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A Apple está contando com o tempo para vender seus novos iPhones com IA

Wall Street vê ganhos moderados nas vendas do iPhone nos próximos dois anos, já que os recursos de IA chegarão aos poucos

Por Dan Gallagher The wall street Journal
Publicado em
5 min
traduzido do inglês por investnews

O iPhone que a Apple vai lançar amanhã será o mais importante de todos. Pelo menos desde o do ano passado. E até o que vier no ano que vem.

Essa é a realidade de uma empresa com um valor de mercado de mais de US$ 3 trilhões que depende de uma única linha de produtos para mais da metade de seus negócios. A Apple fez alguns esforços valiosos nos últimos anos para reduzir essa dependência – o Apple Watch e os AirPods ajudaram. Porém, um segmento que vende mais de 200 milhões de celulares em um ano ruim a preços médios de US$ 1 mil cada tem uma enorme importância.

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O negócio do iPhone por si só seria classificado como a 15ª maior empresa do S&P 500, com base na receita do período de 12 meses encerrado em junho — seira maior do que a Chevron, Ford ou General Motors, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence.

Para uma uma empresa desse tamanho, não é fácil apresentar grandes números de crescimento — especialmente em um mercado maduro como o dos smartphones. Mas, ultimamente, o iPhone ainda está em uma queda notável, com a receita caindo 2% no ano fiscal da Apple que terminou em setembro passado e com um ligeiro declínio adicional esperado para o ano corrente, de acordo com estimativas da FactSet.

Portanto, há grandes esperanças de que os novos celulares possam levam a um novo momento — especialmente porque serão os primeiros a incorporar a nova tecnologia de inteligência artificial da Apple. O preço das ações da empresa subiu cerca de 25% nos últimos seis meses, superando bem seus também megacapitalizados pares da tecnologia.

As ações estão abaixo de seu recorde de julho, mas ainda alcançam quase 31 vezes os lucros futuros — 18% acima de sua média de cinco anos e um prêmio de 48% sobre o múltiplo do S&P 500, de acordo com dados da FactSet.

Isso cria algum risco, especialmente porque as ações da Apple geralmente caem nos dias em que os novos iPhones são anunciados. Desta vez, há também a grande incógnita sobre se a IA no dispositivo pode realmente ajudar a Apple a vender mais celulares. Os fortes ciclos de vendas do iPhone no passado normalmente coincidiam com mudanças de hardware ou design, como telas maiores e recursos 5G. E os novos desenvolvimentos de IA da Apple também não serão uma grande surpresa. A empresa já usou sua Conferência Mundial de Desenvolvedores em junho para mostrar sua Apple Intelligence.

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Para complicar o quadro, a Apple Intelligence só deve ser lançada em outubro, então o software não será incluído nos novos telefones que provavelmente estarão à venda no final deste mês. E nem todos os recursos de IA estarão disponíveis inicialmente; a integração do ChatGPT com a assistente digital Siri da Apple só é esperada para o final deste ano.

Portanto, as expectativas variam muito em relação ao iPhone 16. “A Apple Intelligence continua sendo a chave para desbloquear a demanda reprimida do iPhone e acelerar o ciclo de substituição”, escreveu Erik Woodring, do Morgan Stanley, em nota na semana passada. Por outro lado, David Vogt, da UBS, disse em um relatório na quarta-feira que “não vemos as ofertas relacionadas à IA como atraentes o suficiente no curto prazo para gerar uma demanda significativa”.

Isso faz com que Wall Street espere um ciclo de vendas mais bifurcado; analistas esperam que as vendas unitárias do iPhone aumentem 4,5% no ano fiscal de 2025 da Apple, ancorado pelos novos telefones lançados esta semana, com um ganho de 5,4% projetado no ano seguinte, de acordo com estimativas da Visible Alpha. “Acreditamos que um iPhone 16 ‘OK’ (crescimento de receita de um dígito médio a alto) e um iPhone17 mais forte estão cada vez mais incorporados às expectativas”, escreveu Toni Sacconaghi, da Bernstein, em um relatório na terça-feira.

A Apple não precisa necessariamente de IA para ver um ciclo decente do iPhone, já que três anos consecutivos de fraco crescimento das vendas unitárias indicam que um grande número de usuários está com dispositivos mais antigos e, portanto, mais preparados para uma atualização.

Mas a recente corrida das ações indica que os investidores ainda esperam grandes coisas dos esforços de IA da Apple. A fabricante do iPhone tem uma vantagem sobre seus pares de grande tecnologia. Seu modelo de negócios baseado em hardware ainda não exigiu um aumento colossal de investimentos em componentes de IA baseados em data center, como os chips da Nvidia. Ainda não se sabe se conseguirá ganhar dinheiro com IA sem gastar muito primeiro.

Escreva para Dan Gallagher em [email protected]

traduzido do inglês por investnews