‘Bye bye, econoBiden’, dizem investidores
As ações se recuperam, impulsionadas pelo alívio dos investidores que preveem menos impostos e menos regulamentação
Que recuperação financeira foi essa nesta quarta-feira (6), quando os eleitores receberam as notícias da vitória eleitoral de Donald Trump e, talvez, de um governo unido do Partido Republicano, na Presidência, Câmara e Senado.
Mas espere lá: os diversos economistas que receberam o Prêmio Nobel e colunistas de jornais não nos disseram que a economia está ótima e que Kamala Harris seria melhor para a inflação e o crescimento?
Sim, eles disseram, mas os eleitores aparentemente não concordaram, nem os mercados. É difícil lembrar de uma ocasião em que os comentaristas econômicos tenham estado tão distantes da realidade dos eleitores e dos mercados.
Os investidores parecem ter adorarado o resultado da eleição, já que o índice Dow Jones subiu 3,6% e o Russell 2000 — que reúne as small caps — avançou outros 5,8%. Este último reflete o aumento da confiança das pequenas empresas, que sofrem o impacto do ataque regulatório do governo Biden e dos impostos mais altos que se aproximam. Chamemos isso de “uma recuperação de alívio”.
As ações sobem e descem e, sem dúvida, cairão novamente se as políticas de Trump se mostrarem decepcionantes. Mas a recuperação de quarta-feira sugere uma onda de otimismo com relação ao crescimento. Os eleitores tiraram da mesa um grande aumento de impostos e uma contínua barragem regulatória. As empresas podem respirar aliviadas com o fato de que os acólitos da senadora democrata Elizabeth Warren, do ex-chefe da Comissão de Comércio Rohit Chopra e da atual, Lina Khan, não passarão os próximos quatro anos os assediando.
A ameaça de tarifas de Trump apresenta riscos econômicos, mas os eleitores parecem ter decidido que o maior perigo é a repetição das políticas econômicas de Biden-Harris que lhes proporcionaram a maior inflação em 40 anos e salários reais mais baixos. Embora os ricos que possuem ativos tenham se saído bem nos anos Biden, a maioria dos outros americanos ficou para trás.
Isso é o que os adivinhos simplórios — cujos nomes serão poupados — não perceberam em suas palestras sobre a economia, supostamente, em expansão. “Como os americanos comuns poderiam estar infelizes?”, eles perguntam. Bem, os salários ajustados pela inflação permanecem mais baixos do que quando Biden assumiu o cargo e começaram a aumentar somente no ano passado, já que as taxas de juros mais altas ajudaram a manter a inflação sob controle.
Porém, as taxas de juros mais altas também tornaram a compra de uma casa e de um carro menos acessíveis. Os 40% da população de renda mais baixa foram responsáveis por 6% das novas compras de automóveis no ano passado, em comparação com 18% em 2019. Enquanto isso, o pagamento médio da hipoteca de uma casa nova praticamente dobrou nos últimos quatro anos.
Tudo isso explica por que Trump atraiu uma coalizão mais ampla do que durante suas duas últimas campanhas presidenciais e parece estar pronto para ganhar o voto popular. Neste ano, Trump conquistou 45% dos hispânicos, 38% dos asiáticos, 54% dos homens hispânicos e 20% dos homens negros. Em 2016, ele atraiu 28% dos hispânicos, 27% dos asiáticos, 32% dos homens hispânicos e 13% dos homens negros.
Os americanos que ganham menos de US$ 100 mil também favoreceram Trump, apesar dos esforços dos democratas para ganhar o voto deles com o aumento de benefícios sociais na gastança federal de março de 2021 e das promessas de Harris por mais. Os eleitores são mais espertos do que os comentaristas e podem ligar os pontos entre a farra de gastos dos democratas e a inflação que corroeu seus salários e padrões de vida.
Dois terços dos eleitores classificaram a economia como “ruim” ou “não tão boa” e apoiaram Trump por 69% a 29%. Essa é uma das principais razões pelas quais as margens de vitória de Kamala Harris em estados democratas sólidos como Nova York (11,6%), Illinois (8,2%), Minnesota (4,3%), Nova Jersey (5%) e Novo México (5,5%) encolheram para cerca de metade das margens de Biden em 2020.
Trump obteve 38% dos votos no bairro de Queens, em Nova York, e 27% no Bronx, impulsionado pelo apoio das minorias. Muitos democratas em estados azuis se abstiveram de votar este ano na corrida presidencial, e alguns votaram em Trump para demonstrar sua insatisfação com os resultados das políticas econômicas e sociais da esquerda.
Milhões de americanos que não apoiaram o Trump em 2016 ou 2020 — incluindo alguns que nunca votaram em um republicano para presidente em suas vidas — votaram nele este ano. Se os democratas mostrassem um pouco de introspecção, perceberiam que isso se deve ao fato de suas políticas terem deixado a maioria dos americanos em situação pior.
traduzido do inglês por investnews