Resultados do Google não impressionam, enquanto custos com IA aumentam
Negócio de publicidade enfrenta comparações de crescimento difíceis, enquanto gastos com IA disparam
Está bom ser o Google hoje em dia. Mas não é fácil, e vai ficar cada vez mais difícil. Os resultados do segundo trimestre da empresa-mãe Alphabet, divulgados na tarde de terça-feira (23), mostraram força na receita de publicidade e na receita de nuvem, além de um lucro operacional recorde, enquanto o titã do Vale do Silício, outrora conhecido por regalias extravagantes para os funcionários, continua a reduzir a maioria dos custos, exceto aqueles destinados a desenvolver capacidades de inteligência artificial generativa.
Mas os resultados também não ofereceram “nenhuma empolgação”, nas palavras do analista Brent Thill, da Jefferies. A receita total superou a projeção consensual de Wall Street por apenas 0,6% — o menor percentual de superação em pelo menos cinco anos, de acordo com a FactSet. A receita de publicidade do YouTube também ficou abaixo das expectativas dos analistas. O relatório anterior da Alphabet, de três meses atrás, ofereceu surpresas melhores tanto no crescimento da receita quanto no dos lucros, incluindo o anúncio do primeiro dividendo da empresa, o que ajudou.
As ações da Alphabet haviam subido quase 17% desde aquele relatório, mas caíram cerca de 4% nas negociações pré-mercado na quarta-feira (24).
Os resultados de terça-feira (23) também prepararam o terreno para o que pode ser uma segunda metade do ano mais desafiadora. Em primeiro lugar, as comparações serão mais difíceis, já que a segunda metade do ano passado viu o Google quase se recuperar de uma queda anterior na publicidade. O Google também não aumentou totalmente seus gastos em infraestrutura de IA até a segunda metade de 2023; os gastos de capital na primeira metade de 2023 foram apenas metade dos US$ 25,2 bilhões que a empresa gastou na primeira metade deste ano.
Esses gastos não terão uma pausa tão cedo, mesmo que o Google tenha reduzido outros custos e até mesmo cortado 1.300 vagas de seu quadro de funcionários no trimestre mais recente. A Alphabet disse na terça-feira que os gastos de capital serão de pelo menos US$ 12 bilhões por trimestre na segunda metade do ano, provavelmente levando a um desembolso total de mais de US$ 49 bilhões para o ano — 84% a mais do que a média anual da empresa nos últimos cinco anos.
“Veja, obviamente estamos no estágio inicial do que considero uma área muito transformadora”, disse o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, durante a teleconferência de resultados, quando questionado por um analista sobre os investimentos da empresa em IA. Ele acrescentou que “o risco de subinvestir é dramaticamente maior do que o risco de sobreinvestir para nós aqui”, sem mencionar os montantes recordes de gastos de capital que rivais tecnológicos como Microsoft, Amazon e Meta Platforms estão investindo na mesma área.
O Google tem os recursos: o montante líquido de caixa da Alphabet de quase US$ 98 bilhões é substancialmente maior do que o de seus pares mais endinheirados. Mas colocar esse dinheiro para funcionar está se tornando um desafio. O Wall Street Journal relatou na segunda-feira (22) que as negociações do Google para adquirir a startup de cibersegurança Wiz fracassaram. O suposto acordo de US$ 23 bilhões teria sido o maior do Google até hoje e certamente teria atraído o tipo de escrutínio regulatório rigoroso que tem mantido fusões de tecnologia em espera por 18 meses ou mais. Tal retorno incerto teria sido uma preocupação entre a Wiz e seus investidores; a aquisição do Fitbit pelo Google em 2021 por menos de um décimo desse preço levou quase 15 meses para ser concluída.
O Google também está voltando à prancheta em um plano de longa data para eliminar o uso de tecnologia de rastreamento na internet conhecida como “cookies”, desprezada por defensores da privacidade, mas da qual os anunciantes dependem. O Google estava desenvolvendo uma tecnologia alternativa chamada “sandbox de privacidade”, mas esse plano atraiu muita oposição de anunciantes e reguladores preocupados com o fato de que consolidaria ainda mais o domínio da empresa na publicidade na internet. O Google disse na segunda-feira que, em vez disso, oferecerá aos usuários um prompt para permitir que eles optem por sair do rastreamento de cookies.
LEIA MAIS: Lucro da Tesla cai à medida que Musk liga seu futuro aos robotaxis atrasados
Esse movimento provavelmente não afetará o poderoso negócio de anúncios de pesquisa do Google. Mas isso e as negociações fracassadas com a Wiz mostram as crescentes restrições sob as quais a empresa está operando, enquanto reguladores olham cada vez mais de perto a posição das grandes empresas de tecnologia, e juízes e júris começam a se manifestar. Um veredito no caso antitruste do governo federal contra o Google é esperado antes do final do ano, e pode resultar em uma decisão que buscará dividir o gigante da publicidade de US$ 250 bilhões por ano.
Os últimos resultados do Google foram bons, mas nem sempre bons são suficientes.
Escreva para Dan Gallagher em [email protected]
traduzido do inglês por investnews