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Vendas do turismo para o Carnaval não chegam a 10% do movimentado em janeiro

Associações que representam as operadoras e os hotéis apontam decepção com o primeiro semestre de 2021.

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Em meio à pandemia de covid-19, o cancelamento do feriado de Carnaval em diversos locais pelo país fez com que o setor de turismo, que já vinha sofrendo, sentisse mais um golpe. Segundo a associação que representa o setor, para 76% das operadoras de turismo, o Carnaval, que costuma ser uma das épocas mais fortes do ano, representou menos de 10% das vendas do mês de janeiro. 

Os números são da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) e mostram ainda que, para 97% das operadoras, o agravamento da crise gerado pela segunda onda de contágio da pandemia foi fator primordial de impacto nas vendas. 

Roberto Haro Nedelciu, presidente da associação, comenta que, além da própria pandemia, a demora para a definição sobre a manutenção ou não do feriado pelos governos estaduais impactou as vendas.

“Tinha muitas viagens agendadas e, com o cancelamento, vira uma bagunça. Está sendo uma perda significativa para o setor”, disse em entrevista ao InvestNews. Segundo os números da pesquisa, para 71% empresas, a definição tardia da manutenção do feriado contribuiu para a queda. 

Se para as operadoras de viagem os resultados das vendas para o carnaval foram decepcionantes, para o setor de hotéis não foi diferente. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), os índices de ocupação atingiram os patamares mais baixos de todos os tempos. 

Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, onde o feriado foi cancelado pela prefeitura, a ocupação não deve passar de 60% no Carnaval. Em 2020, chegou perto dos 100%. 

Ainda de acordo com a ABIH, outros destinos tradicionais do carnaval também foram impactados. No Ceará, o feriado de carnaval costuma gerar uma ocupação média de 70% para os hotéis. Para este ano, a expectativa é atingir apenas 40%. 

Em Salvador, a projeção é de que a ocupação fique 70% menor do que foi em 2020. Em Pernambuco, a ocupação hoteleira, que em anos anteriores chegava a 97% em Recife e Porto de Galinhas, desta vez deve ficar por volta de 60%. 

O desânimo das empresas de turismo não atinge apenas as vendas com o Carnaval, e sim as expectativas de vendas de todo o primeiro semestre de 2021. Segundo dados da Braztoa, a projeção de quase metade das operadoras (47% delas) é de que o faturamento da primeira parte do ano não chegará nem à metade do que foi no mesmo período de 2020 (que foi impactado apenas parcialmente pela pandemia). 

Expectativas frustradas

No segundo semestre de 2020, o setor de turismo chegou a ter a impressão de que o pior havia ficado para trás, e as expectativas para o Carnaval de 2021 eram positivas, segundo Nedelciu. A piora da pandemia, no entanto, fez com que as projeções otimistas caíssem por terra.

“A gente tinha uma alta até novembro, e a impressão de que janeiro e fevereiro seriam muito bons, com alta expectativa para o carnaval. Mas, em dezembro, já começou a diminuir”, afirma Nedelciu.

No entanto, ele aponta que, para a segunda metade de 2021, as projeções são mais positivas. “Tem uma procura grande pelo segundo semestre, e isso está deixando o mercado mais animado. A vacina está criando outras expectativas, já abre uma perspectiva de luz no fim do túnel.”

A pesquisa da Braztoa mostra que, de fato, o início da vacinação tem forte relação com esse sentimento. Entre as empresas do setor, 45% dizem que o início da campanha de imunização já resultou em maior quantidade de consultas e reservas de clientes, embora as que tenham efetivamente convertido o aumento da procura em vendas sejam apenas 29%. 

Mas Nedelciu ressalva que é preciso ter cautela com as projeções. Questionado sobre as perspectivas para 2021 como um todo, ele brinca: “não sei dizer. Na pandemia, se eu conseguir prever a semana que vem, já estou feliz.”

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