Mais um inverno difícil para os ônibus escolares elétricos
Por que coisas ruins continuam acontecendo com os veículos elétricos?
[Publicado originalmente em 20 de fevereiro de 2024]
Esta é a época do ano em que os sonhos ambientais relacionados ao transporte muitas vezes colidem com a realidade das temperaturas no clima do Hemisfério Norte. É o que acontece no estado de Nova York, onde vários legisladores estão agora pedindo a revogação da obrigatoriedade de ônibus escolares elétricos no estado, o que exige novas compras de veículos totalmente elétricos a partir de 2027, visando substituir toda a frota até 2035.
Andrew Donovan relatou recentemente à afiliada da ABC, a WSYR-TV, em Syracuse:
O superintendente do Distrito Escolar Central de Onondaga diz que levou um susto ao saber quanto custaria ao seu distrito comprar quatro ônibus escolares elétricos este ano em vez dos modelos a diesel.
Todos os anos, o distrito substitui três ou quatro ônibus em sua frota, totalizando cerca de US$ 500 mil.
“Se tivéssemos que comprar quatro ônibus elétricos novos este ano, seria cerca de US$ 1 milhão a mais”, disse o superintendente Rob Price.
Donovan observa que o custo não é o único problema:
Algumas rotas fazem com que os motoristas de ônibus de Onondaga Central percorram 240 quilômetros por dia, mais do que Price acredita que uma única carga possa fazer.
Enquanto os republicanos no Legislativo estadual tentam derrubar essa exigência, um editorial do jornal “Times Union” de Albany sai em sua defesa:
É verdade que, atualmente, um ônibus elétrico custa muito mais do que um ônibus tradicional movido a diesel. Mas tanto o governo federal quanto o estadual estão oferecendo uma montanha de dinheiro que pode ajudar os distritos com os custos dos veículos e a infraestrutura que necessitam. O estado reservou US$ 500 milhões para os distritos escolares aproveitarem a Lei de Títulos Ambientais de Água Limpa, Ar Limpo e Empregos Verdes de US$ 4,2 bilhões de 2022. O governo federal investiu US$ 58 milhões apenas em sua primeira rodada de financiamento por meio do Programa Ônibus Escolar Limpo, parte da Lei Bipartidária de Infraestrutura. Outros auxílios também estão disponíveis.
Os contribuintes que fornecem a montanha de dinheiro podem não achar esse argumento especialmente convincente. Vale ressaltar que o “Times Union” também observa os desafios técnicos envolvidos:
Reconhecendo que os ônibus elétricos perdem autonomia no tempo frio, a Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia do Estado de Nova York recomenda que “enquanto a tecnologia em torno dos ônibus escolares elétricos se desenvolve, os operadores de frota podem se concentrar em rotas mais eficientes”, primeiramente, e esperar para atualizar seus ônibus de rota mais longa assim que o desempenho da bateria no frio melhorar.
Esperar que uma tecnologia se desenvolva antes de torná-la obrigatória parece ser uma abordagem sensata. Centenas de quilômetros a nordeste, na Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá, parece haver um certo remorso. Wayne Thibodeau relata para a “CBC News”:
Há três anos, o governo da Ilha do Príncipe Eduardo lançou seus novos ônibus escolares elétricos com muito alarde.
Agora, alguns motoristas dizem que os veículos estão cheios de problemas… Robert Geiss, presidente da CUPE Local 1145, que representa os motoristas de ônibus escolares na ilha, diz acreditar que o governo provincial se apressou em comprar as novas unidades — e agora alunos e motoristas estão pagando o preço.
Segundo ele, os maiores problemas são os sistemas de aquecimento, deixando alguns ônibus gelados, levando o vidro das janelas a embaçar e congelar. Também há questões com o congelamento dos compressores de ar, que podem interferir na frenagem, explicou Geiss durante entrevista à CBC News.
Ai!
De volta aos EUA, a experiência de ônibus elétrico parece estar gerando uma viagem nada suave no estado do Maine. Emily Duggan relatou esta semana para o jornal “The Portland Press Herald”:
Os ônibus escolares elétricos entregues a pelo menos quatro distritos escolares no Maine tiveram problemas mecânicos quando chegaram, segundo relatos, e as autoridades estaduais aconselham que não sejam usados até a inspeção.
Josh Wheeler, diretor de transporte das Escolas Públicas Winthrop, disse que teve problemas com um ônibus quando o dirigia, há algumas semanas, sem crianças a bordo. Wheeler teve que imbicar em um banco de neve para evitar colidir com outros carros, relatou ao Conselho Escolar de Winthrop em uma reunião em 7 de fevereiro.
“Liguei (para o superintendente James Hodgkin) do lugar do acidente e fiquei tipo: ‘É isso. Estamos acabados’”, disse Wheeler.
Vários distritos escolares em todo o Maine, incluindo os de Winthrop, Bingham, Mount Desert Island e Yarmouth, receberam os ônibus elétricos sem custo através do Programa Ônibus Escolar Limpo da Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency – EPA), que visa tornar elétricos 75% da frota de ônibus escolares públicos até 2035. Os distritos concordaram em entregar um ônibus movido a diesel para cada ônibus elétrico recebido.
Os distritos escolares relataram problemas com os ônibus pela primeira vez no final do ano passado, mas a situação parece estar piorando.
Talvez haja apenas algumas questões que não podem ser resolvidas com grandes montanhas de dinheiro do contribuinte.
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James Freeman é coautor de “The Cost: Trump, China and American Revival” e também coautor de “Borrowed Time: Two Centuries of Booms, Busts and Bailouts at Citi.”
traduzido do inglês por investnews