Pessoas cada vez mais jovens estão recorrendo a próteses para joelhos e quadris ‘novos’
Procura da população com menos de 65 anos por próteses cresceu cerca de 200% em 20 anos
A média de idade dos pacientes com artroplastia de quadril e joelho está diminuindo.
À medida que a expectativa de vida aumenta, muitos americanos não estão mais dispostos a sacrificar décadas de suas atividades favoritas, como esquiar, caminhar ou jogar pickleball, e ficar parados sentindo dor, dizem os médicos. E manter-se ativo até os 50 e 60 anos é bom para a saúde física e mental.
Certas atividades físicas intensas e de alto impacto podem aumentar as chances de lesões e artrite, levando a mais procedimentos.
“No passado, as pessoas diziam: ‘Eu não corro, tenho joelhos ruins’”, diz o dr. Ran Schwarzkopf, cirurgião ortopédico da NYU Langone. Agora, continua ele, “elas não estão dispostas a aceitar as limitações que a artrite impõe”.
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A outra razão pela qual os mais jovens estão fazendo essas substituições é a crescente prevalência de obesidade nos EUA. Mais de 40% dos adultos americanos têm obesidade, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, contra cerca de 30% em 1999. O excesso de peso coloca mais pressão nas articulações — cerca de quatro quilos para cada quilo adicional de peso corporal — levando mais pacientes a precisar de substituições no início da vida.
Para pacientes de 45 a 64 anos, houve um aumento de 211% nas substituições de quadril e de 240% nas substituições de joelho entre 2000 e 2017, de acordo com dados da Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA. (Os registros após 2017 são menos precisos devido a mudanças na codificação do Medicare.)
Houve também um aumento nas substituições de articulações para pacientes de 65 a 84 anos, mas o aumento não foi tão acentuado.
Esses dados não incluem a parcela crescente de substituições feitas em cirurgias ambulatoriais, que permitem que os pacientes voltem para casa no mesmo dia do procedimento. Mais de um milhão de cirurgias de substituição de quadril e joelho são realizadas nos EUA todos os anos.
“Você é jovem para isso”
Os procedimentos envolvem a substituição de ossos e cartilagens danificados ou desgastados na articulação do quadril ou joelho por implantes protéticos. Os plásticos melhoraram, o que ampliou a durabilidade das próteses, em média, de modo que os cirurgiões geralmente são menos cautelosos em realizar o procedimento em pacientes mais jovens.
“Antigamente, os pacientes eram informados de que tinham que esperar até os 70 ou 80 anos para a reposição porque os implantes não duravam o suficiente”, diz a dra. Antonia Chen, cirurgiã ortopédica do Hospital Brigham and Women’s. “Agora, os implantes duram 20, 25 ou 30 anos, e a qualidade de vida tem maior importância.”
Chen estima que pessoas com menos de 65 anos correspondam a cerca de 50% de seus pacientes agora, contra cerca de 30% em 2014.
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Hoje, os procedimentos são mais eficientes, auxiliados por assistência robótica e próteses personalizadas impressas em 3D. E os avanços na fisioterapia, anestesia e administração de analgésicos garantem um período de recuperação mais curto.
Muitos pacientes que teriam passado dias ou semanas em uma cama de hospital agora são encorajados a caminhar no mesmo dia.
Carol Pope sabe que, aos 37 anos, não tem o perfil que a maioria das pessoas imagina ao pensar em próteses de quadril.
“As duas coisas que mais ouvi foram: ‘Uau, você é jovem para isso’ e ‘A cirurgia de quadril da minha avó foi ótima!’”, diz ela.
Pope, que trabalha com finanças pessoais e é ávida corredora em Lakeland, na Flórida, sentiu pela primeira vez uma pontada de dor nas costas e nas pernas na linha de partida de uma corrida de meia maratona em janeiro. Ela terminou a corrida sem incidentes, mas a dor voltou e se espalhou. Um médico a diagnosticou com osteoartrite e disse que ela teria de parar de correr.
Perder seu hobby favorito foi como lamentar uma morte, diz ela. Sua esperança foi renovada quando um cirurgião ortopédico concordou em agendar uma substituição do quadril para setembro.
“Estou ansiosa para fazer isso para poder voltar à vida normal”, afirma Pope.
Não é uma medida preventiva
O dr. Kevin Stone, cirurgião ortopédico da Stone Clinic em San Francisco, incentiva os pacientes a se exercitarem após a recuperação da cirurgia. Autor do livro “Play Forever” — sobre como as pessoas com lesões e artrite podem se manter em movimento — ele diz que quanto mais atividade, melhor.
“Nosso objetivo é fazer com que as pessoas vivam até os cem anos praticando o esporte que amam”, diz Stone.
Muitos ainda recomendam minimizar ou evitar completamente a corrida e outros exercícios de alto impacto após a cirurgia, porque isso pode colocar pressão extra nas próteses. Nossas articulações são como pneus, dizem os cirurgiões. Quanto mais peso o pneu carrega, mais rápido ele se desgasta.
Esses procedimentos são em grande parte eletivos, e os cirurgiões alertam que ainda não devem ser considerados preventivos. Há riscos, incluindo infecção, luxação ou instabilidade articular. Os médicos geralmente concordam que a cirurgia faz sentido quando a dor é crônica e limitante, afetando as decisões diárias. Por exemplo, se você perceber que está procurando um elevador para evitar um lance de escadas, ou decide não viajar nas férias por medo da dor, pode ser a hora.
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Antes que os cirurgiões possam recomendar a cirurgia — muitas vezes uma exigência de cobertura de seguro —, os pacientes precisam mostrar que tentaram outras soluções possíveis, como fisioterapia, perda de peso e injeções de cortisona.
Os pacientes mais jovens geralmente assumem que terão recuperações mais rápidas e suaves. No entanto, os cirurgiões dizem que os mais ativos podem ser mais propensos a se esforçar demais durante a recuperação. Além disso, podem exigir mais da nova articulação ao longo do tempo e ter mais anos para desgastá-la. Algumas pesquisas sugerem que pacientes mais jovens têm maior propensão de precisar repetir a cirurgia mais tarde.
Dave Erickson, dono de uma academia em Sparta, em Wisconsin, tinha esperança de que as próteses de quadril que recebeu aos 46 anos lhe permitiriam retornar à sua rotina normal de exercícios e durar décadas. Contudo, apenas cinco anos após o procedimento um acidente de bicicleta o levou de volta à sala de cirurgia para uma revisão de sua prótese.
Ele perdeu uma amplitude de movimento significativa na perna direita e, embora ainda se exercite, evita certos movimentos, como agachamentos com pesos.
“Quando você é velho e mal consegue andar, e de repente consegue, é uma melhoria”, diz Erickson, agora com 54 anos. “Quando você faz agachamentos na academia e corre e depois faz uma substituição do quadril e não pode mais fazer isso, isso não é tão bom.”
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traduzido do inglês por investnews