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Investimentos da Amazon, Microsoft e Google na IA em nuvem começam a ‘pingar’ na conta

Microsoft, Google e Amazon relatam forte crescimento na receita da nuvem, mas alertam para aumento de gastos

Por Miles Kruppa The wall street Journal
Publicado em
6 min
traduzido do inglês por investnews

Algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo mostraram esta semana como as dezenas de bilhões de dólares que apostaram no boom da inteligência artificial estão começando a dar frutos. Elas também alertaram que investimentos maiores estão chegando.

A receita de negócios de nuvem na Amazon, na Microsoft e no Google atingiu um total de US$ 62,9 bilhões no último trimestre. Esse número é um aumento de 22,2% em relação ao mesmo período do ano passado e marcou pelo menos o quarto trimestre consecutivo em que a taxa de crescimento combinada aumentou.

A aceleração do crescimento da computação em nuvem é o sinal mais seguro de que os gastos dos clientes de IA estão começando a justificar as enormes quantias que as Big Techs investem em infraestrutura para alimentar a tecnologia.

“A demanda continua a ser maior do que nossa capacidade disponível”, disse a diretora financeira da Microsoft, Amy Hood, em uma teleconferência com analistas.

Os investidores há muito se preocupam com o fato de o Vale do Silício estar gastando demais em capacidade de nuvem na expectativa de que a IA traga um boom semelhante aos primeiros dias da internet. Investimentos recordes abalam repetidamente o mercado, inclusive na quinta-feira, quando o Nasdaq Composite, concentrado em tecnologia, caiu 2,8%.

A Amazon, a Microsoft e a Alphabet, controladora do Google, divulgaram esta semana um gasto total de US$ 50,6 bilhões em propriedades e equipamentos no último trimestre, em comparação com os US$ 30,5 bilhões no mesmo período do ano passado. Grande parte desse dinheiro foi para data centers usados para alimentar a IA.

As três empresas alertaram Wall Street que seus gastos aumentarão nos próximos meses, o mesmo acontecendo com a Meta Platforms, que investe na infraestrutura de seus próprios aplicativos de IA no Instagram, no WhatsApp e no Facebook. 

A Meta investiu US$ 8,3 bilhões em novas propriedades e equipamentos no último trimestre, bem mais que os US$ 6,5 bilhões do mesmo trimestre do ano anterior, agora que busca construir o assistente de IA mais usado do mundo. 

“Nossos investimentos em IA continuam exigindo infraestrutura séria e espero continuar investindo significativamente nisso”, disse o CEO Mark Zuckerberg.

Um servidor Nvidia HGX H100 em data center em Mumbai na India na em março de 2024. Foto: Dhiraj Singh/Bloomberg

Os céticos dizem que ainda não está claro se a empolgação atual com a IA sustentará o crescimento de longo prazo para pagar por todos os gastos.

No entanto, nesta semana, os investidores viram alguns sinais de esperança no crescimento robusto das grandes empresas de nuvem, que alugam espaço de armazenamento de computação e poder de processamento em data centers para clientes corporativos.

Seu entusiasmo estava desaparecendo no início de 2022, quando o boom de uma década no setor, alimentado pela migração generalizada para a nuvem, estava desacelerando. 

Mas no ano passado, as coisas mudaram, graças em parte aos gastos dos desenvolvedores de IA, que exigem mais poder de processamento do que é necessário para empresas de software tradicionais.

“O negócio de data center em nuvem é forte”, disse Dan Morgan, gerente de portfólio da Synovus Trust, que tem posições em todos os três gigantes da nuvem. “De todos os grupos, é nele que podemos mostrar a prova mais tangível do impacto da IA, além da venda de chips.”

O Google, que há muito tempo está em terceiro lugar entre os provedores de nuvem, informou que sua receita desse setor cresceu 35% no terceiro trimestre, bem acima das expectativas de Wall Street. As ações da Alphabet subiram 3% na quarta-feira, um dia depois da divulgação de resultados. 

As ações da Amazon subiram quase 6% nas negociações após o expediente na quinta-feira, depois que esta também relatou um crescimento acelerado em seus negócios de nuvem.

O CEO da Amazon, Andy Jassy, disse que o negócio de IA em nuvem da empresa estava se preparando para atrair bilhões de dólares em receita anual e crescia a uma taxa de três dígitos, mais rápido do que o negócio geral da Amazon Web Services.

Data center da Amazon Web Services (AWS) em Ashburn, Virginia, em julho de 2024. Foto: Nathan Howard/Bloomberg

As ações da Microsoft caíram 6% na quinta-feira, um dia depois que a empresa reduziu as projeções de crescimento para seus negócios de nuvem, que atribuiu à sua incapacidade de construir data centers rápido o suficiente.

Brad Reback, analista da Stifel, disse que as perspectivas gerais da Microsoft ainda parecem fortes.

“É uma decepção de curto prazo, mas não acho que o trimestre atrapalhe nossa perspectiva de longo prazo: de que a Microsoft é líder em IA generativa”, afirmou Reback.

A Microsoft disse que, no trimestre atual, as vendas de produtos de IA e serviços em nuvem ultrapassarão US$ 10 bilhões em uma base anualizada pela primeira vez.

Microsoft, Amazon e Google estão agindo rapidamente para desenvolver seus próprios produtos de IA para consumidores e empresas, como o Gemini do Google e o Copilot da Microsoft. Mas seus negócios em nuvem representam seus principais esforços para lucrar com a adoção da tecnologia no curto prazo.

Empresas privadas de IA, como OpenAI, do ChatGPT, e Anthropic, do Claude, estão em uma corrida para desenvolver sistemas maiores e mais sofisticados, capazes de executar tarefas complexas. Esses esforços exigem a montagem de dezenas de milhares de chips interconectados, tarefa difícil para as startups realizarem sozinhas.

A Microsoft é a maior investidora na OpenAI, enquanto o Google e a Amazon investiram bilhões na Anthropic. Os gigantes da tecnologia alugam serviços em nuvem para suas respectivas startups, ganhando parte do dinheiro que investiram, e vendendo seus aplicativos de IA aos clientes.

A Microsoft disse que o uso de um serviço que vende acesso à tecnologia da OpenAI por meio da nuvem dobrou nos últimos seis meses, citando clientes como as startups de IA Grammarly e Harvey.

A Oracle, a quarta maior provedora de nuvem dos EUA, também está investindo alto para capitalizar a crescente demanda por infraestrutura de IA que as três grandes não conseguem atender. O trimestre fiscal da Oracle termina em novembro e espera-se que ela divulgue ganhos em dezembro.

Escreva para Miles Kruppa em [email protected] e Tom Dotan em [email protected]

traduzido do inglês por investnews