SpaceX, de Musk, retira funcionários do Brasil e desencoraja viagens ao país
Disputa legal sobre o X está afetando os negócios da Starlink e da SpaceX
A SpaceX tomou medidas para retirar seus funcionários do Brasil e alertou outros para não viajarem ao país, um sinal de como a batalha de Elon Musk contra o Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da rede social X está impactando alguns de seus outros negócios.
Em um e-mail enviado na semana passada, a presidente da SpaceX, Gwynne Shotwell, aconselhou os funcionários a não viajarem ao Brasil a trabalho ou a lazer, de acordo com pessoas familiarizadas com a mensagem. Além disso, a empresa de tecnologia espacial realocou seu pequeno grupo de funcionários não brasileiros que estavam no país, segundo uma dessas pessoas.
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Há meses, Musk tem travado uma batalha com o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O magistrado ordenou ao X a remoção de várias contas que, segundo a corte, estariam espalhando discursos de ódio e desinformação na rede social. Em agosto, o X encerrou suas operações no Brasil alegando a necessidade de proteger a segurança de seus funcionários.
Na semana passada, o tribunal proibiu o funcionamento do X no Brasil, afirmando que a plataforma só poderia voltar a operar quando cumprisse as exigências legais, como pagar suas multas e nomear um diretor jurídico no país.
O tribunal também agiu contra a Starlink, ordenando o congelamento de suas finanças no Brasil e impedindo que realizasse transações financeiras, informou a provedora de internet via satélite na última quinta-feira (29). A ordem foi baseada na determinação do tribunal de que a Starlink, um negócio da SpaceX que usa satélites para fornecer internet de alta velocidade, deveria ser responsabilizada pelas multas aplicadas ao X, segundo a empresa.
Investidores estrangeiros que aplicaram recursos no Brasil recuaram após a decisão. No fim de semana, Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Câmara dos Deputados, alertou que a medida poderia aumentar as incertezas jurídicas no país e afastar outros negócios.
Na terça-feira (3), a Starlink afirmou em um post no X que estava fazendo tudo o que podia para manter os clientes brasileiros conectados. A empresa disse ter tomado iniciativas judiciais no Supremo e classificou como ilegal a ordem contra ela. Ao mesmo tempo, a Starlink afirmou que cumpriria a decisão de bloquear o acesso ao X.
A SpaceX não respondeu a pedidos de comentários.
O envolvimento da Starlink em uma disputa que originalmente se referia ao X é uma ilustração clara de como alguns governos ao redor do mundo podem não fazer distinções entre as empresas dirigidas por Musk. A Starlink pode ser especialmente afetada por isso, já que o negócio de comunicações via satélite precisa de aprovação regulatória para oferecer serviços de internet em cada país onde pretende operar.
Até o final do mês passado, a Starlink já havia obtido esses direitos em 105 países diferentes, de acordo com um de seus posts recentes no X.
No Brasil, a Starlink cresceu rapidamente nos últimos anos. Segundo a empresa, são cerca de 250 mil clientes em todo o país. O negócio ganhou terreno no coração agrícola do Brasil e na Amazônia, regiões onde o serviço de internet tradicional pode ser inexistente ou irregular.
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O Brasil é um mercado importante para a Starlink, dada a sua grande população e áreas remotas, mal atendidas pela infraestrutura de telecomunicações terrestre, disseram analistas. Executivos da SpaceX já declararam que a Starlink é mais adequada para atender clientes em áreas fora das grandes cidades.
“Quando falamos em maximizar o uso e a receita no hemisfério sul, há dois países que se destacam: Brasil e Austrália”, disse Chris Quilty, presidente da consultoria Quilty Space. Para qualquer rede de satélites como a Starlink, “o Brasil é uma das joias da coroa”.
Atualmente, a Starlink cobra cerca de US$ 33 por mês pelo serviço no Brasil, além de cerca de US$ 177 em custos iniciais para o equipamento, de acordo com seu site.
A SpaceX também está buscando acordos para conectar empresas brasileiras com a Starlink. No início deste ano, o fabricante de equipamentos agrícolas Deere firmou um acordo com a Starlink para conectar suas máquinas no campo, com o serviço esperado para estrear este ano em partes dos Estados Unidos e do Brasil. Não foi possível determinar se a decisão judicial contra a Starlink afetará esses planos. A Deere não respondeu a pedidos de comentários.
Não está claro qual impacto – se é haverá houver – sobre a Tesla, que não vende seus carros no Brasil. Musk se reuniu com o então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em 2020. Antes da reunião, Bolsonaro disse no Twitter que tentaria convencer Musk a trazer a Tesla para o Brasil, mas os planos nunca se concretizaram.
Membros do governo Bolsonaro estreitaram laços com a SpaceX. No final de 2021, Fábio Faria, então ministro das Comunicações no governo Bolsonaro, disse em um vídeo ao lado de Musk, postado no X, que estava animado com o início de uma parceria com a Starlink e a SpaceX no Brasil.
Faria disse ter acelerado pessoalmente a aprovação regulatória que a Starlink precisava para entrar no mercado brasileiro, segundo o Wall Street Journal.
Escreva para Becky Peterson em [email protected] e para Micah Maidenberg em [email protected]
traduzido do inglês por investnews