

A reorganização ocorre em um momento em que a família fundadora avança para a quarta geração, que está menos presente na gestão direta dos negócios. Hoje, o comando da Suzano está concentrado no ramo liderado pelos irmãos Feffer — David, Daniel, Jorge e Ruben —, que controlam a Suzano Holding e permanecem à frente da governança da companhia.

A consolidação do protagonismo desse ramo familiar reflete a herança de Max Feffer, filho do fundador Leon Feffer e responsável pela guinada tecnológica que transformou a Suzano em uma potência global de celulose a partir do uso do eucalipto.

Foi sob a liderança de David Feffer, um dos filhos de Max e representante da terceira geração, que a companhia aprofundou o processo de profissionalização, com a separação mais clara entre os papéis da família, do conselho de administração e da gestão executiva — hoje comandada por executivos de mercado.

Enquanto os irmãos Feffer seguem liderando a estratégia e a governança, outros herdeiros passaram a adotar um perfil mais patrimonial. A maior parte da quarta geração da família já não atua nos negócios, o que ajuda a explicar a opção por uma estrutura que privilegia estabilidade de controle e liquidez ao longo do tempo.

Procurada, a Suzano não comentou.

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